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“Se houvesse uma imagem minha a rir-me como Varandas em Alcochete, já estava preso em Guantánamo”

José Sena Goulão / Lusa

A poucos dias de ser ouvido pelo Ministério Público, arguido no caso da invasão da Academia de Alcochete, que pode confirmar a sua expulsão de sócio do Sporting, Bruno de Carvalho confessa que não irá ficar calado.

O antigo presidente lança suspeitas sobre o comportamento de vários entidades do Sporting nos dias que antecederam a invasão do centro de treinos dos verdes e brancos, por parte de cerca de 50 adeptos, acusando-os de nada terem feito para evitar as agressões aos jogadores.

Bruno de Carvalho deixou ainda duras críticas à Justiça portuguesa, com foco na procuradora Cândida Vilar. “Todos nós pudemos observar aquela coisa hedionda que foi o interrogatório da procuradora Cândida Vilar ao Fernando Mendes. Toda a gente pôde observar essa perseguição e esta forma de atuação que ela tem para comigo”.

Bruno de Carvalho assume, em entrevista ao Expresso, que ainda que não trabalha há mais de um ano e que ninguém arrisca dar-lhe a mão por medo de represálias daquilo que diz ser “o sistema” do Sporting, o mesmo que derrotou quando se tornou presidente e o mesmo que o deitou abaixo há um ano.

“O que estes senhores fizeram foi isso, estes senhores tiraram-me a possibilidade de trabalhar. Quando perguntam até onde vai o sistema, o sistema vai até aqui”, revela.

Sobre o atual presidente do Sporting Frederico Varandas, Bruno diz não querer opinar – pelo menos para já. “Vou esperar até dia 6 de julho, para saber se sou associado do Sporting ou não. E depois posso falar”, sublinha. Mas deixa a farpa: “Se houvesse uma imagem minha a rir-me como Varandas naquela altura em Alcochete, já estava preso em Guantánamo. Porquê em Guantánamo? Porque é onde se metem os terroristas”.

No dia 15 de maio deste ano, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na Academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 alegados adeptos encapuzados, que agrediram alguns jogadores, treinadores e equipa técnica.

Na sequência do ataque à academia, nove futebolistas rescindiram os contratos com o clube. Rui Patrício, Rafael Leão, Daniel Podence, Gelson Martins e Ruben Ribeiro saíram em litígio com o Sporting e transferiram-se para outros clubes.

Bas Dost, Bruno Fernandes e Rodrigo Battaglia voltaram atrás na decisão de abandonar o Sporting, enquanto William Carvalho saiu para o Betis, de Espanha, após acordo do clube espanhol com os ‘leões’.

Bruno de Carvalho foi destituído e afastado da presidência a 23 de junho de 2018. Em Assembleia Geral, os sócios votaram pelo afastamento do então presidente dos “leões”. Bruno de Carvalho mostrou-se disposto a recandidatar-se à presidência do Sporting — conquistada por Frederico Varandas —, mas foi impedido devido à suspensão de um ano imposta pelo órgão disciplinar do Sporting. Em março deste ano, Bruno de Carvalho foi expulso de sócio do clube.

Em julho, depois de aplicar a prisão preventiva a 36 dos agressores que invadiram Alcochete, um juiz de instrução criminal do Barreiro apontou Mustafá como suspeito de liderar o grupo de indivíduos “responsáveis por situações de guerrilha urbana, criando assim um clima de terror e pânico nos dias de jogos“.

Em agosto, alguns dos jogadores do Sporting envolvidos nas agressões de Alcochete tinham já também apontado o dedo a Bruno de Carvalho como responsável pelo incidente, relembrando que o então presidente tinha uma relação de promiscuidade com os líderes da Juventude Leonina.

O presidente do Sporting e Nuno Mendes, conhecido por Mustafá foram detidos em novembro, mas saíram em liberdade quatro dias depois.

ZAP //

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