A Austrália tem a sua própria “Área 51”

Andy Mitchell / Wikipedia

Joint Defence Facility Pine Gap, a “Area 51” da Austrália

No escaldante coração da Austrália, a cerca de 1.500 quilómetros da cidade mais próxima, encontra-se uma base militar de comunicações ultra-secreta que poucas pessoas conhecem – e ainda menos visitaram.

Oficialmente conhecida como Joint Defence Facility Pine Gap, ou simplesmente Pine Gap, a base militar operada conjuntamente pela Austrália e Estados Unidos,  é por vezes comparada à famigerada Área 51, devido à sua natureza secreta e perímetros ferozmente guardados.

Estabelecida no auge da Guerra Fria, Pine Gap nasceu em 1966, quando as duas nações assinaram um tratado para criar uma base de intelligence nos arredores de Alice Springs, no norte da Austrália, conta o IFLS.

Na altura, o projeto foi apresentado ao público como uma instalação de investigação espacial, embora na realidade fosse gerida pela CIA para recolher dados de satélites espiões americanos sobre capacidades nucleares e mísseis soviéticos.

Durante as décadas seguintes, Pine Gap permaneceu sob controlo americano, e até o Primeiro-Ministro australiano era mantido na ignorância do que realmente se passava no local.

No entanto, a partir dos anos 80, o âmbito da instalação começou a expandir-se e as Forças de Defesa Australianas passaram a ter maior autoridade operacional na base.

Atualmente, as instalações acolhem cerca de 1.000 funcionários, com uma distribuição mais ou menos equitativa entre australianos e americanos. Contudo, tal como na Área 51, o acesso ao público é estritamente proibido, e qualquer pessoa que tente entrar no local será detida.

A única forma de vislumbrar a misteriosa instalação é, portanto, a partir do ar, embora não haja muito para ver além do que parecem dezenas de bolas de golfe gigantes.

Na realidade, estas esferas massivas são radomes (de “radar” + “dome”), estruturas que protegem antenas de rádio que estão em comunicação constante com satélites na órbita da Terra.

E embora pouco se saiba sobre exatamente o que se passa em Pine Gap, acredita-se que a instalação seja um nó importante nas operações de vigilância global da CIA, fornecendo informações sobre atividades militares e civis em todo o mundo como parte da estratégia antiterrorismo dos EUA.

O local também recolhe informações para uso em cenários de campo de batalha. Alegadamente, desempenhou um papel importante na coordenação de atividades militares no Iraque durante a Guerra do Golfo, e mais tarde no Afeganistão e na Síria.

Por estas razões, o local tem sido foco de numerosos protestos contra a guerra, e vários ativistas foram detidos enquanto tentavam violar o perímetro de Pine Gap.

No entanto, embora muitos na Austrália tenham pedido o fim das atividades de vigilância e militares da base, os EUA continuam a depender da sua localização estratégica para controlar os seus satélites espiões enquanto passam sobre a região Ásia-Pacífico.

Talvez sem surpresa, e tal como no caso da Area 51 original, Pine Gap também se tornou foco de numerosas teorias da conspiração malucas, que sugerem encobrimentos governamentais envolvendo naves espaciais alienígenas e outras tecnologias.

Também como na Área 51, contudo, a realidade do que se passa no local é muito menos emocionante — excepto, claro, nos enredos dos filmes de Hollywood.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.