Os movimentos separatistas catalães comemoram, esta terça-feira, o Dia da Catalunha (“A Diada”) com uma manifestação em Barcelona de apoio à independência da região e de condenação do que chamam a “repressão” do Estado central.
Na segunda-feira, os independentistas indicaram que estão inscritas 440 mil pessoas para a concentração que será o “ponto de partida” de uma série de outras mobilizações previstas para este outono e inverno.
Por seu lado, as forças apoiantes da unidade de Espanha criticaram que o Dia da Catalunha – “A Diada” – seja aproveitado, mais uma vez, pelos independentistas e tenha deixado de ser um dia festivo de todos os catalães.
“Infelizmente converteu-se num dia de reivindicação independentista, que exclui uma parte muito importante, a metade mais ou menos, da população” da Catalunha, disse no sábado o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, Josep Borrel.
“Diada pela República” é este ano o tema da manifestação, que é utilizada anualmente para defender a causa da independência com imagens de uma concentração ordeira e de grandes dimensões que passam em todas as televisões do mundo.
Os independentistas reclamam há muito tempo um referendo regional sobre a independência da Catalunha, em moldes semelhantes aos que foram realizados no Quebec (Canadá) ou na Escócia (Reino Unido).
A Constituição de Espanha apenas permite uma consulta eleitoral que ponha em causa a unidade do país se esta for realizada a nível nacional.
O processo de independência da Catalunha foi interrompido em 27 de outubro de 2017, quando o Governo central espanhol decidiu intervir na Comunidade Autónoma na sequência da realização de um referendo de autodeterminação organizado pelo executivo regional independentista em 1 de outubro do mesmo ano e que foi considerado ilegal.
As eleições regionais, que se realizaram a 21 de dezembro, voltaram a ser ganhas pelos partidos separatistas.
Nove dirigentes separatistas estão presos à espera de julgamento por delitos de rebelião, sedição e/ou peculato pelo seu envolvimento na tentativa falhada em 2017 de separar a Catalunha da Espanha.
Os independentistas consideram que os detidos em prisões espanholas pelo seu envolvimento na tentativa de autodeterminação da Catalunha são “presos políticos”.
O principal líder independentista, o ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont, vive exilado na Bélgica, depois de a Justiça espanhola não ter conseguido a sua extradição da Alemanha, para ser julgado por crime de rebelião.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com cerca de 7,5 milhões de habitantes, uma dimensão de um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.
// Lusa