No seu habitual espaço de comentário político semanal na SIC, Luís Marques Mendes falou sobre as recentes alterações no Governo, a moção de censura do CDS que “não faz sentido” e a “crise anunciada” da ADSE.
Marques Mendes começa por destacar o facto de estas mudanças se fazerem todas dentro do núcleo duro do PS, com “a prata da casa”, decisão que faz este Governo tornar-se “mais fechado, de combate.” Ao mesmo tempo, outro dos destaques prende-se com o facto destas mudanças representarem “um ligeiro desvio à esquerda” que se fará sentir no Governo, segundo o Observador.
Pedro Nuno Santos, um dos “promovidos” com esta alteração, vê também reforçada a sua posição política ao alcançar “um ministério super-popular”, ganhando, pelo meio, dois grandes “aliados” em “lugares-chave”: Duarte Cordeiro e Mariana Vieira da Silva.
Finalmente, Marques Mendes terminou afirmando que esta alteração não será “para fazer obra”, não terá tempo para isso, mas sim uma “remodelação para fazer política” a “pensar nas eleições”.
O ex-político atira ainda que António Costa está a tentar dar destaque a todos aqueles que, no futuro, poderão vir a ocupar o seu lugar enquanto secretário-geral do Partido Socialista.
“António Costa, a pouco e pouco, está a dar palco pesado a todos aqueles que podem vir a ser os seus sucessores. Está a colocar todos os potenciais sucessores no palco”, declarou Marques Mendes no canal televisivo, citado pelo Expresso. “Está, digamos assim, a colocá-los todos ali. A dar-lhes palco. E, a partir dali, eles que se entendem”, concretiza.
Moção de censura é um “número de fogo de artifício”
Sobre a moção de censura apresentada esta sexta-feira pelo CDS, a segunda num curto espaço de tempo, Marques Mendes disse não ter significado útil: “É política virtual e até artificial. É um número de fogo de artifício. Não tem qualquer razão substantiva que a justifique”, afirmou o comentador.
Se a primeira moção, apresentada em 2017 a propósito da forma “inqualificável” como o Governo lidou com os incêndios, segundo Marques Mendes fez “todo o sentido”, esta segunda trata-se de um caso de “gato escondido com o rabo de fora”.
Acredita o comentador que esta iniciativa de Assunção Cristas quase nem é direcionada ao Governo, mas sim ao PSD e ao Aliança.
No fim de semana, a primeira reação do PSD deixou tudo em aberto em relação ao voto dos sociais-democratas. Sem concretizar qual seria o sentido de voto, o social-democrata assegurou que o partido “continuará a denunciar a má governação de que o país e os portugueses têm sido vítimas”.
Esta manhã, o vice-presidente anunciou que o PSD vai votar a favor da moção de censura apresentada pelo CDS. “Não tem muito sentido nós estarmos, por um lado, a dizer que estamos contra o Governo, por outro, estarmos a fazer oposição e, por outro lado, não secundar a posição do CDS. Muito provavelmente a posição de que vamos tomar – se nada mudar – é precisamente de votar a favor da moção do CDS”, revelou David Justino.
Para Marques Mendes, segundo o que disse na SIC, se o PSD apoiasse o PS, “suicida-se”, se estiver do lado do CDS, “faz papel de idiota”.
David Justino respondeu à letra em entrevista à TSF. Questionado a propósito das palavras de Marques Mendes, o vice-presidente do PSD recusou “comentar comentadores”. “O Dr. Marques Mendes às vezes faz papéis parecidos com esse que apregoa.”
A “crise anunciada” da ADSE
Houve ainda espaço para mencionar a situação da ADSE, a “crónica de uma crise anunciada” em que “todos perdem.”
Marques Mendes foi mais longe ao afirmar que esta situação complicada é “responsabilidade do Governo”, que não conseguiu antecipá-la e que se encontra completamente desorientado: por um lado Costa tenta por “alguma água na fervura”, por outro, Centeno e a Ministra da Saúde “comportam-se como verdadeiros incendiários.” Tudo isto resume-se a mais um “problema político” que vai “fragilizar o Governo”.
… a moção de censura do CDS que “não faz sentido”… mas o teu chefe vai – mais uma vez como não poderia deixar de ser, uma vez que ambos os partidos são da extrema-direita fascista -, votar a favor da moção…