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Moedas venceu “contra tudo e contra todos”. Medina assume derrota “pessoal e intransmissível”

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Rodrigo Antunes / Lusa

O novo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas

O cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança à Câmara de Lisboa afirmou, este domingo, ter vencido “contra tudo e contra todos”, porque “a democracia não tem dono”, agradeceu o “voto de confiança” e comprometeu-se a mudar a capital.

“Obrigado, Lisboa. Que orgulho, ganhámos contra tudo e contra todos”, começou por dizer Carlos Moedas, pelas 02h30, hora a que chegou à sala do hotel EPIC SANA Marquês de Pombal, local escolhido para o acompanhamento da noite eleitoral, onde foi recebido com grande euforia, entre gritos de “Lisboa”, “vitória” e “presidente”.

“Fizemos história, fez-se história hoje em Lisboa”, reforçou o ex-comissário europeu, referindo que já falou com o seu principal adversário, o socialista Fernando Medina, que é o atual presidente da Câmara, a quem desejou “o melhor para a sua vida pessoal e profissional”.

Referindo não ter palavras para agradecer o “voto de confiança” que lhe foi dado pelos lisboetas, o social-democrata comprometeu-se a ser o presidente de todos, com a missão de “unir” e “mudar Lisboa”.

“Esta candidatura é a prova de que podemos mudar o sistema. Porque a democracia não tem dono”, disse também Moedas, que lidera a coligação Novos Tempos, da qual fazem parte PSD, CDS, MPT, PPM e Aliança.

“Hoje começou um novo ciclo, Novos Tempos. E eu estou convencido de que começa em Lisboa, mas não vai acabar em Lisboa”, atirou o social-democrata, o grande vencedor desta noite eleitoral. “Mudaram a minha vida, mas mudaremos a vida dos lisboetas. Vamos mudar Lisboa!”, prometeu.

A seu lado estiveram os líderes dos dois principais partidos que o apoiaram, Rui Rio, do PSD, e Francisco Rodrigues dos Santos, do CDS. Um e outro reivindicaram bons resultados na noite da eleição.

Em clima festivo, Rio admitiu que foi um “excelente resultado” e que o partido está em “melhores condições” de vencer as próximas legislativas, mas sem querer confirmar que é recandidato à liderança dos sociais-democratas.

Depois do PSD/CDS-PP/Aliança/MPT/PPM, com 34,25% (sete mandatos), o segundo mais votado é o PS/Livre, com 33,30% (sete mandatos), e o terceiro é o PCP-PEV, com 10,52% dos votos (dois mandatos). O BE também conseguiu manter um mandato, com 6,12% dos votos.

Medina assume “a indiscutível vitória” de Moedas

Catorze anos depois, a Câmara de Lisboa saiu das mãos dos socialistas. Fernando Medina assumiu a derrota e felicitou o social-democrata por “uma indiscutível vitória pessoal e política”.

“Começo por felicitar publicamente o engenheiro Carlos moedas e a coligação Novos Tempos pela vitória que tiveram para a Câmara Municipal de Lisboa. É uma indiscutível vitória pessoal e política do engenheiro Carlos Moedas, a quem já telefonei e expressei de forma pessoal as minhas felicitações”, afirmou no Pátio da Galé, onde acompanhou a noite eleitoral.

Perante uma plateia composta por centenas de apoiantes, incluindo o secretário-geral do PS, António Costa, Medina salientou que “a democracia se expressa pelo voto” e “por um voto se ganha, por um voto se perde”.

O cabeça de lista da coligação “Mais Lisboa” quis, em segundo lugar, garantir que se empenhará “pessoalmente na transição de todos os dossiers” de forma a assegurar que “as mais exigentes funções de presidente da Câmara de Lisboa possam ser executadas por ele e pela nova equipa que assumirá funções”.

“Faço este momento de despedida com a consciência tranquila de quem deu o seu melhor, de tudo aquilo que tenho e que sei para servir esta cidade e para servir o seu povo”, assinalou, seguindo-se um forte aplauso da plateia, que não escondia a desilusão no rosto.

Questionado pelos jornalistas sobre o seu futuro político, o socialista disse que ainda não sabe, notando que “até há poucas horas era ser presidente da Câmara de Lisboa”.

O candidato fez um conjunto de agradecimentos e realçou que a derrota eleitoral foi exclusivamente da sua responsabilidade, lamentando o facto de não ter conseguido merecer de novo a confiança dos lisboetas.

