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Curto-circuito, três funcionárias, alarme: o que falhou na tragédia em Mirandela

Estela Silva / LUSA

Camas retiradas do lar da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela

Havia três funcionárias no lar no momento do incêndio – a lei exige mais. Polícia está a investigar, Segurança Social abre processo.

Além dos fogos na floresta, um outro tipo de incêndio abalou o país neste fim-de-semana: seis idosos morreram num lar da Santa Casa da Misericórdia, em Mirandela.

Num primeiro momento, o provedor Adérito Gomes revelou que as chamas começaram num “colchão anti-escaras”, num quarto com três utentes, que acabaram por morrer. Outros três, devido à inalação de fumo e a problemas respiratórios, também não conseguiram resistir.

O Jornal de Notícias dá entretanto mais detalhes: o colchão, eléctrico, terá mesmo iniciado o fogo, graças a um curto-circuito. Nesse colchão estava a dormir um dos idosos falecidos.

Mas houve outros problemas. O Instituto da Segurança Social assegura que o edifício “cumpre o plano de segurança”, mas Adérito Gomes admitiu que os alarmes, os detectores de fumo, não funcionaram.

Além disso, os vizinhos que foram ao local para ajudar as vítimas denunciaram falhas nos extintores: “Tentei utilizar três, mas só um é que funcionou”, conta o morador Paulo Pereira. O provedor Adérito Gomes garantiu que os extintores estavam a funcionar e foram carregados nos prazos previstos e obrigatórios.

E havia três funcionárias a trabalhar no momento do incêndio – e a lei exige mais: um ajudante por cada 20 residentes. O lar tinha 89 pessoas, por isso teria de haver pelo menos cinco pessoas a trabalhar em simultâneo.

Essas três funcionárias entraram no quarto onde o fogo começou, mas nada conseguiram fazer. Os três utentes que dormiam nesse quarto morreram rapidamente, três de quartos próximos morreram por asfixia. As chamas chegaram ao andar superior do edifício.

25 idosos ficaram feridos, cinco deles com gravidade, sobretudo devido à inalação de fumo.

A Polícia Judiciária começou rapidamente a investigar o caso. O Instituto da Segurança Social abriu um processo de averiguação.

Luís Montenegro lamentou este desfecho: “Recebi com muita consternação a trágica notícia do incêndio no lar da Santa Casa da Misericórdia de Mirandela. Deixo sentidas condolências aos familiares das vítimas mortais e votos de rápida recuperação a todos os feridos. Agradeço também o grande trabalho de todos os que evitaram maiores proporções ao incidente”, escreveu o primeiro-ministro.

A Câmara Municipal de Mirandela decretou três dias de luto.

ZAP //

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