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Há 72 concelhos com risco “muito elevado” de contágio. Governo esconde mapas de perigo

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O Governo insiste em não divulgar os mapas de perigo com o risco de contágio por coronavírus que foram feitos por peritos da Direcção Geral de Saíde (DGS). Isto numa altura em que o Expresso identifica 72 concelhos com risco “muito elevado” de infecção.

O Expresso calculou os concelhos portugueses com maior incidência de covid-19, no período de 5 a 19 de Outubro, tendo por base dados da DGS e estimativas de população do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

Assim, ordenou 72 concelhos que apresentam um risco “muito elevado” de contágio depois de, em duas semanas, terem contabilizado mais de 120 novos casos por 100 mil habitantes.

Esses concelhos são os seguintes, ordenados do maior ao menor grau de incidência do contágio por coronavírus:

– Paços de Ferreira, Lousada, Bragança, Alvaiázere, Porto, Montalegre, Alcoutim, Mogadouro, Paredes, Pinhel, Felgueiras, Vizela, Góis, Marco de Canaveses, Penafiel, Arruda dos Vinhos, Valongo, Cinfães, Lisboa, Loures, Vila Flor, Sintra, Amarante, Cascais, Esposende, Vila Pouca de Aguiar, Guimarães, Vila Real, Alfândega da Fé, Santo Tirso, Resende, Borba, Vila Franca de Xira, Beja, Matosinhos, Ribeira de Pena, Odivelas, Lagos, Alter do Chão, Castelo de Paiva, Maia, Vila Verde, Castro Marim, Amadora, Mafra, Mêda, Seixal, Oeiras, Alenquer, Odemira, Penamacor, Entroncamento, Almada, Póvoa de Varzim, Vila Nova de Gaia, Vila do Conde, Albufeira, Macedo de Cavaleiros, Fafe, Póvoa de Lanhoso, Sernancelhe, Valença, Vinhais, Gondomar, Alcochete, Vila do Bispo, Tabuaço, Cantanhede, Valpaços, Guarda, Constância e Vila Nova de Famalicão.

A grande maioria dos concelhos que têm uma incidência “preocupante” de covid-19 estão a norte, como revela ao Expresso o professor de Epidemiologia Manuel Carmo Gomes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Vizinhos de Felgueiras, Lousada e Paços Ferreira em avaliação

Paços de Ferreira, Felgueiras e Lousada, no distrito do Porto, já foram sinalizados como os concelhos com as situações mais complicadas, tendo sido alvo de medidas de restrição específicas.

A ministra da Saúde assumiu que há concelhos na região Norte que “merecem maior preocupação” e que estão a ser avaliados “muito concretamente” pela DGS, nomeadamente aqueles que ficam próximos daqueles três concelhos.

“A confluência geográfica e a movimentação de pessoas são factores que agravam o risco, estamos a avaliar essa situação”, considerou Marta Temido na conferência de imprensa de actualização de dados sobre o coronavírus.

Sobre as medidas de restrição decretadas pelo Governo para Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, a governante afirmou que a decisão “teve a ver com a incidência de novos casos ao longo dos últimos sete e 14 dias, mas também com a velocidade de crescimento de novos casos e com a pressão que se está a sentir em termos de capacidade de resposta de serviços de saúde”.

Desde as 00:00 desta sexta-feira, 23 de Outubro, as pessoas dos três concelhos do distrito do Porto têm o dever de permanência no domicílio, a proibição de quaisquer eventos com mais de cinco pessoas, bem como a obrigatoriedade de os estabelecimentos encerrarem às 22 horas e o teletrabalho como obrigatório para todas as funções que o permitam.

Mapas de risco escondidos

Com o agravamento dos novos casos nos últimos dias e prevendo-se que a curva continue a crescer até ao fim do ano, há investigadores e especialistas que defendem a divulgação dos mapas de risco de contágio por concelho que foram elaborados por peritos do Instituto Ricardo Jorge e da DGS.

Esses mapas de risco visam fazer “recomendações destinadas ao funcionamento dos transportes públicos, escolas, lares, cafés, restaurantes ou realização de festas, e que possam ser postas em prática pelas autoridades de saúde locais”, explica ao Expresso o professor Manuel Carmo Gomes.

Contudo, o Governo recusa divulgar esses mapas, considerando que torná-los públicos “poderia acentuar as desigualdades”, bem como “dificultar a mensagem que se quer passar: de que a luta contra a pandemia é uma responsabilidade de todos, independentemente de onde vivem”, como aponta o Expresso.

Inicialmente, o Governo previa divulgar estes mapas de risco, mas mudou de ideias “quando os surtos aumentaram em freguesias e concelhos mais pobres“, salienta ainda o semanário.

Estes mapas têm sido utilizados pela DGS nas análises diárias à situação, argumenta o Governo, desvalorizando, assim, a sua não divulgação pública.

Toda a região Norte já está com mapas de risco a funcionar e a avaliar a situação epidemiológica. São esses mapas de risco que norteiam a nossa decisão”, já referiu Marta Temido.

A ministra acrescentou que estes mapas podem ser “um instrumento muito importante na adopção de medidas locais e regionais“, nomeadamente para “ajudar a definir as fronteiras de zonas onde há uma maior transmissão, mas têm um impacto interpretativo nas pessoas”.

“Não podemos esquecer que mapear uma zona com uma tipologia de cores pode ter algum efeito negativo na forma como se encaram determinadas localidades“, alertou Marta Temido.

Contudo, há especialistas que insistem que “os cidadãos têm o direito de ter acesso a toda a informação que lhes permita protegerem-se melhor”, como destaca ao Expresso o antigo diretor-geral da Saúde, Constantino Sakellarides.

“Os riscos não são iguais ao mesmo tempo em todos os municípios, portanto, faz sentido existirem mapas locais para alertar para a adopção de medidas pela comunidade“, acrescenta o também ex-diretor-geral da Saúde, Francisco George, igualmente em declarações ao Expresso.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Não há “mapas de risco”, a sim um grande Mapa de risco que é todo o Portugal Continental e Anexos !………. A estirpe COVID não viaja sozinha, acompanha as nossas deslocações !…por isso digressões e eventos em localidades dispersas, que acolhem grandes lotações, são a excelente “boleia” para esse nosso hospede !

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