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Material devolvido de Tancos tem uma caixa a mais

Paulo Novais / Lusa

Entrada dos Paióis Nacionais do Polígono Militar de Tancos

Uma das caixas de munições encontradas na Chamusca não pertencia à lista inicial do material que desapareceu em Tancos.

Em conferência de imprensa do chefe de Estado-Maior General do Exército, o general Rovisco Duarte confirmou que uma das caixas encontradas não pertencia à lista inicial do material que desapareceu dos paióis de Tancos e afirmou tratar-se de uma caixa de petardos, avança o Observador.

De acordo com o próprio general, a situação é “compreensível”, porque é comum haver “problemas de registo” do que os militares chamam de “material volante”. Na prática, este material é utilizado na instrução, podendo ter sido registada a sua saída e não ter sido na realidade consumido por várias razões, como por exemplo atmosféricas, regressando ao paiol.

“Se chove, a instrução pode ser interrompida e os rebentamentos podem não ser executados. É material volante que saiu, uma caixa, não é tanto assim“, disse Rovisco Duarte, ressalvando que o Exército tem prestado toda a colaboração com os órgãos de polícia que estão a investigar o caso.

O chefe do Estado-Maior do Exército afirmou também que não tem dúvidas nenhumas de que houve um furto em Tancos e disse estar convicto de que os responsáveis vão ser descobertos, congratulando-se com a recuperação do material. “Tenho a certeza de que houve um furto. Não lhe chamemos assalto, chamemos um furto. Tenho a certeza na base dos dados das averiguações que foram conduzidas. Não tenho dúvidas nenhumas de que houve um furto”, disse Rovisco Duarte.

Questionado sobre se acredita que algum dia se vão descobrir os autores do furto, Rovisco Duarte afirmou: “Estou convencido que vão descobrir. Se há provas é mais complicado, mas isso não é comigo”, disse, numa referência à investigação criminal em curso.

O general disse também que “tem a certeza” de que hoje o material do Exército está todo inventariado, em todas as unidades.

Questionado sobre as conclusões dos processos de averiguações promovidos internamente visando determinar o que falhou ao nível da segurança, Rovisco Duarte disse que, no que respeita à segurança física, “verdadeiramente não estão concluídos“.

Rovisco Duarte recusou adiantar mais informações sobre os processos disciplinares afirmando que estão em fase de contraditório. No dia 14 de agosto, o comandante de Engenharia n.1 mandou instaurar processos a “um primeiro sargento e a um segundo cabo”. No dia 6 de setembro, houve outro processo, instaurado a um capitão. “O sistema de vigilância eletrónica estava avariado. Quanto ao pessoal responsável pela segurança é assunto dos processos disciplinares e como tal não vou dizer”, afirmou.

Rovisco Duarte lembrou que o sistema de rotação por várias unidades para fazer a segurança do local foi adotada em 2007, na sequência do fim do Serviço Militar Obrigatório, em 2004.

“O Exército em 2004 e em 2005 tinha falta de efetivos. Foi nessa altura que houve uma redução dos efetivos que faziam a segurança e foi a razão pela qual foi introduzido o esquema da rotação, que tem mais de dez anos, foi o resultado do fim do Serviço Militar Obrigatório”, disse.

O general Rovisco Duarte considerou ainda que foi mal compreendido por ter exonerado os comandantes das cinco unidades responsáveis rotativamente pela segurança física das instalações dos paióis e disse que hoje voltaria a fazer a mesma coisa.

Os comandantes foram exonerados dos cargos para “não haver entraves” aos processos de averiguações e, ao fim de duas semanas, foram renomeados para os mesmos cargos, sem que das averiguações tivesse resultado qualquer processo disciplinar por ordem do CEME.

Hoje estou seguro de que foi uma boa decisão, fui mal compreendido, tenho as costas largas, muita gente criticou, inclusivamente no meio militar. Dois tenentes-generais que não confiaram, não acreditaram, e decidiram bater com a porta, aceitei isso. São ossos do ofício”, declarou.

ZAP // Lusa

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