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Mudança do Infarmed “foi muito mal comunicada e o responsável sou eu”

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Tiago Petinga / Lusa

O Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes

O ministro da Saúde admitiu, esta quarta-feira, que a decisão de transferir a sede do Infarmed para o Porto foi “muito mal comunicada” e assumiu as responsabilidades por essa má comunicação.

“Foi muito mal comunicada e o responsável por essa má comunicação tem um nome: sou eu. E é por isso que assumo as minhas responsabilidades e terei agora de explicar detalhadamente, de trabalhar detalhadamente com todos, para que essa comunicação seja recomposta”, afirmou Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas no final de uma comissão parlamentar de Saúde e questionado pela agência Lusa sobre a questão da transferência da sede do Infarmed para o Porto.

O anúncio de que a sede da Autoridade Nacional do Medicamento – Infarmed sairia de Lisboa para o Porto foi feito na semana passada pelo ministro, tendo apanhado de surpresa os trabalhadores da instituição.

Campos Fernandes adiantou ter sido “o primeiro a dizer ao primeiro-ministro”, António Costa, que esta questão tinha sido mal comunicada. “Mas em política, a humildade e a capacidade de reconhecimento do erro não deve servir para nos desviar de um caminho”.

O ministro continua a dizer que a decisão política de transferir a sede do Infarmed já estava tomada há mais tempo e recusou comentar a entrevista da presidente do organismo, Maria do Céu Machado, que disse nunca ter percebido que se tratava de uma decisão, mas antes de uma intenção. A responsável sublinhou ainda que o regulador iria perder milhões se a mudança se concretizasse.

Segundo a TSF, o governante defende que a transferência deve avançar, a bem da “descentralização”, mas não descarta a possibilidade de um recuo. “O Governo admite uma coisa muito simples, que é olhar para as conclusões do grupo de trabalho e tê-las em atenção com inteligência e com humildade”.

No entanto, Adalberto Campos Fernandes considera que, se o anúncio tivesse sido feito de uma forma diferente, a reação dos trabalhadores do Infarmed seria exatamente a mesma.

“Se porventura este anúncio tivesse sido feito antes, ou mais tarde, já com algum estudo a suportá-lo, a reação era seguramente a mesma. E, sabem porquê? Porque as pessoas não querem mudar. Há, de facto, uma visão central do país, uma visão egoísta“, afirmou.

O grupo de trabalho criado pela tutela para avaliar a mudança será liderado por Henrique Luz Rodrigues, ex-presidente do Infarmed, e por Aranda da Silva, fundador e primeiro presidente desta estrutura.

Aos jornalistas, o ministro da Saúde adiantou ainda que há vontade, tanto dos trabalhadores como dirigentes de algumas agências, de “equacionar outro tipo de transferências e relocalizações“.

O anúncio da transferência foi feito um dia depois de se saber que a ‘Invicta’ não conseguiu vencer a candidatura para receber a sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA), que vai mudar de Londres para Amesterdão, na sequência do Brexit.

O Infarmed – Agência Nacional do Medicamento tem 350 trabalhadores e mais cerca de 100 colaboradores externos que incluem especialistas.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Mais uma vez misturam e deturpam conceitos. A eventual mudança do Infarmed para o Porto é uma DESLOCALIZAÇÃO.
    Descentralização significa deixar de ser necessário os cidadãos e empresas deslocarem-se às sedes, nomeadamente em Lisboa, para resolverem todas as questões e necessidades.
    Até pode fazer sentido criar uma agência do Infarmed no Porto. Agora deslocalizar tudo com imensos custos e prejuízos?
    Obviamente se o Infarmed tivesse sido inicialmente construído no Porto, seria uma situação diferente e completamente aceitável.

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