A derrota de hoje é pessoal e intransmissível. O Partido Socialista fez tudo em todos os momentos para que nós pudéssemos ter os recursos, os meios para podermos fazer diferente”, apontou.

Apesar de haver “maioria à esquerda no futuro executivo”, a “lei eleitoral é clara” e ganhou o Carlos Moedas ao obter mais votos, destacou.

O candidato considerou ainda que não teve capacidade de demonstrar aos lisboetas que era merecedor da sua confiança, acrescentando que também fez questão de alertar várias vezes durante a campanha que “sondagens não ganham eleições”.

Costa assume frustração com esta “derrota inesperada”

Em declarações aos jornalistas, no mesmo local, onde foi cumprimentar Fernando Medina, António Costa considerou que o presidente cessante da Câmara de Lisboa assumiu “com total dignidade e frontalidade” a sua derrota nas eleições autárquicas.

O secretário-geral do PS lamentou o resultado obtido pela coligação entre o PS e o Livre em Lisboa, observando: “Como toda a gente sabe, foi uma derrota inesperada, não havia nenhum indicador que apontasse para este resultado, mas a democracia é mesmo assim”.

No seu entender, “há uma coisa que é clara, foi a vontade dos lisboetas, os lisboetas quiseram mudar”, admitindo que se sente frustrado com esta viragem.

Se sinto frustração, claro que sim, é evidente que sim, isso é indiscutível”, afirmou o primeiro-ministro, que presidiu à Câmara Municipal de Lisboa entre 2007 e 2015, quando deixou a governação do Executivo autárquico a Fernando Medina, até então seu vice-presidente.

“Como é sabido, tenho uma ligação particular à cidade, não só por viver cá, mas por ter tido a oportunidade de em 2007 ter reconquistado esta Câmara para o PS e ter iniciado um ciclo de governação que durou até ao dia de hoje”, referiu.

O secretário-geral do PS desejou a Carlos Moedas “as maiores felicidades e sucessos na governação desta cidade, que é uma cidade maravilhosa”, mostrando-se convicto de que “seguramente fará também o seu melhor para cuidar dela e tratar do seu desenvolvimento e cuidar dos lisboetas”.

Costa remeteu para os analistas a identificação das causas dos resultados em Lisboa e, questionado sobre as suas implicações para o país, retorquiu que a nível nacional “o resultado é muito claro, o PS teve uma vitória claríssima nestas eleições a nível nacional”.

ZAP // Lusa

5 Comments

  1. Aqui está a prova que a politica é muito porca. Se não vejamos, o Medina já estava a ser muito incómodo para o PS e em particular para AC, devidos aos acontecimentos nefastos em que Medina se meteu, tais como, a informação dos dados dos manifestantes à embaixada da Rússia e nesta medida o AC deve ter dado ordens aos seus Boys de Lisboa para não votarem no Medina. Mas, calma, que o Medina irá ter um tacho ainda maior é tudo uma questão do tempo para apagar a memória dos Portugueses.

    • Então o Costa deu ordens para não votarem no Medina porque era incómodo?!
      Ahahaaa… grandes “filmes” que essa imaginação faz!…
      Nem o Moedas queria acreditar que ganhou…

  2. Estranho sistema em que mais de 50% dos eleitores votam em partidos de esquerda e o Presidente de Câmara eleito pertence à minoria de direita derrotada. Tendo a maioria dos vereadores e dos deputados municipais espero que a esquerda consiga fazer vingar o seu programa e impeça a implementação das medidas de direita.

    • Aliás os governos de esquerda, do género BE e PCP sempre tornaram os países bastante prósperos. Alemanha, países nórdicos, Benelux, França, etc, etc., têm todos governos como o nosso. Governos que se governassem um qualquer deserto ao fim dum ano estariam a importar areia!!!

      • BE e o PCP são coisas diferentes e, vale o que vale, mas só para relembrar alguns factos aos mais “distraídos”:
        Na Alemanha, o Die Linke faz parte do governo em vários estados federados (incluindo na capital, Berlim) e poderá fazer parte da próxima coligação do governo federal alemão (Bundestag).
        Na Finlândia, o Vasemmistoliitto está no actual governo de coligação (desde 2019).
        Na Dinamarca, o Enhedslisten é um dos partidos que apoia um governo de “geringonça” muitíssimo parecido com o governo português.
        Todos esses partidos são da família política do BE.

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