Ana Rita Cavaco reuniu-se com Marcelo Rebelo de Sousa, mas duvida que o Presidente tenha ficado mais tranquilo após ter ouvido os representantes do setor da Saúde, no Palácio de Belém.
Ana Rita Cavaco, presidente da Ordem dos Enfermeiros, disse ao Expresso que não foi capaz de tranquilizar o Presidente da República em relação ao plano outono/inverno traçado pelo Governo, garantindo que o documento “só é bom no papel”, uma vez que, no terreno, peca por ser escasso e se limitar a medidas avulsas.
“Penso que o senhor Presidente quis ouvir os representantes dos profissionais de saúde para ele próprio ficar mais tranquilo em relação às respostas do setor nesta segunda vaga da pandemia”, disse, embora não acredite que “tenha ficado mais sossegado”.
“Não faz sentido não haver uma estratégia, o plano outono/inverno é efetivamente muito bom no papel, mas neste momento falta a operacionalização. Nós tivemos oito meses para preparar todas estas medidas, tudo aquilo que está a acontecer agora no dia-a-dia, nomeadamente os centros de saúde estarem sem vacinas quando começou a época de vacinação contra a gripe”, disse a bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
Ana Rita Cavaco, que defendeu que “o país tem tratado mal os enfermeiros“, criticou a “ausência de estratégia” para estes profissionais, “que estão absolutamente cansados, desmotivados, um bocadinho fartos de promessas vãs”, e disse que “não é possível pedir tudo aos enfermeiros e não dar nada em troca”.
“Olhamos para o Orçamento do Estado e não vemos lá nenhum acréscimo, nenhum dinheiro para atribuir a estes profissionais”, atirou.
A responsável apontou que a operacionalização das medidas nos hospitais e centros de saúde continua a ser um problema, por falta de estratégia e pela falta de profissionais. Para Ana Rita Cavaco, a medida de colocar alunos da licenciatura de enfermagem em Unidades de Saúde “não faz sentido” porque “os estudantes não estão ainda habilitados” a realizar a função.
A Ordem dos Enfermeiros realizou um inquérito para avaliar o número de profissionais habilitados e apurou que há 412 enfermeiros desempregados, 300 dos quais não foram foram sequer contactados e cerca de uma “centena que recusou porque, além de mal pagos, os contratos eram apenas de quatro meses”.
A Ordem disponibiliza, periodicamente, uma bolsa de enfermeiros com experiência para cuidados continuados e primários à tutela, mas Ana Rita Cavaco frisou que as condições não são atrativas, o que levou a que 20mil enfermeiros formados em Portugal tenham emigrado e não equacionem o regresso ao país.
Bastonária dos Farmacêuticos aponta falhas
Ana Paula Martins defendeu, à saída de uma audiência com o Presidente da República, que o país, nomeadamente a área da Saúde, falhou a preparação do período de outono/inverno e criticou a “comunicação bastante irregular” que tem sido feita da pandemia, que não se combate com “normativos”.
“Penso que não nos preparámos, não nos preparámos ao nível do que devíamos ter feito […] Não estamos pior do que estávamos e sabemos muito mais do que aquilo que sabíamos. Agora que podíamos ter feito muito mais nestes sete meses para nos prepararmos e organizarmos mais, isso seguramente, isso digo-o objetivamente”, disse a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos.
Ana Paula Martins foi recebida hoje à tarde em audiência pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito de um conjunto de reuniões promovidas pelo chefe de Estado com responsáveis do setor da saúde sobre o combate à pandemia.
A bastonária entende que houve “um défice de coordenação” involuntário e que “claramente existem dificuldade de planeamento na área da saúde” para respostas que devem existir, acrescentando que os últimos sete meses deviam ter servido para esse planeamento.
Ana Paula Martins defendeu que além da resposta ao dia-a-dia da pandemia, devia ter sido encontrado “um pedaço para preparar o futuro” que se sabia que iria acontecer. “Penso que essa parte para preparar o futuro falhou”, disse.
A responsável deixou ainda críticas à forma como tem sido feita a comunicação da pandemia, afirmando que “tem sido bastante irregular” e que o contexto exige “quatro ou cinco mensagens muito direcionadas, que envolvam as pessoas e que as façam sentir-se responsáveis”.
“Penso que a comunicação tem falhado. Poderíamos e deveríamos comunicar melhor e deveríamos ter campanhas nos meios de comunicação social. As conferências de imprensa respondem a necessidades específicas, mas não são as conferências de imprensa que tiram as dúvidas dos portugueses ou que lhes dão confiança nem que os chamam ao que é voluntariamente a sua responsabilidade”, disse.
A bastonária defendeu que “é preciso continuar a insistir todos os dias” em “coisas básicas” como os processos individuais de proteção contra a covid-19, que podem ser comunicadas de forma eficaz em campanhas em meios de comunicação social para as quais podem ser chamadas figuras públicas.
“[O combate à pandemia não se faz] com normas que às vezes as pessoas não percebem, às vezes com decisões que depois estamos três ou quatro dias a discutir se a decisão pode ser ou não pode ser implementada”, disse.
“Se não forem os portugueses a querer quebrar esta transmissão e a responder à covid, nós nunca conseguiremos fazer isso através de processos normativos. Não é possível. Cria tensão, cria problemas de coesão que devemos tentar evitar”, acrescentou.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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Pois para o Parlamento no OE há um aumento p/ as despesas na ordem dos 50%, para a Saúde nem a 5% de aumento chega. Com isto de verifica e confirma que o Governo está-se a marimbar para o sistema nacional de Saúde dos Portugueses. Continua a ter interesse tão somente nas regalias que o Parlamento/politicos cada vez têm mais.
Enquanto a “espertinha birrenta” estiver no poleiro, não vamos poder esperar melhorias. Mas, como “mais vale cair em graça do que ser engraçado”…
Olha a bastonária vigarista amiga do Ventura a fazer de conta que está preocupada com a saúde…
Como se tem visto, com uma bastonária destas os enfermeiros estão bem servidos…
Essa senhora fazia bem,era em vez,de andar a fazer queixinhas ao Presidente ir para um hospital dar o litro, como os iguais que nesta altura bem que são precisos…
Sempre que há um fogo esta traz logo lenha e gasolina.