A “maior crise por que passou o Exército”: é um oficial superior na reserva quem o diz numa altura em que as repercussões do assalto à base de Tancos continuam a fazer mossa, com mal-estar no alto comando do Exército.
O primeiro-ministro António Costa já anunciou que mantém a confiança no ministro da Defesa, Azeredo Lopes, depois do roubo de armas de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos. Mas não se pode dizer que o caso esteja sanado no interior do Exército.
O Observador falou com um oficial superior na reserva que fala da “maior crise por que passou o Exército e não é só dos últimos 15 anos”.
“Dentro da instituição, nunca vi tanta gente preocupada com o comando”, refere este mesmo oficial que não dá a cara.
Um bom retrato desse alegado mal-estar são as saídas de Faria Menezes, o Comandante das Forças Terrestres, e de Antunes Calçada, o Comandante de Pessoal, que pediram a passagem à reserva depois da exoneração dos cinco comandantes das unidades responsáveis pela segurança dos paióis de Tancos.
O chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), Rovisco Duarte, agiu assim, imputando culpas directas à estrutura interna e disse no Parlamento que se sentia “humilhado” com o caso, ilibando o ministro da Defesa de qualquer responsabilidade.
Esta postura azedou as relações entre o CEME e os dois tenentes-generais, Faria Menezes e Antunes Calçada, que se demitiram conforme reporta o Observador, lembrando que os três homens “foram colegas de curso” e se conhecem “há mais de 40 anos”.
“Sabujo para cima e um cão para baixo”
Um sinal do desaguisado foi dado por Antunes Calçada, que também foi exonerado pelo Presidente da República do cargo de secretário do Conselho Superior de Defesa, durante a apresentação do livro “O Beijo da Quissonde”, do tenente-coronel na reforma Pedro Tinoco Faria, o homem que esteve por trás do protesto de oficiais, entretanto cancelado, para deposição das espadas em Belém.
“Sabujo para cima e um cão para baixo”, foram as palavras que Antunes Calçada usou, no evento, e que são interpretadas como uma “farpa” ao CEME.
O general assegura ao Observador que não foi isso que pretendeu. “Estava a referir-me à operação na Bósnia onde ele, Tinoco Faria, teve um comandante deste género”, salienta Antunes Calçada.
“Como comandante do Exército discordei dele uma série de vezes, mas frontalmente”, diz ainda o general, acrescentando que “demitir cinco pessoas sem culpa formada faz-se no fim de um processo disciplinar” e “não se anuncia assim na praça pública”.
Por seu lado, Faria Menezes reagiu através do Facebook, onde escreveu que “o vínculo sagrado da confiança entre comandante e soldados nunca pode ser quebrado“.
“Não sei formar na parada nem marchar com o passo trocado, violando valores e princípios partilhados com excepcionais oficiais, distintos sargentos, exemplares praças e dedicados civis que servem Portugal e os portugueses todos os dias e em todas as circunstâncias”, escreveu ainda Faria Menezes.
Costa reitera confiança no ministro e no CEME
No domínio político, o primeiro-ministro manifestou “total solidariedade” para com o CEME e toda a confiança política no ministro da Defesa.
Declarações proferidas no final de uma reunião de duas horas e 20 minutos sobre segurança em instalações militares com o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (Artur Pina Monteiro), com os chefes dos três ramos militares, Exército (Rovisco Duarte), Armada (Silva Ribeiro) e Força Aérea (Manuel Teixeira Rolo), e com o ministro da Defesa, no seguimento do furto de granadas de mão, granadas anticarro e explosivos de Tancos.
“Agradeço a hombridade com que as Forças Armadas, e em particular o CEME, assumiram as responsabilidades relativamente a esta matéria”, realçou António Costa, notando “a total solidariedade com o CEME e a forma como tem exercido o seu comando e o continuará a exercer”.
“Os portugueses devem respeitar e admirar as suas Forças Armadas”, disse ainda o primeiro-ministro que nesta quarta-feira vai enfrentar um duro debate do Estado da Nação, com o tema de Tancos e de Pedrógão Grande como principais “balas” da oposição.
A Procuradoria-Geral da República anunciou na semana passada que abriu um inquérito ao caso do furto de Tancos, por suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo internacional.
No Exército decorrem averiguações internas e o ministro da Defesa Nacional determinou uma inspecção extraordinária às condições de segurança dos paióis. O Presidente da República já solicitou o apuramento de todos os factos.
