O “taskmasking” é a arma dos trabalhadores contra o regresso obrigatório ao escritório

Com os empregadores a forçar o regresso ao escritório, os funcionários estão a fingir que estão mais ocupados do que realmente estão, numa tendência apelidade de “taskmasking”.

Depois da demissão silenciosa, há agora uma nova tendência laboral a ganhar terreno entre a Geração Z — à medida que mais empresas aplicam políticas de regresso ao escritório, os trabalhadores estão a adotar táticas de “taskmasking” para parecerem ocupados sem serem necessariamente produtivos.

A tendência, que envolve acções como caminhar rapidamente pelo escritório com um computador portátil ou escrever agressivamente no teclado para se parecer ocupado, está a ganhar popularidade no TikTok e a ser notada por gestores e profissionais de Recursos Humanos.

Uma grande quantidade dos jovens trabalhadores entrou no mercado quando a pandemia exigiu ficar em casa. Com o regresso ao escritório a ganhar vapor, agora é a primeira vez que muitos deles se têm de deslocar consistentemente para o local de trabalho em vez de realizar tarefas no seu próprio tempo e na privacidade da sua casa. Agora, fisicamente cercados por colegas e superiores, têm de aprender a comunicar visualmente que estão ocupados.

A criadora de conteúdos Gabrielle Judge, conhecida como “Anti Work Girlboss”, recordou como os seus colegas costumavam fazer “taskmasking”, parecendo ocupados quando não estavam a trabalhar ativamente.

As técnicas incluíam olhar concentrado para os ecrãs dos computadores, o envio frequente de emails, usar AirPods para parecerem que estão em reuniões e envolverem-se em conversa fiada relacionada com o trabalho quando fazem uma pausa para café, explica o The Guardian.

Há muito trabalho performativo no escritório”, observou Judge, sublinhando que a pressão social para parecer ocupado pode ser desgastante. “É exaustivo ter que usar uma máscara o tempo todo no trabalho. Ficamos tão cansados ​​ao ir para um escritório, mesmo que não tenha feito nada diferente do que faria em casa. É apenas o cansaço que vem com a exaustão social de desempenhar um papel”, considera.

A especialista em RH Cierra Gross, que trabalhou anteriormente na Google e na ExxonMobil, salientou que o taskmasking reflete questões mais amplas do local de trabalho, particularmente a insistência na presença física no escritório como um sinal de produtividade.

Mesmo os trabalhadores com bom desempenho, que terminam as tarefas mais cedo, podem recorrer ao taskmasking para preencher o tempo. “É inevitável que haja pessoas que tentem manipular o sistema em todas as empresas”, afirmou, salientando que a prática pode ser uma resposta às expectativas da direção e não um sinal de desleixo.

A persistência do taskmasking pode ser reforçada pelas tecnologias emergentes de vigilância do local de trabalho. Um estudo realizado em 2021 revelou que 80% das empresas monitorizam os trabalhadores remotos e híbridos, utilizando software para seguir a atividade online e até tecnologia de sensores para observar o comportamento no escritório.

Apesar de tais medidas, o taskmasking oferece aos trabalhadores um sentido de autonomia, particularmente para a Geração Z. “A Geração Z já realizou muitas etapas a partir de casa, pelo que a ideia de que o trabalho só pode ser feito num escritório está muito distante”, afirmou Judge.

Adriana Peixoto, ZAP //

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