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BE e PCP fazem pressão e Carlos César questiona: “Sentem-se melhor a fazer oposição ou a fazer acordos?”

Manuel de Almeida / Lusa

O presidente do PS, Carlos César

O presidente do PS defendeu, esta quinta-feira, que Bloco e PCP têm de esclarecer “o que os move” nas negociações orçamentais: se preferem fazer oposição a um Governo de direita ou fazer acordos com um Governo de esquerda.

“Não participo no processo negocial que decorre, trabalhosamente, entre o Governo e os partidos. Porém, sinto que BE e PCP, como os partidos mais representativos na interlocução com o PS e o Governo, têm de tornar mais inequívoco, e dizer mais claramente aos portugueses, o que os move”, escreveu Carlos César na sua conta de Facebook.

“Se só justificar como desaprovam o OE, derrubam o Governo e dão uma oportunidade à direita, ou se, pelo contrário, procuram construir consensos que afirmem à esquerda a governação do país (sem, evidentemente, ocultarem as suas divergências e as suas diferenças)”, acrescentou.

“O PS permanece apostado nessa construção. Já quanto ao BE e ao PCP, fico sem perceber se, afinal, se sentem melhor a fazer oposição a um governo de direita do que a fazer acordos com um governo de esquerda”, apontou.

O antigo presidente do Governo Regional dos Açores lembrou ainda que “era melhor para Portugal evitar que, como anunciou o Presidente da República, seja desencadeado agora um processo eleitoral antecipado, que prejudicará fortemente a execução adequada dos vultuosíssimos investimentos que o PRR proporciona e que fará com que o rigor que isso exige seja substituído pela agitação e a precariedade que o tempo eleitoral gerará”.

Costa parece não ter vontade de “chegar a bom porto”

Por seu lado, em entrevista à Antena 1, o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, defendeu que as exigências do partido para viabilizar o OE são medidas “muito pontuais, que respondem a alguns problemas estruturais do país”, mas que não são um “Orçamento do Estado paralelo”.

“O que nós constatamos é isso: é que da parte do primeiro-ministro parece não haver uma vontade, pelo menos com o Bloco de Esquerda, de chegar a bom porto negocial. Quais as intenções para isso? Pode haver várias, não sabemos, não estou na cabeça do primeiro-ministro. Aparentemente são insondáveis os seus desígnios“, defendeu.

O dirigente do BE reiterou que “o Orçamento do Estado tal como está”, e “mesmo com os desenvolvimentos que têm ocorrido ao longo da última semana”, “não merece um voto do Bloco de Esquerda que não o voto contra”.

“Ainda estamos em processo de diálogo com o Governo. Estamos à espera de que o Governo demonstre vontade para dialogar. Eu creio que há aqui uma mudança, que ela me parece necessária registar, é que nós estamos com dúvidas se realmente o senhor primeiro-ministro, em particular, tem vontade de negociar o Orçamento do Estado”, afirmou.

Segundo Pedro Filipe Soares, “a cada reunião” e depois de receber “alguma redação do Governo” das medidas em negociação, o partido leva com “um balde de água fria”.

PCP questiona se vale a pena viabilizar especialidade

Já o líder parlamentar comunista, João Oliveira, sustentou que “não serve de nada” viabilizar a discussão na especialidade de uma proposta orçamental que “não responde aos problemas do país”.

“A questão que se coloca é saber se vale a pena abrir a fase de especialidade“, disse à agência Lusa.

O comunista apontou ao Governo uma mudança de comportamento nas negociações orçamentais, face às discussões nos anos anteriores, e disse que desta vez o PCP foi confrontado “com os nãos todos”.

Nos Orçamentos dialogados anteriormente, disse, poderia não haver um entendimento total até à discussão na generalidade, mas havia um compromisso de “arrumar” os assuntos na especialidade.

Este ano, no que respeita ao OE2022, João Oliveira disse que o partido foi confrontado com os “nãos todos” previamente, o que levou, nas últimas semanas, os comunistas a declararem que houve sempre uma “resistência” e uma “recusa” por parte do executivo socialista.

Interpelado sobre o que seria necessário para viabilizar a proposta orçamental, o membro do Comité Central comunista disse que são precisos “sinais” de que o Governo está interessado em “melhorar as condições de vida dos portugueses”, por exemplo, através do aumento das pensões e dos salários.

Esta sexta-feira, o Governo reúne-se novamente com os líderes do PCP, Bloco e PAN.

ZAP // Lusa

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