Estela Silva / Lusa

Sampaio da Nóvoa foi candidato às eleições presidenciais em 2016
No mesmo dia, dois anúncios que podem mudar o desfecho das eleições presidenciais. António José Seguro agradece.
As eleições presidenciais, que estavam a ser assunto diariamente a mais de um ano da sua realização, foram “encostadas” já em 2025 devido às eleições legislativas. Mas agora voltam a ser tema quente, devido aos dois anúncios – no mesmo dia – que podem mudar o desfecho das eleições.
António Sampaio da Nóvoa, que oficialmente nunca foi candidato, anunciou a sua retirada. Horas depois, João Cotrim de Figueiredo anunciou a sua candidatura.
Alexandra Machado acha que agora “as contas ficam muito mais complicadas, especialmente para Bloco de Esquerda, Livre e uma parte do PS” – que queriam que Sampaio da Nóvoa fosse candidato (em relação ao Bloco, Catarina Martins vai ser a alternativa).
Mas, também na rádio Observador, André Azevedo Alves acrescentou que António José Seguro é quem beneficia mais.
João Galamba disse no Expresso que, com a lista de candidatos conhecidos para as presidenciais, ou nem votaria, ou votaria em Seguro “mas sem qualquer entusiasmo”. A comentadora Alexandra Machado acha que o ex-ministro “vocalizou o que muitos socialistas pensam”.
Neste cenário de “esquerda órfã”, é mesmo António José Seguro que “vai capitalizando”.
Retirada de Sampaio da Nóvoa
Em relação ao “candidato que nunca foi”, Alexandra não percebeu as justificações de Sampaio da Nóvoa, que disse: “Após uma reflexão cuidada e aprofundada sobre o momento político que o país atravessa, e sobre as responsabilidades que um tal exercício exige, cheguei à conclusão de que não devo avançar para uma nova candidatura presidencial”.
As perguntas da comentadora: “Momento político? Não sei o que quis dizer com isto; foi ter virado à direita? Responsabilidades? Ele saberá quais são; será a responsabilidade de ser o candidato de uma determinada esquerda? Acho que esta reflexão cuidada e aprofundada precisava de uma justificação cuidada e aprofundada”.
Judite França interrompeu para dizer: “É o mesmo que dizer: ia ter um péssimo resultado”.
Em 2016, Sampaio da Nóvoa foi o segundo candidato mais votado, com quase 23%, só atrás do vencedor Marcelo Rebelo de Sousa. “Com esta configuração, isso seria impossível”, atira Judite França.
Divisão à direita
Cotrim de Figueiredo, que pode ter-se antecipado a Rui Moreira, apresentou uma “fasquia baixa” na sua ambição presidencial: conseguir o que a Iniciativa Liberal conseguiu nas últimas eleições europeias. Ou seja, perto dos 10%.
“Sendo muito seguro de si, é uma fasquia um pouco baixa. Talvez seja para brilhar depois. Esperamos é que não desista como desistiu” no ano passado, quando era candidato a presidente do grupo dos liberais no Parlamento Europeu.
No seu anúncio, Cotrim prometeu não ser o novo Marcelo. “Tal como os outros candidatos presidenciais. Acham que vão ganhar com isso”, acrescentou ainda Alexandra Machado.
Este panorama, sublinha o Expresso, deixa a direita bastante dividida rumo às presidenciais de Janeiro. E com André Ventura na corrida, a divisão ainda seria maior – o candidato do Chega é definido no dia 12 de Setembro.
Ainda há Gouveia e Melo e Luís Marques Mendes, que devem reunir muitos votos de eleitores de direita.