/

Dilema na Alemanha: há um rumo “mais inteligente” na transição para eléctricos

1

Indústria automóvel alemã lança ofensiva eléctrica mas, ao mesmo tempo, deixa alerta sobre o anunciado fim dos motores de combustão.

2035. Nesse ano, os carros movidos a combustíveis não vão desaparecer na União Europeia. Mas é nesse ano que, em princípio, vão deixar de ser vendidos carros novos com motor de combustão convencional.

O futuro é a aposta nos eléctricos. Na Alemanha, país líder na indústria automóvel, está a decorrer uma “ofensiva” de automóveis eléctricos na exibição internacional de Munique, que arranca nesta terça-feira. Mercedes, Volkswagen ou Audi vão apresentar novidades eléctricas neste evento.

Mas, ao mesmo tempo que se faz essa ofensiva na direcção da transição eléctrica, os responsáveis deixam alertas sobre o anunciado fim dos motores de combustão, salienta o Handelsblatt.

“Há um caminho mais inteligente para a transição verde do que as proibições”, comentou Ola Källenius, director da Mercedes-Benz. O responsável está contra uma data fixa para o fim dos motores de combustão; defende também uma maior abertura tecnológica.

Já da parte da Bosch, Stefan Hartung pediu que sistemas alternativos, como os híbridos plug-in, tenham um futuro “para além de 2035, uma vez que contribuem para a redução das emissões” – o empresário espera um aumento da procura de híbridos em todos os mercados.

O director da Volkswagen, Oliver Blume, quer previsões mais realistas: “Vemos a mobilidade eléctrica como a tecnologia líder do futuro. Mas acho irrealista termos exclusivamente mobilidade eléctrica até 2035“. Isto porque, alega, a Europa “não deve atrapalhar o seu próprio caminho”. Em vez de proibições rígidas, explica, é preciso haver “verificações regulares da realidade”.

Arnd Franz, responsável da Mahle (empresa alemã de peças automóveis), até deixa uma ameaça: se a proibição dos motores de combustão entrar em vigor, “empresas como a Mahle não terão outra escolha senão retirar-se da Europa no que diz respeito aos componentes para motores de combustão”. Apostam noutros mercados globais e haverá “perdas massivas de emprego” na Europa.

Os dados oficiais mostram que a transição para os eléctricos está a progredir muito mais lentamente do que muitos previam. Em específico na União Europeia, só 15% dos automóveis novos são totalmente eléctricos. Nas carrinhas a taxa desce para 9% e nos camiões o número é ainda mais residual (3,5%).

Há dois motivos fortes para este crescimento lento: o preço dos eléctricos e o fim dos subsídios em diversos países.

E a incerteza não ajuda: “Qualquer pessoa que fale sobre a proibição dos motores de combustão está a incomodar os compradores de automóveis, agora. Os compradores inseguros são maus compradores“, alerta o especialista no mundo automóvel, Ferdinand Dudenhöffer.

Ferdinand defende que quem não tem a certeza sobre comprar um carro com motor de combustão ou um carro eléctrico, tem optado por não comprar nenhum – e este é o maior prejuízo para os fabricantes.

O CEO da Volkswagen, Oliver Blume, deixa outra perspectiva importante: “Precisamos de fazer algo em relação aos preços da energia. Isto terá um impacto enorme. Os fabricantes de automóveis podem levar os produtos certos para o mercado pelo preço certo, mas isso por si só não chega”.

ZAP //

1 Comment

  1. Para carregar é preciso – – – > Electricidade.
    Já agora não há o suficiente para as indústrias na União Europeia. Algumas tem que esperar 10 anos para receber o que precisam e à minha porta, electricidade: só em pó !

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.