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Costa pisca o olho com baixa do IRS, mas PCP e Bloco não se deixam iludir

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Manuel de Almeida / Lusa

Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e António Costa

Na entrevista concedida ao semanário Expresso esta semana, António Costa admitiu mexidas nos escalões do IRS, um aumento dos tetos das deduções familiares e um impulso no abono de família. Mas nem o PCP, nem o Bloco de Esquerda se deixaram iludir.

O Bloco de Esquerda interpretou as promessas do atual primeiro-ministro como uma espécie de chantagem para as negociações do Orçamento do Estado que se avizinham.

A revisão dos escalões do IRS e a atualização dos salários da Função Pública são medidas previstas no programa do Governo, pelo que não resultam da negociações com os parceiros. Os bloquistas entendem, por isso, que dizer que estas medidas só avançam se os partidos da esquerda não lutarem por outras é um “truque” de Costa.

O Novo Banco saiu das prioridades, mas as mexidas nos escalões não são de agora. Isto significa que o Bloco de Esquerda vai bater-se pelas bandeiras de sempre: Saúde e Trabalho são os dossiês primordiais mas, segundo o Expresso, os primeiros sinais nestas matérias não são animadores.

O PCP também não está convencido. Jerónimo de Sousa disse que nada nas declarações do primeiro-ministro, “quer no domínio do OE para 2022, quer noutros domínios como os dos salários e da legislação laboral”, mostra que o PS esteja apostado em dar passos significativos. Prova disso é a “contradição insanável” sobre o combate à precariedade laboral: o que o PS diz, mas o Governo nada faz.

Costa disse na entrevista que o período experimental de 180 dias não vai cair, e isso agrada aos comunistas e aos bloquistas. No entanto, os socialistas já admitiram que não vão aprovar na sua plenitude na especialidade o projeto de lei do PCP.

Para Jerónimo de Sousa, o Governo só tem dado seguimento a medidas inscritas no Orçamento do Estado e que, portanto, eram “automáticas”.

O Governo já anotou as prioridades dos parceiros e quer dar sinais de abertura negocial. Há ainda a esperança de que, com o desaparecimento do “fantasma Novo Banco” e das medidas de emergência social impostas pela covid-19, as circunstâncias possam facilitar as conversas. Mas só depois das autárquicas.

ZAP //

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