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Mário Centeno anuncia queda inédita do PIB no segundo trimestre

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Stephanie Lecocq / EPA

O ministro das Finanças afirmou, esta segunda-feira, que as estimativas do Governo apontam para uma queda de 6,5% do PIB anual por cada 30 dias úteis em que a economia esteja paralisada devido à covid-19.

“As estimativas que existem – e apresentaremos brevemente números nesse sentido – estão enquadradas em factos que vão desde 6,5% do PIB anual por cada 30 dias úteis em que a economia esteja parada, como está hoje em Portugal”, referiu Mário Centeno em entrevista à TVI.

O ministro avisou que este impacto dos 30 dias úteis no PIB (Produto Interno Bruto) “não é linear” e vai-se deteriorando à medida que o tempo passa.

“Não basta multiplicar por frações de 30 dias, porque o processo vai-se deteriorando“, precisou Centeno, assinalando a necessidade de ter de ser dada uma “resposta urgente e rápida à economia” assim como se está “agora a dar à saúde”.

No conjunto do ano, o governante considera que não vamos chegar a uma queda de dois dígitos do PIB, mas, no segundo trimestre, a queda será quatro ou cinco vezes qualquer queda já vista num trimestre em Portugal, cita o semanário Expresso.

“O segundo trimestre vai ter uma quebra próximo de quatro ou cinco vezes o máximo que já vimos o PIB num trimestre cair em Portugal”, disse Mário Centeno.

De acordo com o jornal Observador, o também presidente do Eurogrupo estima um impacto nas contas públicas entre os seis e os sete mil milhões de euros. “Não tenho números, pensamos que os estabilizadores automáticos possam representar, juntamente com as medidas que já tomámos de apoio ao emprego, números próximos dos seis a sete mil milhões de euros, que – obviamente – não vamos retirar da economia”.

Questionado sobre quando será possível voltar à situação financeira de 2019, Centeno disse acreditar que, se a crise for contida no segundo trimestre e a saída feita no terceiro e quarto trimestres, regressemos a esses números em cerca de “dois anos”.

Na mesma entrevista, o ministro abordou a questão da TAP, considerando que “há muitas formas de intervir” e a nacionalização pode ser uma delas. “Não seria correto ou verdadeiro que eu dissesse que qualquer opção fosse tabu. Não vamos retirar nenhuma possibilidade de cima da mesa. Mas há muitas formas de intervir na TAP que não passam por aí”.

Sobre o acordo do Eurogrupo, Centeno considerou que foi “uma vitória da Europa”, acrescentando que “foi um dos momentos em que mais acumulámos capital em favor do projeto europeu”.

“A crise de 2008 foi pré-anunciada pelo menos 10 anos e quando começou demorámos muito tempo a reagir. Desta vez tomámos decisões em 10 dias”, comparou, afirmando que a resposta europeia foi “muito corajosa”.

No entanto, o presidente do Eurogrupo lembra que “este não é o fim da linha” e que há “mais para fazer pela Europa”, sendo que “a questão que se coloca agora” é a de como pagar a dívida.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Não acreditando que seja ingénuo, tem de ser mal intencionado. 30 dias úteis são 1,5 meses. Neste horizonte temporal, o limite máximo é de 12,5%. Ou seja, em termos relativos, 6,5% corresponde a uma paragem de 52%… Isto números dele…. Alguém que reflicta sobre o impacto disto aceita dizer que não chegaremos a uma quebra de mais de 10% para uma situação que impactará 9 meses do ano?!?! Eu digo que, a este ritmo, vamos ter uma quebra de 30 a 45 %, assumindo que vamos ter estes iluminados a tomar medidas diferentes em tempo útil. O raciocínio deste … está tão certo como estava antes com os 2 mil milhões por mês de impacto. Reactivem a economia JÁ!!! Precisamos de produzir, servir, vender!!! E já vamos tarde!!!

    Quanto a privatizar a TAP… é gozar com quem paga impostos. Algo que ele não diz é que as quebras da receitas do estado este ano devem ser de mais de 50%!!

  2. Ainda há bem poucos dias o primeiro-ministro afirmava que esta crise não iria ser tão grave como a de 2010/2011 porque estamos melhor preparados, mas as evidências vão aparecendo dia após dia e ninguém acredita em tais afirmações, melhor seria estar calado, até para não provocar quezílias partidárias num momento em que convêm que todos rumem no mesmo sentido porque a situação é demasiado grave e há que evitar clivagens desnecessárias.

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