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Governo manda preparar aulas à distância. Há 700 escolas para filhos de trabalhadores de serviços essenciais

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António Cotrim / Lusa

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O Ministério da Educação já deu instruções aos estabelecimentos de ensino para começarem a preparar as aulas à distância. Enquanto isso, há cerca de 700 escolas de acolhimento disponíveis para receber os filhos de trabalhadores de serviços essenciais.

O Correio da Manhã avança esta segunda-feira que o Ministério da Educação já deu indicações às escolas para começarem a preparar o ensino à distância.

“Tendo as escolas, na preparação do ano letivo, previsto o funcionamento em regime não presencial, este deve estar preparado para poder ser ativado”, lê-se num email de “instruções e recomendações” enviado aos diretores na quinta-feira passada, dia em que o Governo anunciou a interrupção das aulas durante duas semanas.

Segundo o CM, o documento assinado por João Miguel Gonçalves, diretor-geral dos Estabelecimentos Escolares, informa que as escolas voltam a ter acesso a plataformas de editoras e outros recursos oferecidos no ano letivo passado para apoiar a implementação do ensino à distância.

Em declarações ao Jornal de Notícias, o Ministério da Educação esclareceu que o email enviado incluía “várias informações redundantes, mas necessárias para que toda a organização escolar ocorra devidamente”, e que tal não indica uma decisão do Governo.

O regresso ao ensino à distância deverá retomar no próximo dia 8 de fevereiro. Porém, há cerca de 200 mil alunos da Ação Social Escolar sem os computadores prometidos pelo Governo.

“O regime não presencial está ativado há muito tempo, faltando no entanto a entrega dos recursos tecnológicos prometidos pelo Governo”, disse Arlindo Ferreira, diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, em declarações ao CM.

Filinto Lima, diretor da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, disse acreditar que “as autarquias vão continuar a apoiar no fornecimento de equipamentos aos mais carenciados”.

O Governo prometeu que ia entregar computadores com Internet a 1,3 milhões de alunos e professores, mas até agora só entregou 100 mil aos cerca de 300 mil estudantes com Ação Social Escolar. O Ministério da Educação já adquiriu mais 335 mil computadores, que espera começar a entregar neste 2º período.

Há 700 escolas para filhos de trabalhadores essenciais

Com as escolas fechadas durante o confinamento geral, o Governo anunciou que vão estar disponíveis cerca de 700 escolas de acolhimento para filhos e outros dependentes dos trabalhadores de serviços essenciais que têm mesmo de ir trabalhar, não podendo ficar em casa com os filhos.

Estas escolas servirão também refeições aos alunos abrangidos por apoios no âmbito da Ação Social Escolar, segundo um comunicado do Ministério da Educação citado pelo ECO.

“A partir desta segunda-feira, as escolas continuam assim a cumprir uma função social imprescindível, em todo o território, garantindo diariamente, às crianças e jovens que o necessitem, acolhimento ou uma resposta alimentar adequada”, acrescentou o Ministério.

É possível consultar a lista de estabelecimentos que vão estar abertos durante o confinamento geral no site da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.

CDS quer ouvir ministro da Educação

De acordo com o jornal Público, o CDS quer ouvir o ministro da Educação com urgência no Parlamento sobre os próximos passos a dar pelo Governo no plano escolar deste ano letivo.

Para o partido liderado por Francisco Rodrigues dos Santos, a decisão de encerrar as escolas por 15 dias sem permitir o ensino à distância não contribui para minimizar as desigualdades entre os alunos.

“Se a situação se prolongar por mais de 15 dias, como muitos especialistas aventam, qual será o plano?”, questionou a deputada Ana Rita Bessa.

No requerimento da audição, que foi enviado para a comissão parlamentar de Educação, o CDS considera que “a proibição de as escolas, estatais ou privadas poderem continuar em ensino a distância não serve os alunos, não ajuda os pais – entretanto em teletrabalho –, minoriza a escola pública e aprisiona a escola privada”.

O CDS está contra o que chama de “férias compulsivas” ao não ser permitido o ensino à distância – nem que fosse apenas para consolidar matéria ou fazer revisões.

“Não é indiferente os alunos estarem confinados em casa a ver televisão ou terem acesso a aulas ou a algum ensino ainda que de forma aliviada e apesar de ter de haver sempre uma compensação com aulas presenciais noutros momentos do ano”, defendeu a deputada, em declarações ao Público. “Isto é que era uma política ativa de correção de desigualdades”.

A centrista disse-se preocupada com as decisões que o Governo tomará daqui a 15 dias, tendo em conta que “vários especialistas” avançam com a probabilidade de a situação grave da pandemia “se prolongar até fevereiro ou até março”.

O requerimento para ouvir o ministro da Educação deve ser discutido e votado esta terça-feira.

Maria Campos, ZAP //

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