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Tancos tinha mísseis (mas não foram roubados)

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Paulo Cunha / Lusa

Guarita abandonada no complexo militar de Tancos

Os paióis de Tancos que foram roubados tinham no seu interior mísseis Milan e TOW que não foram roubados. Um dado novo que surge quando o capitão de Abril Vasco Lourenço diz que a história está “muito mal contada” e o Chefe do Estado-Maior do Exército se assume “humilhado”.

O general Rovisco Duarte, chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), assumiu na Comissão Parlamentar de Defesa que houve “desleixo” e “falhas de supervisão” dos militares, em Tancos, confessando-se “humilhado” com o roubo de material de guerra verificado na quarta-feira passada.

Aos deputados, o general revelou também que entre as armas alojadas nos paióis estavam mísseis Milan e TOW que não foram roubados, adianta o Diário de Notícias.

Num depoimento de cerca de três horas, Rovisco Duarte terá dito aos deputados que estes mísseis podem não ter sido levados “devido ao seu peso ou volume”, refere o DN.

A publicação explica que estes mísseis “são armas anti-carro, sendo os Milan mais pequenos (cerca de um metro) e leves para uso manual dos soldados enquanto os TOW são maiores, mais pesados e usados a partir de viaturas”.

O CEME terá também revelado que as armas roubadas, entre as quais se incluem “granadas foguete anti-carro”, granadas de gás lacrimogéneo e explosivos, estão avaliadas em cerca de 34,4 mil euros.

Uma história “muito mal contada”

E, enquanto decorre a investigação para averiguar o que sucedeu, suspeitando-se de que houve fugas de informação internas que permitiram aos assaltantes actuar sem serem apanhados, o capitão de Abril Vasco Lourenço considera que a história do roubo está “muito mal contada”.

Num texto enviado aos membros da Associação 25 de Abril, de que é presidente, e que é citado pelo DN, Vasco Lourenço diz que o “presumível buraco na rede” de protecção dos paióis foi “posto apenas para disfarçar”.

Vasco Lourenço apela a que se possa “esclarecer tudo, rapidamente, doa a quem doer” e pede respostas para perguntas como “quando se deu o desaparecimento do material” ou como é que este desapareceu, se “todo de uma vez” ou “por várias vezes e durante um espaço concreto de tempo”, ou se o material roubado “chegou a entrar nos paióis ou foi apenas acrescentado à carga dos mesmos”.

O capitão de Abril também nota que, embora “a responsabilidade maior” pelo caso seja do poder político, é difícil “ilibar as Forças Armadas pelo ‘estado a que tudo chegou'”.

Vasco Lourenço avança mesmo o que define como “teoria da conspiração” de que o roubo surge como uma forma de “descredibilizar este Governo, provocando (ouro sobre azul…!) a sua queda”.

Paulo Cunha / Lusa

Detalhe da vedação do complexo militar de Tancos

Detalhe da vedação do complexo militar de Tancos

Chefe do Exército diz-se “humilhado”

Perante os deputados, o general Rovisco Duarte não deixou de assumir “responsabilidades totais” pelo caso, ilibando o poder político, escreve o mesmo jornal.

A sessão decorreu à porta fechada, mas fontes consultadas pelo jornal atestam que o CEME referiu “duas vezes ter-se sentido chocado e humilhado” com o roubo e que afastou responsabilidades do ministro da Defesa, Azeredo Lopes.

“Desleixo, cumplicidades, falhas de supervisão”, foram os termos alegadamente usados pelo general Rovisco Duarte perante os deputados, assumindo que terá havido colaboração de um ou mais elementos do interior do Exército para que o roubo se consumasse.

Ministro ouvido no Parlamento

O ministro da Defesa, Azeredo Lopes, vai ser ouvido no Parlamento, nesta sexta-feira à tarde, a partir das 16h00, para prestar esclarecimentos urgentes sobre o furto de armamento em Tancos.

A audição, requerida pelo PSD e pelo CDS-PP, foi aprovada por consenso entre todas as bancadas, com os deputados a coincidirem em classificar como “muito grave” o furto de material de guerra.

ZAP // Lusa

9 Comments

  1. Volto a referir que se a fotografia de uma nova vedacao acima mostrada e a da nova vedacao dos paiois de Tancos. Nao demora nada a serem “assaltados”.

    Este tipo de vedacao nao respeita as normas da NATO. Digo-o pois projecto vedacoes para instalacoes militares de outros paises.
    O tipo de rede permite que alguem a trepe e o corte da mesma. A forma como esta construida e uma ajuda para a transpor.

