Uma alínea do orçamento foi alterada: eram 24 mil euros, será 1 milhão. Porque a “liberdade académica está em perigo”.
Michael E. Mann, Naomi Oreskes, Gilles-Eric Séralini, Peter Hotez ou Richard Horton: todos são cientistas, todos foram perseguidos ou ameaçados por causa de estudos que publicaram, ou por causa de declarações públicas.
Seja por causa de alterações climáticas, por causa de vacinas, genética, inteligência artificial – são diversos os assuntos que originam as campanhas de fúria, de assédio, de difamação.
A liberdade académica e a segurança dos investigadores estão em risco, admite o Governo da Alemanha. Por isso, a segurança será reforçada.
No Parlamento alemão, o orçamento para a investigação já estava finalizado. Ao todo, mais de 20 mil milhões de euros para gerir, destinados principalmente à alta tecnologia, a inúmeros programas de investigação e empréstimos estudantis.
Mas os responsáveis pela política orçamental do Bundestag decidiram, à última hora, alterar – de forma significativa – uma alínea.
A alínea em causa é a “Comunicação Científica, Participação, Inovações Sociais”. Teria direito a 24 mil euros; vai ter 250 mil euros neste ano; vai ter 1 milhão em 2028.
Esse dinheiro tem um destino: proteger os cientistas que estão a ser perseguidos ou ameaçados na Alemanha, resume o Handeslblatt.
“A liberdade académica está em perigo quando os investigadores já esperam ameaças maciças porque alguns não gostam do seu trabalho”, justificou Svenja Schulze, do SPD e membro da comissão da política orçamental.
A Alemanha é um país com uma forte presença na investigação. É mesmo o país europeu mais popular para os investigadores internacionais – muito por causa da liberdade académica (e da qualidade das suas universidades).
“Para que isto continue assim, precisamos de combater de forma firme o discurso de ódio e a difamação”, acrescentou Svenja Schulze, que foi Ministra da Cooperação Económica e do Desenvolvimento da Alemanha.