Presidenciais: Cotrim sim, Sampaio da Nóvoa não

Manuel de Almeida / Lusa

João Cotrim de Figueiredo

Antigo líder da IL anunciou que é candidato a presidente da República. Sampaio da Nóvoa não tem condições para avançar.

João Cotrim de Figueiredo é candidato a presidente da República. O antigo líder da Iniciativa Liberal (IL) e eurodeputado anunciou na noite passada a sua candidatura a Belém.

“Posso anunciar que sim, sou candidato à Presidência da República nas eleições que terão lugar em 2026”, anunciou João Cotrim Figueiredo na SIC, que disse querer fazer uma “candidatura mais abrangente”, além da IL, e “abri-la a toda a gente que consiga imaginar um Portugal diferente do que ele é hoje”.

Citando Fernando Pessoa, o ex-líder da IL disse ter a certeza de que as “obras grandes nascem sempre do sonho ou da imaginação de alguém ou de alguéns, de grupos de pessoas, que pensam um bocadinho mais à frente e um bocadinho maior do que outros”.

“E eu olho para este país e gostava que fosse um país mais avançado, menos cinzento, menos bafiento, mais arejado, que fosse muito mais moderno, onde se pudessem criar grandes obras de cultura, de conhecimento”, referiu.

Cotrim Figueiredo disse ter recebido “centenas de mensagens de pessoas de muitos partidos”, que o incentivaram a avançar e concordaram que “isto podia ser bastante melhor e diferente”.

“Eu sei que não estou nisto sozinho e imagino aquela faixa do eleitorado – especialmente a mais dinâmica, o mais jovens – a olhar para a atual oferta de candidatos que se perfilam nestas presidenciais e a não se reverem”, referiu.

Nas últimas eleições presidenciais, em janeiro de 2021, o candidato apoiado pela IL, Tiago Mayan Gonçalves, ficou em sexto lugar, com 3,22% e 134 mil votos.

Para estas eleições presidenciais, a atual líder da IL, Mariana Leitão, já tinha anunciado uma candidatura a Belém, que acabou por retirar quando decidiu concorrer à presidência do partido.

Sampaio da Nóvoa está fora

O professor universitário António Sampaio da Nóvoa colocou-se definitivamente fora da corrida presidencial de 2026, numa declaração enviada à Lusa em que afirma não ter condições para avançar.

“Após uma reflexão cuidada e aprofundada sobre o momento político que o país atravessa, e sobre as responsabilidades que um tal exercício exige, cheguei à conclusão de que não devo avançar para uma nova candidatura presidencial”, escreve António Sampaio da Nóvoa numa declaração escrita enviada à agência Lusa.

Apesar de sublinhar que “a participação cívica é uma responsabilidade de todos”, Sampaio da Nóvoa acrescenta: “mas não estão reunidas as condições para uma candidatura aberta e plural, humanista, transversal aos mais diversos setores da sociedade, como aconteceu nas eleições de 2016, nas quais recebi 23% dos votos”.

“Sei muito bem quem sou e quem não sou, e os valores e princípios de independência que fazem parte da minha história de vida”, refere o professor universitário e embaixador de Portugal na UNESCO entre 2018 e 2021.

O também antigo membro do Conselho de Estado, de 70 anos, agradece “o apoio manifestado pelo Senhor General Ramalho Eanes, personalidade maior da nossa vida nacional”, bem como o de muitos cidadãos que o incentivaram nos últimos meses.

“Durante os últimos meses, muitos cidadãos manifestaram-me o seu apoio e incentivo para uma eventual candidatura presidencial, sem que eu próprio tivesse, em algum momento, falado sobre essa possibilidade. A todos agradeço a confiança depositada e o carinho demonstrado”, afirma.

No texto enviado à Lusa, Sampaio da Nóvoa considera que “em tempos de ódio e de violência, é urgente defender a Constituição e a democracia, com base na liberdade, na solidariedade e nos direitos humanos”.

“Continuo inquieto e preocupado com o nosso país. Continuo a sentir que é preciso agir. Mas acredito que posso ser mais útil liberto de amarras partidárias, políticas ou outras, liberto de calculismos ou interesses que não os interesses nacionais. Agirei sempre através de uma intervenção cívica sobretudo nas áreas da educação, da ciência e da cultura, nomeadamente junto dos jovens. Motivado, inconformado, militante das grandes causas”, sublinha.

O ex-candidato, que em 2016 alcançou 22,9% dos votos e ficou em segundo lugar atrás de Marcelo Rebelo de Sousa, considera que “Portugal é muito melhor do que tantas vezes se ouve e se lê”.

E indica várias áreas: “Na economia. Nas iniciativas empresariais. Nos desenvolvimentos científicos e tecnológicos. No poder local. Na vida das comunidades. Nas associações de cultura e de desporto. Nas instituições de solidariedade social. Em tantos outros setores e com tantos bons exemplos”.

Apesar de estar fora da corrida a Belém, António Sampaio da Nóvoa pede ambição para o futuro do país.

“Juntos, precisamos de construir uma ambição de futuro para Portugal – avançar um século numa década -, “Salvar a esperança, como nos ensinou Adriano Moreira. Sem divisões. Sem facciosismos. Com alegria. Com humanidade. Continuando a história de liberdade dos últimos 50 anos, mas rompendo com a pobreza e a mediania que nos reduzem e nos diminuem”, escreve.

Por último, defende que “se os portugueses quiserem, e decidirem, Portugal pode ser um país infinitamente melhor”.

“A cidadania exige coragem. Nunca falharei ao meu país. Sempre que necessário, estarei presente. Reafirmo a minha total disponibilidade para cumprir as minhas obrigações cívicas ao serviço dos portugueses, do bem comum e dessa esperança maior”, conclui o antigo candidato a Presidente da República.

“Boa nota” de Seguro

O candidato a Presidente da República António José Seguro apelou hoje aos “humanistas, democratas e progressistas” para se juntarem à sua candidatura e saudou a disponibilidade de Sampaio da Nóvoa para dar contributos ao país.

“O que é importante dizer é que a minha candidatura é aberta. Volto a apelar a todos os humanistas, democratas e progressistas, àqueles que querem e acreditam que é possível construir um país com a união de todos os portugueses. Apelo a essa convergência”, afirmou Seguro, em declarações aos jornalistas à entrada do Festival Paredes de Coura, no distrito de Viana do Castelo.

Sobre o facto de Sampaio da Nóvoa se ter colocado fora da corrida presidencial de 2026, Seguro destacou que ambos partilham “valores comuns, como a defesa da democracia, dos valores humanistas e da Constituição”.

Tomo boa nota que não é uma desistência do país. Ele expressou disponibilidade para dar os seus contributos cívicos e intelectuais e o país fica-lhe grato por isso”, disse.

Até ao momento, já formalizaram a intenção de intenção de concorrer às eleições presidenciais de janeiro de 2026 o antigo presidente do PSD, Luís Marques Mendes, o ex-chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, o antigo secretário-geral do PS António José Seguro, e o ex-deputado do PCP António Filipe.

ZAP // Lusa

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