Um milhão nas ruas pela independência da Catalunha

Quique Garcia / EPA

O “Diada”, dia nacional da Catalunha, contou com uma das maiores participações populares dos últimos anos: um milhão saiu à rua pela independência da Catalunha.

Na segunda-feira, um milhão de catalães pediu nas ruas a independência da região. A grande marcha marcou o dia nacional da Catalunha, ou “Diada”, que se celebra a 11 de setembro.

A palavra de ordem foi “A Diada do Sim”, uma alusão explícita ao sentido de voto em 1 de outubro, que foi criticada por vários partidos que consideram ilegal a consulta popular.

Por todo o lado, as ruas encheram-se de bandeiras que marcavam as cores da região – vermelha, amarela e azul – e as palavras de ordem ecoavam por toda a Catalunha, na esperança de que ocupassem os ouvidos de todo o país.

“Independência”, “vamos ser um país livre”, “referendo é democracia” foram as mensagem que marcaram o dia. Em defesa do referendo, até torres humanas marcaram presença nas ruas de Barcelona.

Os catalães presentes gritavam, na manifestação que ainda decorria no final da tarde, palavras de ordem a favor da independência desta região espanhola e vestiam t-shirts a pedir o voto no “sim” no referendo de 1 de outubro.

O “Diada” é o dia que assinala a conquista de Barcelona pelo rei de Espanha Filipe V em 1714 depois de um cerco de 14 meses. Nos últimos anos é utilizada para defender a causa da independência, com imagens que passam em todas as televisões do mundo de uma concentração ordeira e de grandes dimensões.

A marcha contou com uma das maiores participações populares dos últimos anos. Este ano foi pretexto não só para se celebrar a região, mas também para reivindicar o referendo à independência convocado pelo governo da Catalunha, para 1 de Outubro, que foi suspenso pelo Tribunal Constitucional, mas que o catalães continuam a acreditar ter direito a ele.

Aos jornalistas, Carles Puigdemont, líder do governo regional, disse que “não é uma opção não realizar o referendo” e por isso a consulta popular vai mesmo avançar. “Faltam 20 dias e estamos preparados para ultrapassar muitos obstáculos”, declarou.

Puigdemont enfrenta acusações por uso indevido de dinheiros públicos, desobediência e abuso por organizar o referendo. No entanto, o presidente do governo regional da Catalunha garante estar disposto a ir para a prisão, se isso se revelar necessário.

O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, afirmou na semana passada que “qualquer ação contra a Constituição de um Estado-membro é uma ação contra o quadro institucional da União Europeia”.

Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.

O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal, cerca de 7,5 milhões de habitantes, um terço da área de Portugal, uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.

ZAP // Lusa

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