Geoffrey Hinton revela que a namorada terminou relação com ele através do ChatGPT. “Ela pediu ao ChatGPT para me dizer que eu era um rato”. A IA ainda não destruiu a Humanidade, como Hinton teme, mas já ajudou a destruir a sua relação amorosa.
Prémio Nobel da Física no ano passado e amplamente considerado o “padrinho da Inteligência Artificial”, Geoffrey Hinton mantém uma relação complicada com a tecnologia que ajudou a desenvolver na Google, há vários anos. Aparentemente, com a namorada também.
Há muito que Hinton alerta para os riscos existenciais para a Humanidade causados pela IA, que ajudou a criar no Google — de onde saiu, com medo de que a sua criatura nos destruísse.
Hinton, de 77 anos, foi uma das personalidades do setor das tecnologias que em 2023 assinou carta com uma só linha, que apela à “mitigação do risco de extinção proveniente da IA”. Mas nem na sua vida pessoal o cientista informático parece conseguir escapar ao impacto desta tecnologia.
Em entrevista ao Financial Times, revelou que a ex-namorada, com quem manteve uma relação durante vários anos, decidiu terminar com ele através do ChatGPT — um produto que não existiria sem as suas investigações pioneiras.
Segundo o ChatGPT, Hinton é um rato.
“Ela pediu ao ChatGPT para me explicar o quão péssimo tinha sido o meu comportamento e entregou-me a resposta”, contou. “Não achei que tivesse sido assim tão rato, por isso não me sentia demasiado mal”, acrescentou, em sua defesa.
O episódio evidencia até que ponto a IA já entrou no quotidiano — mesmo para o “padrinho da IA” e uma das vozes mais críticas sobre os perigos da tecnologia, nota o Futurism.
A ex-companheira de Hinton não é caso único. Sobretudo entre os mais jovens, o ChatGPT tornou-se um apoio frequente nas ruturas amorosas, ajudando a redigir mensagens de separação e, em alguns casos, até a encorajar pedidos de divórcio.
Ainda que terminar uma relação esteja longe do cenário de catástrofe global que Hinton tantas vezes evoca, o caso não deixa de ser revelador.
Atualmente professor na Universidade de Toronto, Hinton insiste que a sociedade deve agir antes que seja tarde.
“Imagine que observava, através de um telescópio, uma invasão alienígena prevista para daqui a dez anos. Ficaria a perguntar ‘como manter o otimismo?’ Não, estaria a pensar ‘como é que vamos lidar com isto?’ Se ser positivo significa fingir que não vai acontecer, então as pessoas não deviam ser positivas”, afirmou.
Hinton alerta para as consequências drásticas que a Inteligência Artificial pode trazer desemprego em massa e uma enorme concentração de lucros em algumas pessoas. “Vai tornar alguns muito mais ricos e a maioria mais pobre. Não é culpa da IA, é do sistema capitalista”.
Apesar das suas advertências, admite que recorre ao ChatGPT para assuntos do dia a dia, desde arranjar eletrodomésticos até outras formas de “investigação”.
Quanto à vida sentimental, garante já ter ultrapassado a separação. “Conheci alguém de quem gosto mais. É assim que as coisas são… ou talvez não saiba bem como é”, confessou na entrevista ao Financial Times, entre risos.