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Viúva de Marielle Franco está a ser perseguida e ameaçada de morte

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Cristina Indio do Brasil / ABr

Mônica Benício, viúva de Marielle Franco

A viúva da vereadora brasileira, assassinada em março deste ano no Rio de Janeiro, tem sido perseguida e ameaçada de morte.

Depois de ter encaminhado um pedido de proteção à Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), a arquiteta Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco, confirmou, esta segunda-feira, que há quatro meses que sofre ameaças, não só pessoalmente como também pela Internet.

O depoimento, que durou quase três horas, foi prestado na Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Mônica foi ouvida pelo delegado titular, Giniton Lages, a quem contou que, em dois momentos diferentes, foi acompanhada por um carro numa situação estranha e que também foi alvo de constrangimento na rua.

Num desses momentos, a viúva da vereadora do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), assassinada em março deste ano com quatro tiros na cabeça, disse que um homem repetiu várias vezes que estava a “falar demais” e que “precisava de ter cuidado para não morrer”.

A arquiteta revelou ainda que recebeu mensagens de ódio no seu perfil do Twitter. Mônica afirmou que não pretende ser incluída no programa de proteção de testemunhas, mas Lages declarou que há disponibilidade para conseguir providenciar mais segurança.

Mônica informou que, ao longo desta semana, vai tentar procurar alternativas para evitar o incómodo que vive há quatro meses. “Isto tem que ser negociado ainda, porque precisam de ser apresentadas algumas soluções. Tudo isto vai ser discutido e não tenho muitas informações”, explicou.

Por motivos de segurança, a arquiteta disse que não pode dar detalhes do depoimento na polícia. Porém, demonstrou tranquilidade a partir do pedido feito à Corte da OEA.

“Isto significa que a OEA exige ao Estado brasileiro que garanta a minha segurança e proteção para que eu continue a exercer o trabalho de defensora dos direitos humanos porque eu tenho ocupado, cada vez mais, os espaços de fala que eram da Marielle“.

Cristina Indio do Brasil / ABr

Mônica Benício, viúva de Marielle Franco

Para Mônica, a iniciativa da OEA, de dar atenção ao seu pedido, é uma demonstração de que o caso Marielle faz parte das prioridades do Estado. A vereadora foi assassinada, assim como o motorista Anderson Pedro Gomes, mas o crime ainda está a ser investigado e aguarda um desfecho.

Para a arquiteta, a morte da vereadora foi um crime político e esta foi a razão pela qual não procurou a Secretaria de Segurança do Rio para assegurar a sua vida. “Estaria a pedir ajuda e proteção ao Estado que matou a Marielle, por isso, pedi diretamente à OEA”.

Mônica ressalvou que, no próximo sábado, a morte de Marielle Franco fará 150 dias e lamenta que, depois de quase cinco meses, ainda não há informação sobre suspeitos.

“Acredito que o trabalho da polícia esteja a ser feito efetivamente. Foi um crime sofisticado e infelizmente bem executado, em que houve poucos erros, daí a dificuldade de chegar a uma solução”.

Por isso, a viúva de Marielle diz que é importante ter paciência, até porque não está à procura de qualquer desfecho mas de uma conclusão coerente do caso. “Não quero qualquer solução. Por se tratar de um crime político, um crime de poder, que envolve pessoas muito poderosas, tem que ser bem resolvido”, afirmou.

Marielle Franco, reconhecida defensora dos direitos humanos, especialmente das mulheres negras, foi a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro nas eleições municipais de 2016, com mais de 40 mil votos.

O Brasil chorou a morte da vereadora, batizada de “filha da Maré” por ser originária da favela brasileira com o mesmo nome, e que era também a relatora da comissão da Câmara de Vereadores do Rio criada para fiscalizar a intervenção militar.

ZAP // Ciberia

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