Uma testemunha que colabora com as investigações da polícia brasileira sobre o assassínio da vereadora Marielle Franco acusou um outro vereador e um membro de uma milícia de planearem o crime, noticiou esta quarta-feira o jornal O Globo.
Segundo o diário carioca, que teve acesso ao depoimento da testemunha, cujo nome foi mantido sob sigilo, o vereador Marcello Siciliano e o ex-polícia militar Orlando Oliveira de Araújo planearam o assassinato de Marielle Franco para conter o avanço de ações comunitárias que a vereadora desenvolvia em áreas de interesse da milícia na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
O vereador Marcello Siciliano disse ao jornal O Globo que o relato da testemunha citada era uma mentira e que ele não conhecia o ex-polícia Orlando Oliveira de Araújo, já condenado e preso por chefiar uma milícia.
A testemunha terá dito às autoridades que foi forçada a trabalhar para Orlando e deu detalhes de como a execução foi planeada e das reuniões entre Orlando e Siciliano, que terão começado em junho do ano passado.
“Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me a atrapalhar”. Depois, bateu com a mão na mesa e gritou: “Marielle, piranha do Freixo”. Depois, disse ao ex-PM: ‘Temos de resolver isso rapidamente'”, afirmou a testemunha.
Marielle já trabalhou como assessora do deputado estadual Marcelo Freixo.
Marielle Franco, de 38 anos, natural da favela da Maré, no Rio de Janeiro, no Brasil, foi assassinada a 14 de março, com quatro tiros na cabeça, quando seguia num veículo, após participar num encontro de mulheres negras numa favela.
A vereadora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro era militante do Partido Socialismo e Liberdade, de esquerda, e foi morta juntamente com o condutor da viatura.