Um tubarão-lixa com uma pele laranja vibrante e olhos estranhamente brancos poderá ser resultado de uma combinação genética rara: xantocromismo e albinismo.
Em 2024, um grupo de pescadores desportivos capturou, ao largo da costa leste da Costa Rica, um exemplar único de um tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum).
Para além de apresentar uma pele de um laranja vibrante, os olhos deste exemplar eram estranhamente brancos, o que torna o animal, com dois metros de comprimento, uma descoberta absolutamente singular.
Após a captura, o invulgar tubarão-lixa cor de laranja acabou por ser devolvido ao mar.
Como os cientistas não puderam analisar o animal vivo, é impossível saber ao certo porque tinha a pele laranja, mas suspeita-se que a principal causa esteja numa combinação genética rara: xantocromismo e albinismo.
Tal como os raríssimos jacarés cor de laranja da África Central, este invulgar tubarão-enfermeiro surpreendeu não só os pescadores que o apanharam, mas também os especialistas, que nunca tinham observado algo semelhante na natureza, conta o Sciencing.
Uma equipa de investigadores que analisou fotografias do animal concluiu, num estudo publicado no mês passado na revista Marine Biodiversity, que a sua cor invulgar se devia a uma condição conhecida como xantocromismo, ou xantismo, na qual a pele apresenta um tom amarelado devido à ausência de pigmentos escuros.
Acredita-se ainda que este espécime apresentava outra condição que provoca ausência de produção de pigmento: o albinismo.
Os tubarões-lixa já são, por si, pouco comuns, uma vez que não apresentam a coloração cinzenta típica da maioria dos tubarões. Em vez disso, têm um tom acastanhado-amarelado que pode chegar a castanho-escuro.
Porém, como referem os investigadores no estudo agora publicado, dado que o tubarão-laranja parecia ser adulto, a combinação de xantismo e albinismo não parece ter afetado a sua capacidade de sobrevivência.
Isto é significativo, não só porque os animais evoluem normalmente com cores que os ajudam a sobreviver no meio onde vivem, mas também porque aumenta a probabilidade de existirem mais exemplares com esta aparência única no mar das Caraíbas, que, se tiverem sobrevivido, possam vir a ser estudados no futuro.
Embora se acredite que o xantocromismo tenha origem genética, o estudo salienta que podem existir outros fatores em jogo neste caso específico.
O stress ambiental e o aumento das temperaturas poderão ter desempenhado um papel, e os investigadores referem ainda que a endogamia ou desequilíbrios hormonais também podem explicar o aspeto único deste espécime.
Os autores do estudo sublinham que será necessária mais investigação para identificar as causas exatas desta pigmentação tão rara.