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Stephen Hawking
A quem possa interessar: Stephen Hawking vai dar uma festa, e estamos todos convidados. Há apenas dois problemas: a festa foi há 16 anos, e o físico britânico morreu há 7. Mas para um viajante do tempo, isso seriam… detalhes.
O famoso físico britânico Stephen Hawking, que faleceu em 2018, organizou em 2009 uma festa para viajantes no tempo.
Infelizmente, ninguém apareceu, mas na verdade Hawking não esperava outra coisa. A sua festa “retroativa” era uma forma de confirmar que as viagens no tempo são uma impossibilidade ditada pelas leis da física — pelo menos, na linha do tempo do nosso Universo.
Se fosse possível, dizem os físicos, teríamos dúzias de turistas temporais a encher as ruas do Chiado ou da baixa do Porto. Eles andariam por aí…
Não contente com a teoria, Hawking quis fazer uma experiência empírica: convidou eventuais viajantes espaciais a aparecer na sua festa — mas só enviou os convites depois de os balões terem mirrado, recorda a Discover Magazine.
No dia 28 de junho de 2009, às 12h00, o físico colocou-se em frente à porta de entrada de um elegante salão da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e esperou que os convidados chegassem.
O local tinha sido decorado com balões e a mesa principal estava repleta de aperitivos e, claro, champanhe, a bebida favorita do famoso físico britânico. Hawking esperou, esperou, esperou. Mas ninguém apareceu, conta a BBC.
“Foi uma lástima!“, recordou o cientista num dos capítulos da série documental “O Universo Segundo Stephen Hawking”, do Discovery Channel.
“Eu gosto de experiências simples e… champanhe. Então, tentei combinar duas das minhas coisas favoritas para ver se a viagem no tempo do futuro para o passado era possível”, explicou o cientista britânico no mesmo documentário, transmitido em 2010.
Para testar a ideia, Hawking não disse a ninguém que ia dar a festa até que esta tivesse acabado. Só depois enviou o convite para o evento, que incluía as coordenadas exatas no tempo e no espaço, organizada na tradicional escola Gonville and Caius College, em Cambridge.
“Está cordialmente convidado para a festa para viajantes no tempo organizada pelo professor Stephen Hawking“, podia ler-se no convite, que também incluía a irónica explicação de que os convidados não precisavam de confirmar a sua presença.
“Espero que cópias deste convite sobrevivam por vários milhares de anos num ou outro formato”, acrescentou o cientista, cujo livro “Uma Breve História do Tempo”, de 1988, vendeu mais de dez milhões de cópias em todo o mundo.
“Talvez, um dia, alguém que viva no futuro possa encontrar esta informação e use uma máquina do tempo para vir à minha festa, provando que, um dia, as viagens no tempo serão possíveis”.
Ao ver que o ponteiro do relógio já tinha passado das 12h00, Hawking não ficou desiludido e preferiu antes usar o seu famoso sentido de humor: “Estava à espera de ver a futura Miss Universo a entrar por aquela porta“.
Em 2012, o físico explicou num colóquio do Festival de Ciência de Seattle, nos EUA, que “a Teoria da Relatividade de Einstein parece oferecer a possibilidade de que possamos deformar o espaço-tempo de tal forma que poderíamos viajar ao passado”.
“Porém, é provável que tal deformação causasse um raio de radiação que destruísse a nave espacial e talvez o espaço-tempo em si”, acrescentou. Foi então que se lembrou do fracasso da sua festa: “Fiquei ali muito tempo à espera, mas ninguém apareceu”.
O físico britânico morreu em 2018, aos 76 anos. Os viajantes do tempo foram, na altura, convidados também o seu funeral, uns dias depois de as cerimónias fúnebres se terem realizado.
Também desta vez, ninguém apareceu. Uma falta de respeito por um dos maiores físicos da História (passada e futura) da Humanidade!