    Aqui fica um exemplo de uma vedacao que deveria ser usada em Tancos: https://www.bluedogfences.com.au/uploads/images/Bluedog_GuardForce_358_anti-climb_high_security_fence_mesh_system_2400mm_high_anti-climb_mesh_sheet_and_550mm_diameter_concertina_razor_barb_topping_%28external_view%29.JPG

    Atencao que esta vedacao esta colocada encima de uma lage, no caso de Tancos seriam feitas fundacoes apropriadas para os postes, e a rede estaria enterrada ate 30cm.
    Se a vedacao acima fosse em uma instalacao militar a mesma nao estaria de acordo com as normas, pois nao sao permitidos angulos de 90 graus e outros…

    As vedacoes nao sao para evitar que alguem entre, mas sim para “atrasar” a entrada, desde a detecao ate a intercepcao!!!

  2. não roubaram porque não podiam com eles e por mais motivo nenhum, qualquer galinheiro de uma pessoa está melhor guardado do que aqueles paióis, ao menos no campo o dono pode ser um caçador e ter uma arma com cartuchos, já os soldados apesar de terem G3 estas andam descarregadas

  3. será que algum dia essas armas foram realmente roubadas, ou nunca lá entraram , mas foram contabilizadas, não me ademiro, com o que aconteçeu nas comidas das forças armadas, é só chulos são capazes de tudo esses oficiais, não os militares.

  4. Na realidade, as perguntas que o coronel Vasco Lourenço coloca têm a sua lógica. A estória, realmente, parece muito mal contada. Por muito pouco vigiados que estivessem aqueles paióis, todo aquele material que foi alegadamente roubado, se o fosse de uma só vez, quando saiu para fora a informação do caso, exigiria uma grande logística com viaturas de transporte e bastante mão-de-obra humana. Ora, não consta, segundo as notícias veiculadas, que alguma viatura entrasse por aqueles buracos na rede até à porta do paiol alegadamente assaltado. Logo, o material teria de ser levado à mão para a suposta viatura que estaria nas cercanias do polígono militar. Portanto, não era trabalho para um ou dois “pilha galinhas”, mas para muitos mais.
    Além disto, ou eu estive muito desatento, não me constou que as portas do paiol estivessem arrombadas. Então, quem é que tem acesso a essas chaves? Ou isso andava tão à “balda” que qualquer “cão e gato” tinha acesso às chaves? No meu tempo, e já lá vão muitos anos (ainda “fiz” a guerra do Ultramar, só os comandantes e os operacionais encarregados pelo material de guerra é que tinham chaves de acesso aos paióis.
    Portanto, a estória parece mesmo muito mal contada e, ou as “PJ’s” são mesmo muito estúpidas, ou então também terão muito a esclarecer sobre esta questão. Aguardemos.
    Também a tese da querela da disputa política não me parece de todo despropositada. Em política, infelizmente, parece “valer tudo”. Às vezes, cometem-se os crimes mais hediondos para justificar certas atitudes e acções. Estou a lembrar-me, por exemplo, das supostas “armas de destruição maciça” de que 4 “insignes” políticos de renome mundial na altura (é preciso lembrar os nomes?) viram a provas, que “justificou” a invasão do Iraque, “incendiando” toda aquela região e que, até hoje, nunca mais teve paz e não sei se algum dia virá a ter.
    Como este, muitos outros poderiam ser citados, mas por aqui me fico, senão nunca mais acabaria.
    Bom fim-de-semana!

  5. o “caso” dos submarinos; instruendos que morrem por não lhes saberem dar instrução adequada; discriminação no colégio militar; burla gigantesca nas Messes da F. Aérea, “assalto” aos paióis… isto não são umas F Armadas, é um bando de ladrões e de incompetentes.

  6. Os mísseis vão na próxima carga,
    isto é no mínimo, hilariante, senão vejamos…
    -Foram comprados submarinos que custaram uma fortuna ao país e que ninguem sabe para q servem..
    -morrem formandos dos cursos de comandos pelas razões que todos conecemos…
    -Generais eoutros parasitas burlam o Estado em milhões de € nas messes…
    -No colégio Militar discriminação parece ser a palavra de ordem…
    -Os paióis são assaltados sem ninguém saber como nem por quem…
    E agora ainda têm a pouca vergonha de dizer que os Portugueses podem estar descansados…
    Claro que os Portugueses estão descansados!!! Existe por ventura alguma razão para não estarem??!!

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