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Vencedores e vencidos, numa noite eleitoral de perder o fôlego

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Rodrigo Antunes / Lusa

A noite eleitoral foi longa e de perder o fôlego até ao último minuto. Entre alguns imprevistos, surpresas e validações, Lisboa foi o palco dos maiores holofotes: Carlos Moedas foi o grande e surpreendente vencedor da noite, enquanto Fernando Medina sofreu uma pesada derrota.

VENCEDORES

Carlos Moedas. É inquestionável. Contra quase todas as expectativas, Carlos Moedas foi eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Derrotou Fernando Medina, os céticos que olharam de canto quando se atirou de cabeça à capital e até as sondagens, que previam entre cinco a 10 por cento de vantagem para o socialista. O seu futuro político, desacreditado desde o começo, está lançado.

Rui Moreira. Tiago Barbosa Ribeiro e Vladimiro Feliz, com menos de 20%, fizeram com que Rui Moreira fosse reeleito este domingo. Nem na mais pessimista sondagem a vitória do independente esteve em causa. O caso Selminho não abalou o presidente da Câmara do Porto, que continua de pedra e cal na Invicta. Ainda assim, 2021 traz um copo de água fria para Moreira, que lhe viu fugir das mãos uma maioria absoluta conquistada há quatro anos.

Inês de Medeiros. Em 2017, foram algumas centenas de votos. Ontem, Inês de Medeiros conseguiu uma vitória arrebatadora, conquistando a tão sonhada maioria absoluta. Depois de ter esmagado Maria das Dores Meira, a socialista está de mangas arregaçadas para continuar o trabalho em Almada.

José Manuel Silva. O antigo bastonário da Ordem dos Médicos destronou o socialista Manuel Machado. Oito anos depois, o início do novo ciclo começou este domingo: 43,92% dos votos valeu a José Manuel Silva uma maioria absoluta, com 6 mandatos em 11 na autarquia. A margem confortável vai permitir-lhe trabalhar com tranquilidade, mas não o fará fechar-se em si próprio – está aberto a trabalhar com todas as forças políticas que elegeram vereadores.

Pedro Santana Lopes. 24 anos depois, de volta à terra onde foi feliz. Pedro Santana Lopes é um dos vencedores da noite eleitoral, depois de ter conquistado a autarquia da Figueira da Foz. Apesar de ter contornado as rasteiras da candidatura do PSD, que tentou de tudo para inviabilizar o movimento independente de Santana, admitiu não ter maioria na Assembleia Municipal.

João Ferreira. Numa noite em que a CDU perde, segura dois vereadores em Lisboa e surge com uma aura de “candidato à sucessão” de Jerónimo de Sousa. Ao contrário do secretário-geral do partido, João Ferreira comentou o resultado na capital com otimismo, apresentando-se como vencedor. Uma aposta forte na sucessão, isto se o PCP assim o entender.

António Costa. Apesar de ter perdido Lisboa e várias capitais de distrito para o PSD, o PS mantém-se como o partido com mais Câmaras. António Costa saiu vitorioso destas autárquicas, mas não tanto quanto seria de esperar, depois de ter disparado a bazuca e ter falhado o alvo. É uma vitória, mas tímida.

Rui Rio. O PSD estava pronto para bater em Rui Rio, mas a vitória do partido em várias capitais de distrito, assim como o bastião lisboeta, vão deixar sair o líder social-democrata ileso destas eleições. Se tudo dependesse da leitura que foi sendo feita ao longo da noite, não havia dúvidas de que a recandidatura à liderança era certa. Mas apesar da insistência dos jornalistas, o líder não falou sobre o futuro e manteve o tabu.

VENCIDOS

Fernando Medina. A noite foi dolorosa para Fernando Medina, o rosto da maior derrota não anunciada destas eleições autárquicas. Contra todas as sondagens e expectativas, entregou Lisboa a Moedas e saiu vencido pelo desgaste do Governo socialista e pelo polémico caso da entrega de dados pessoais de ativistas a Governos estrangeiros. Fez a cama onde se deitou. Para já, o futuro mantém-se incerto e nem Medina o antecipa.

Manuel Machado. O dinossauro saiu derrotado e Coimbra fugiu-lhe por entre os dedos. Manuel Machado, o histórico socialista, perdeu para José Manuel Silva (PSD/CDS), numa altura em que se lançava para um terceiro mandato cheio de fôlego e vontade. Nem a nova maternidade, anunciada por António Costa no seu comício, o salvou.

Paulo Cafôfo. É o fim de um ciclo na liderança do PS e do Parlamento regional. A noite foi amarga, depois de a coligação Confiança (PS/BE/PAN/MPT/PDR) ter perdido a Câmara do Funchal para PSD/CDS. Paulo Cafôfo demitiu-se da liderança do partido, anunciou a sua não recandidatura e a renúncia ao lugar de deputado no Parlamento Regional.

Jerónimo de Sousa. A noite eleitoral foi um tombo para o PCP, que, além de não ter conseguido recuperar Almada, perdeu Loures, Montemor-o-Novo, Mora ou Alpiarça. O partido “ficou aquém dos objetivos” e foi o próprio Jerónimo de Sousa quem o admitiu. Estas autárquicas não foram felizes, mas o seu lugar enquanto secretário-geral não está à disposição.

André Ventura. André Ventura não conseguiu a glória das Presidenciais e assumiu que o objetivo de transformar o Chega na terceira força política falhou. Moura é a maior cicatriz, onde obteve 25% dos votos para a Assembleia Municipal e a candidata à Câmara 14%. Ficou aquém, apesar de o partido ter sido o terceiro mais votado em muitos concelhos de norte a sul e conquistado mandatos em Câmaras como Cascais ou Sintra.

Cotrim Figueiredo. Por último, o Iniciativa Liberal, que entrou com o pé esquerdo na estreia nas autárquicas. Apesar da presença entre assembleias municipais e juntas de freguesia e de ter conseguido um vereador no Porto, Cotrim Figueiredo falhou o objetivo de conquistar Câmaras Municipais. As expectativas eram modestas, os resultados mais ainda.

Liliana Malainho, ZAP //

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5 Comments

  1. Nem com coligações à esquerda o PS conseguiu o que queria… Felizmente para os portugueses. Estamos fartos da esquerda caviar e do PS esquerdista do kostinha.

    • Não consigo perceber porque é que os esquerdistas se estão a gabar disto e daquilo, depois de saberem que o PSD já lhes roubou algumas câmaras. Daqui a quatro anos, isso voltará a acontecer, e depois… que manobra política (ou de outro qualquer tipo) será usada para esconder a vergonha?

      • Depois terão de assumir publicamente que todos estamos fartos das esquerdices deste últimos anos

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