ZAP // Lusa
Ponham nos a trabalhar no pinhal a extrair madeira debaixo de um sol de chumbo a troco do salário mínimo e talvez consigam perceber o que realmente custa a vida…
Essa canalha não sabe o bem que têm e nunca estão contentes
Subscrevo inteiramente. Não posso estar mais de acordo.
Mas para que precisamos de Generais KKKK metam-nos atodos no submarino do Paulinho Portas abertas KKKK
Pois porque nos Kamov do Sócrates nem sequer voo levantariam o que seria uma péssima solução!
e quanto é que senhores revoltados vão receber? as regras da reforma nãos e aplicam aos senhores da guerra sem guerra? tanto general e coronel para quê?
Ó Tozel ! Isso é a mesma coisa que perguntar ” Para que precisamos de Governo?kkkk”. Entendeste?
Agora que me digas que até para mandar é preciso saber …isso sim… Mas se a aplicares a regra, ficavas sem políticos. É o exemplo dos Submarinos…Continuas a entender?
Gostava de saber , se os 2 tenentes Generais que pediram e vão passar à Reserva; Quanto ficarão a ganhar sem terem funções de qualquer responsabilidade. Vão tranquilamente para ” casa” ganhando o mesmo ou praticamente o mesmo? sem se chatearem?
Pois, se eu sair da empresa onde trabalho , por iniciativa minha ,depois de quase 40 anos de trabalho , irei ser verdadeiramente penalizado , em temos de vencimento e na reforma.
Será , que nas Forças Armadas , os militares passam à reforma com praticamente o vencimento total como se estivessem , no activo?. Se assim é , é uma grande mina e é vantajoso, pois pode-se perder uma promoção mas fica-se livre.
Para melhor compreender , gostava de ser esclarecido.
Pior que isso. Têm direito à reforma com idade inferior aos restantes trabalhadores (nomeadamente toda a função pública) mas antes disso passam à Reserva onde estão vários anos sem fazerem nada e com o vencimento completo. É um escândalo!
Ó senhor Abel (espero que não seja o guarda!) não é muito melhor ser “de-putado” ou membro de um supremo qualquer ou gestor de um falido banco para aos quarenta e tal anos de idade usufruir ou ter direito a uma reforma super dourada?
Somos uma nação com nove séculos de história graças ao povo em armas…os outros na hora…..rabinho entre as pernas e copa cabana à vista. Espero que este rectângulo à beira mar plantado nunca mais precise das F.A. como precisou ao longo da sua história porque pelos comentários que a muito custo vou lendo de criaturas que fariam de certeza a carga de fuga para a tal cabana da copa.
Os dois senhores generais que se demitiram são oficiais de carreira, dignos da carreira que tiveram e da demissão que apresentaram.
Tendo feito o serviço militar obrigatório no início da década de 80, sinto vergonha de um exército que não soube guardar as armas do nosso País. Não compreendo a atitude do senhor Rovisco Duarte, CEME, que no mínimo devia apresentar a sua demissão. Só não o terá feito para a responsabilidade objetiva não atingir o senhor Ministro Azeredo Lopes. Por isso, o senhor Rovisco não merece o respeito dos seus pares. Será de duvidar que o senhor Rovisco tenha andado na Tropa. Que o senhor Ministro Azeredo Lopes e o senhor primeiro-ministro não compreendam a gravidade da situação talvez se justifique por não terem feito a tropa ou já não se lembrarem da honra militar.
Neste momento seremos motivo de chacota internacional com este roubo das armas.
Então os comandantes responsáveis pelas armas não as souberam guardar e agora a culpa é do CEME?
Está boa…
As demissões dos dois generais não tem a ver com dignidade nem honra militar mas sim por terem sido preteridos pela nomeação de um maj general mais novo que os demissionários. Portanto tem a ver com uma “birrinha” e não com honra militar, diria que é mais uma questão de oportunismo.
Aliás, falar em honra militar depois dos escândalos do colégio militar (vários), da morte dos instruendos (que é cada vez mais claro que os abusos e a incompetência), dos submarinos (onde nem um condenado houve em Portugal), nas Messes da Força Aérea (onde estão implicados militares da base ao topo), o meu amigo tem de concordar que é um bocado forçado falar em honra militar. Muito forçado mesmo. Se isto é honra militar então não sei o que será desonra