Um novo estudo revelou que músicas suaves e alegrees podem reduzir drasticamente os sintomas de enjoo.
Foram recrutados, para o estudo publicado esta quarta-feira na Frontiers in Human Neuroscience, 30 voluntários propensos a enjoos moderados para uma experiência de condução simulada, enquanto usavam tampas de eletroencefalograma (EEG) para monitorizar a atividade cerebral.
Foram monitorizados diferentes partes do córtex, prestando especial atenção ao lobo occipital, que lida com a informação visual e desempenha frequentemente um papel fundamental no enjoo.
Os investigadores da Southwest University, na China, estavam interessados em quatro tipos de música, classificadas como alegres, suaves, agitadas e tristes.
Como detalha a New Atlas, os participantes foram divididos em seis grupos de cinco – quatro expostos à música, um que serviu de controlo de “recuperação natural” e outro cujos simuladores foram parados quando começaram a referir que poderiam sentir-se ligeiramente enjoados.
O último grupo serviu de ponto de diferença para os dados da atividade cerebral, permitindo aos investigadores comparar a alteração das ondas quando o enjoo se instalou nos outros cinco grupos.
“O enjoo de movimento prejudica significativamente a experiência de viagem de muitos indivíduos. As intervenções farmacológicas existentes têm frequentemente efeitos secundários como a sonolência. Por seu turno, a música representa uma estratégia de intervenção não invasiva, de baixo custo e personalizada”, enalteceu, à New Atlas, o autor correspondente do estudo, Qizong Yue, da Southwest University, na China.
Músicas suaves e alegres são as melhores para o enjoo
Os cientistas descobriram que a atividade cerebral no lobo occipital se alterava quando o enjoo se desenvolvia, com ondas menos complexas nesta região quando os participantes começavam a sentir-se moderadamente doentes. Depois, quanto melhor diziam sentir-se à medida que recuperavam, mais ativos se tornavam os seus sinais. E esta recuperação foi diferente consoante os grupos.
A música suave e alegre produziu a maior redução do mal-estar, com uma média de 56,7% e 57,3% de alívio, respetivamente.
A música agitada proporcionou um alívio moderado (48,3%).
A música triste teve o pior desempenho – pior ainda do que a ausência de áudio – reduzindo os sintomas em apenas 40%. Este valor foi inferior ao do grupo de controlo, que foi de 43,3%.
Os investigadores teorizam que a música suave tem efeito relaxante, aliviando a tensão que agrava o enjoo, e que a música alegre poder servir de distração, ativando os sistemas de recompensa do cérebro.
Por outro lado, a música triste tem o contrário, amplificando as emoções negativas e aumentando o desconforto.
Um estudo de 2022 já tinha concluído que a música suave e alegre pode aliviar a tensão emocional, redirecionando a atenção e acalmando as respostas fisiológicas desencadeadas pelo enjoo.
Este estudo sugere uma forma não farmacológica de combater o enjoo. A música cuidadosamente selecionada – em particular os géneros que elevam o humor e têm um efeito calmante – pode tornar-se uma forma simples de aliviar um enjoo.
“As pessoas que sofrem de sintomas de enjoo durante uma viagem podem ouvir música alegre ou suave para obter alívio”, sugeriu Qizong Yue.