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Dinheirinho no bolso, votos para o PSD. E Marcelo apareceu de surpresa

PSD / Flickr

O ministro da Economia, Manuel Castro Almeida, na 25ª edição da Universidade de Verão do PSD

O ministro da Economia elegeu o crescimento económico e o aumento dos rendimentos como prioritário, manifestando-se convicto de que os portugueses continuarão a votar no PSD se “sentirem que têm mais dinheiro no bolso”.

O ministro Manuel Castro Almeida foi esta quarta-feira orador convidado da 21.ª edição da Universidade de Verão do PSD, que decorre até domingo em Castelo de Vide, Portalegre, numa intervenção com o tema “Melhor Economia: mais rendimento”.

Na sua intervenção, o governante considerou que “se os portugueses compreenderem que com este Governo estão a ter cada vez melhores rendimentos, eles vão continuar a dar-nos o seu voto“.

“Se as pessoas sentirem que cada vez têm mais disponibilidade, mais dinheiro no bolso, esse é o principal critério para nos continuarem a dar o seu voto”, afirmou Castro Almeida, dizendo que este aumento real aconteceu em 2024 e “vai pelo mesmo caminho” em 2025.

O ministro da Economia e da Coesão Territorial sublinhou que, a par das finanças públicas equilibradas, o primeiro-ministro estabeleceu como principal prioridade do XXV Governo na tomada de posse “o crescimento económico para aumentar os rendimentos dos portugueses e sustentar o Estado social”.

“Se os portugueses quiserem uma política de aumento de rendimentos, sabem qual é o partido que lhes pode garantir isto”, enfatizou.

Castro Almeida aproveitou a pergunta de uma das alunas da Universidade de Verão do PSD – uma iniciativa de formação de jovens quadros – para criticar o PS por ter inviabilizado a formulação inicial que o Governo pretendia dar ao IRS para os jovens até aos 35 anos, que passava por uma taxa máxima de 15%.

“Eu diria que é vossa obrigação que nenhum jovem desconheça que o governo do PSD, o governo da AD, quis colocar um teto de 15% na taxa de IRS dos jovens e o PS impediu esta aprovação. É contra a nossa vontade que os jovens estão a pagar mais do que queríamos. E eu confesso que até hoje ainda não compreendi qual é o racional do PS”, disse, considerando “imperdoável” a posição deste partido.

No final da sessão, questionado pelos jornalistas sobre declarações do secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, que reivindicou ter sido o Governo socialista a criar uma primeira versão do IRS jovem, Castro Almeida pediu “mais pudor” aos socialistas.

Havia uma coisa chamada IRS jovem, da iniciativa do PS, mas eu quero só lembrar que esse IRS era só para licenciados. Portanto, excluía todos os jovens que não fossem licenciados, é uma coisa um bocadinho repugnante, nem sei como é que ainda vem a falar desse assunto. Melhor é encerrar esse assunto”, afirmou.

No entanto, Castro Almeida manifestou abertura do Governo para voltar ao tema se o PS estiver disponível para “criar um regime mais favorável para os jovens, para aumentar o rendimento dos jovens, para fazer com que os jovens não tenham que ir para fora porque têm pouco rendimento cá dentro”.

Questionado se o Governo pondera voltar a colocar em discussão a sua proposta inicial de IRS jovem, respondeu: “Isso é assunto que vai ter que colocar ao Ministro das Finanças, a oportunidade e o ‘timing’ dessas coisas é com o Ministro das Finanças não é comigo”.

Marcelo aparece de surpresa

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apareceu de surpresa, presencialmente, na Universidade de Verão do PSD.

Estava previsto que a sua participação ocorresse por videoconferência, e os jornalistas já estavam a ver uma cadeira no Palácio de Belém, quando o Presidente entrou na sala, sob os aplausos dos alunos.

Na sua intervenção, o presidente defendeu que o papel do PSD no combate aos extremismos deve ser “afirmar a diferença da moderação”, tal como o do PS, alertando que será sempre mais fácil encontrar consensos ao centro.

Num painel intitulado “As respostas do Presidente”, o chefe de Estado foi questionado qual deve ser o papel do PSD numa altura em que crescem as forças populistas e admitiu que os sociais-democratas têm “uma tarefa difícil” no centro-direita, equiparando este desafio ao do PS no centro-esquerda.

Ainda assim, apontou um caminho: “Se não conseguir – eu acho que tem condições para conseguir, assim como o PS – afirmar a diferença da moderação que distingue o centro-direita da direita mais radical, que resolva os problemas dos portugueses, então torna-se muito difícil a função dos partidos desta natureza e isso não é boa notícia para a democracia”, disse.

Não é que não haja espaço em democracia para todas as formações e todos os posicionamentos políticos. Agora, é evidente que é mais fácil fazer acordos de regime, fazer consensos, fazer encontrar soluções ao centro, se um partido centro-direita for um partido centro-direita e não de direita que é direita radical”, afirmou.

Na sua intervenção inicial, em que abordou a situação do mundo, da Europa e de Portugal, o Presidente da República já tinha deixado um alerta.

Este não é o tempo dos moderados com que tradicionalmente se faziam as democracias, ao centro-esquerda, ao centro-direita. É o tempo dos radicais com os quais as democracias se fazem de outra maneira, mas estamos a descobrir todos como é que se vão fazer, com que instituições e de que modo”, alertou.

O presidente da República admitiu ainda que os seus mandatos em Belém ficaram “aquém do que tinha sonhado”, mas salientou que o povo lhe deu “sempre razão” nas dissoluções do parlamento.

Sobre aquilo que pensa ter corrido melhor, o chefe de Estado disse ter tentado “fazer os impossíveis” para garantir a estabilidade política, apesar das três dissoluções da Assembleia da República que fez no seu segundo mandato.

“Isso foi o que correu melhor mesmo quando não correu bem, porque não se traduziu necessariamente em haver soluções governativas que durassem os dez anos”, afirmou, lembrando que conviveu com executivos do PS durante mais de oito anos e, até final do seu mandato, haverá outra solução liderada pelo PSD “por menos de dois anos”.

Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se por, nas eleições posteriores às dissoluções, o povo ter dado “sempre razão” à decisão do Presidente com a sua votação nas urnas.

Quanto ao que correu pior, incluiu matérias como a capacidade de renovação do sistema político, da administração pública ou o distanciamento das pessoas em relação aos políticos, embora salientando que as responsabilidades foram partilhadas com “outros órgãos de soberania”

“Digamos que, para aquilo que eu tinha pensado e sonhado em alguns momentos, de facto aquilo que foi possível fazer ficou aquém do que eu tinha pensado e sonhado realizar”, disse, acrescentando que tal se acentuou num segundo mandato.

O chefe de Estado repetiu que tinha pensado fazer apenas um mandato, mas considerou que “não podia dizer que não” à recandidatura em 2021 quando se vivia “a pior fase da pandemia da covid-19”.

Ninguém compreenderia que o responsável saísse. Mas quando fiquei, fiquei com a certeza absoluta que o que iria suceder depois ia ser um fator cumulativo do desgaste do sistema”, assegurou.

ZAP // Lusa

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