Divulgada carta sexualmente sugestiva a Epstein que terá sido assinada por Trump

dr Arquivo Davidoff Studios / Getty Images

Donald Trump e a então namorada (e futura mulher), a ex-modelo Melania Knauss, com Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell, no clube Mar-a-Lago, Palm Beach, Florida, a 12 de fevereiro de 2000

Os democratas do Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes divulgaram, esta segunda-feira, uma carta sexualmente sugestiva destinada a Jeffrey Epstein, supostamente assinada pelo qual Presidente dos Estados Unidos. Donald Trump e Casa Branca negam.

Em julho, o The Wall Street Journal noticiou que, à margem do 50.º aniversário de Jeffrey Epstein, em 2003, Trump ter-lhe-á enviado uma carta com um desenho de uma mulher nua.

De acordo com o jornal, a ilustração continha os seios e a palavra Donald na zona dos pelos púbicos e fazia parte de um álbum oferecido por Trump e outros associados de Epstein – um criminoso sexual com quem Trump manteve relações de proximidade durante décadas.

Terá sido a  antiga assistente de Epstein, Ghislaine Maxwell, que está a cumprir uma pena de 20 anos de prisão por ser cúmplice do magnata, a recolheu as cartas.

Esta segunda-feira, os democratas receberam uma cópia do álbum do 50.º aniversário de Epstein, como parte de um lote de documentos do espólio do abusador sexual, e divulgaram a tal carta sexualmente sugestiva de Trump no Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes.

A carta divulgada pelo comité parece exatamente como a descrita pelo The Wall Street Journal na reportagem de julho. O domcumento com o nome e a assinatura de Trump um inclui texto emoldurado por um contorno desenhado à mão do que aparenta ser uma mulher curvilínea.

“Um amigo é uma coisa maravilhosa. Feliz aniversário — e que cada dia seja um segredo maravilhoso“, lê-se na carta.

Mas Trump iniste que não escreveu a carta, nem fez o desenho de uma mulher curvilínea nessa missiva destina a Epstein.

Na sequência da denúncia feita pelos democratas, a Casa Branca garantiu que Donald Trump “não assinou” a carta, nem “fez o desenho” destinado a Epstein.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, denunciou na rede social X as “informações falsas destinadas a alimentar a conspiração democrata” em torno da relação entre Donald Trump e o agressor sexual.

O vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Taylor Budowich, publicou fotos da assinatura de Trump na rede social X e identificou a empresa controladora do The Wall Street Journal, a News Corp., escrevendo: “É hora da News Corp abrir o livro de cheques, a assinatura não é dele. DIFAMAÇÃO!“.

Trump já havia entrado com um processo de 10 mil milhões de dólares (8,5 mil milhões euros) contra o The Wall Street Journal por publicar uma reportagem sobre a suposta carta.

O presidente norte-americano negou qualquer envolvimento, advogando tratar-se de conteúdo “falso, malicioso e difamatório”. “Estas não são minhas palavras, não é a maneira como eu falo. Além disso, eu não desenho“, disse Trump, em julho.

Assinaturas muito idênticas

Esta segunda-feira, o New York Times divulgou uma reportagem onde mostra que a assinatura da aelgada carta a Epstein é, de facto, muito idêntica à assinatura de Trump quando assina apenas com o primeiro nome.

The New York Times

Assinaturas de Trump, recolhidas pelo The New York Times, quando assina apenas com o primeiro nome

Curiosamente, Taylor Budowich não partilhou nenhuma assinatura em que Trump assinasse apenas com o primeiro nome. Como nota o New York Times, quando a assinatura é só “Donald”, é usada uma “cauda longa” [“long tail”].

A morte de Jeffrey Epstein, em 2019, encontrado enforcado na cela da prisão, alimentou inúmeras teorias da conspiração — particularmente dentro do movimento MAGA, que apoia Donald Trump — segundo as quais foi assassinado para evitar revelações sobre figuras importantes.

A divulgação da carta ocorre num momento de pressão bipartidária no Congresso pela divulgação dos chamados arquivos de Epstein, após anos de especulação e teorias da conspiração.

Os pedidos pela divulgação dos registos partiram de republicanos, incluindo o agora vice-presidente, J.D. Vance, antes de assumir o segundo cargo mais importante do país.

Contudo, no início de julho, o Departamento Federal de Investigação (FBI) e o Departamento de Justiça (DOJ) indicaram que não há provas da existência de uma “lista de clientes” chantageados por Epstein, e que a morte do pedófilo numa prisão federal resultou de suicídio.

Tal conclusão levou a uma crise entre aliados e eleitores de Donald Trump.

Epstein aguardava julgamento em 2019 sob acusações de abuso sexual e tráfico de dezenas de meninas menores de idade.

Os laços de Trump com Epstein são bem documentados, embora o presidente tenha assegurado que não tinha conhecimento ou envolvimento nos crimes e garantido que terminou a amizade entre ambos há décadas.

ZAP // Lusa

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