Um engenheiro da Volkswagen alertou a empresa sobre a fraude nos testes de emissões poluentes já em 2011, afirma o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung.
De acordo com a publicação, o aviso veio à tona durante a atual investigação da empresa sobre o escândalo.
Além disso, o Bild am Sonntag, citando fontes não identificadas, afirmou que um inquérito interno descobriu que a fornecedora de peças Bosch alertou a Volkswagen, em 2007, no sentido de não usar o seu software de forma ilegal – o dispositivo deveria servir apenas para testes, e não para ser usado no produto final entregue aos consumidores.
A gigante automóvel, no entanto, afirmou à BBC que não comentaria “especulações de jornais”.
Na semana passada, a Volkswagen pediu desculpas publicamente pelas fraudes nos testes de emissões nos Estados Unidos. Cerca de 11 milhões de carros a diesel fabricados desde 2008 foram afetados em todo o mundo, segundo a empresa.
Os veículos estavam equipados com software que podia detetar quando o motor estava a ser testado e, com isso, mudar o desempenho para melhorar os resultados.
O presidente executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn, demitiu-se na sequência do escândalo e foi substituído por Matthias Mueller, ex-diretor da Porsche.
Investidores
Além de surpreender os consumidores, o problema despertou espanto em investidores do mercado automóvel.
De acordo com a BBC, os papéis da dívida emitidos pela Volkswagen estão mesmo sob revisão pelo Banco Central Europeu (BCE), que vinha a comprar papéis da dívida de grandes empresas – incluindo a montadora alemã-, como parte do plano de impulsionar a economia da zona do euro.
No entanto, como consequência da confissão da fraude pela empresa, o BCE decidiu rever as compras dos seus papéis, uma avaliação que inclui, em particular, as dívidas garantidas pelos empréstimos a compradores de carros da Volkswagen.
Estes papéis, conhecidos como ABS (asset-backed securities), são investimentos muito populares, que oferecem uma percentagem relativamente alta de retorno em tempos de taxas de juros baixas, e são muito importantes para os fabricantes de carros, permitindo a concessão de empréstimos a consumidores.
Consequências
Esta sexta-feira, a Suíça proibiu temporariamente a venda de modelos a diesel da Volkswagen que poderiam ter o dispositivo capaz de contornar os testes de emissões.
Segundo o país, essa medida atinge 180 mil carros ainda não vendidos ou registados. As autoridades suíças também criaram um grupo de trabalho para investigar o caso.
Nos EUA, o Departamento de Justiça afirmou à BBC que se juntaria à EPA – a agência de proteção ambiental do país – nas investigações.
As descobertas da agência incluem 482 mil veículos só nos Estados Unidos, incluindo modelos como o Audi A3, fabricado pela Volkswagen, e marcas como Jetta, Fusca, Golf e Passat.
A empresa admitiu que cerca de 11 milhões de veículos em todo o mundo contêm o software responsável pela fraude – 2,8 milhões destes na Alemanha – e que mais recalls e reparos estão entre os planos possíveis.
Metade das vendas do grupo na Europa – o maior mercado da montadora – é de carros a diesel.
As ações da Volkswagen entraram em queda de cerca de 30% nos dias que sucederam ao escândalo.
ZAP / BBC
Escândalo Volkswagen
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