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Tancos. Azeredo Lopes teve “exercício perverso” de funções públicas, diz Ministério Público

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Olivier Hoslet / EPA

O ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes

O Ministério Público (MP) já terá terminado a acusação do caso de Tancos, na qual sustenta que o antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes soube de toda a encenação, tendo ainda tentado tirar louros políticos da situação aquando a alegada recuperação das armas. No entender dos procuradores, houve um “exercício perverso” de funções públicas.

Segundo apurou a Rádio Renascença, que avança com a notícia esta segunda-feira, a acusação do caso de Tancos já está pronta, devendo ser publicada durante esta semana.

A mesma informação avança o jornal Sol, que dá conta que o despacho de acusação estará “por dias” e que o caso poderá tornar-se num dossier delicado para o primeiro-ministro, que está agora em período de campanha para as legislativas de 6 de outubro.

Azeredo Lopes, que no passado mês de julho foi constituído arguido no processo, arrisca vir a ser acusado de participação ativa na encenação da Polícia Judiciária Militar (PJM) para recuperar as granadas, explosivos e munições furtadas, segundo a RR.

De acordo com a mesma rádio, os procuradores sustentam que o antigo governante não só soube de toda a situação como também se aproveitou do caso para benefício político, numa altura em que o Ministério que tutelava atravessava um período de baixa popularidade devido aos incêndios de outubro de 2018. O anúncio da recuperação das armas, recorde-se, foi a 18 de outubro e os incêndios em causa a 15 e 16 do mesmo mês.

“O ex-ministro nada fez para impedir que a encenação da recuperação das armas fosse concretizada por uma estrutura sob a sua dependência hierárquica”, escreve a RR.

Sustenta a tese de acusação, de acordo com a mesma fonte, que Azeredo Lopes ocultou o que sabia ao MP, prejudicando a investigação e impedindo a responsabilização criminal.

O próprio participou ativamente, através de declarações aos média, numa encenação que tinha como objetivo convencer a opinião pública das capacidades da PJM, refere ainda a tese dos procuradores do MP.

Termina na próxima sexta-feira, dia 27, o prazo para a dedução da acusação do caso. Caso os procuradores não o façam, terão de libertar o principal arguido, João Paulino, que terá liderado a operação de roubo, que se encontra em prisão preventiva.

O caso do roubo nos paióis de Tancos conta com 25 arguidos. O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército a 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

ZAP //

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