Esta terça-feira, Espanha parou para ouvir Carles Puigdemont. O presidente do Governo catalão proclamou a independência da Catalunha mas, logo de seguida, propôs a suspensão dos seus efeitos para procurar o diálogo com Madrid.
Depois um longo discurso de quase uma hora, Carles Puigdemont acabou por fazer um apelo à sensatez, ao sentido de responsabilidade e à pacificação, e propôs a suspensão dos efeitos do referendo “para procurar o diálogo com Madrid”.
Uma decisão que não caiu bem aos seus aliados, vista pela Candidatura de Unidade Popular (CUP) como uma “oportunidade perdida” e anunciando que dá um prazo de um mês para que o presidente do Governo catalão avance com a independência.
“A confiança no governo foi afetada e queremos que se estabeleça uma data limite para dar suporte legal à declaração de independência. Para que tenha validade jurídica deve confirmar-se em sede parlamentar”, disse o partido, citado pelo Público.
“Uma hora antes do início da sessão parlamentar trocaram todos os guiões. Nós não subscrevemos a suspensão da declaração de independência”, acrescentou Quim Arrufat, dirigente da CUP.
Nas redes sociais, a juventude da CUP (Arran) foi ainda mais longe. “Devíamos ter proclamado a independência. O mandato popular do 1 de outubro era claro e continua a ser. (…) Estamos a testemunhar uma traição inadmissível“, escreveu no Twitter.
Rajoy pede clarificação da declaração de independência
Esta manhã, o Governo espanhol realizou uma reunião extraordinária para analisar o anúncio de Puigdemont e para decidir “os próximos passos” a tomar.
“O Conselho de Ministros concordou esta manhã pedir formalmente à Generalitat para que clarifique se declarou a independência da Catalunha”, afirmou Mariano Rajoy em resposta ao que o presidente do governo catalão proclamou, citado pelo Público.
“A resposta do presidente da Generalitat irá definir as decisões que o Governo adotará nos próximos dias”, acrescentou o chefe do Governo espanhol. No entanto, Rajoy assumiu que poderá acionar o artigo 155 da Constituição espanhola, se Puigdemont assumir que proclamou unilateralmente a independência.
Este artigo, considerado uma autêntica “bomba atómica”, nunca usado desde que foi escrito e aprovado em 1978, permite a suspensão de uma autonomia e dá ao governo central poderes para adotar “as medidas necessárias” para repor a legalidade.
Mas Rajoy espera que isso não aconteça. “Se Puigdemont respeitar a legalidade isso poria fim a um período de ilegitimidade e incerteza. É o que esperamos todos para pôr fim à situação que a Catalunha está a viver”, acrescentou.
Desde a noite do referendo de 1 de outubro, o presidente regional da Catalunha tem insistido numa mediação internacional entre o governo regional e o governo central. Para já, a Suíça foi o único país a oferecer-se para ajudar nesse processo.
Ora bem… então isto da declaração de independência é como… deixe-me cá ver a melhor maneira de lhe explicar isto… é do género estamos casados mas quero o divórcio e enquanto isto não se resolve legalmente ficamos os dois a viver na mesma casa. É mais ou menos isto caro Rajoy.