O grupo francês Altice, dono da Cabovisão e da Oni, está interessado em comprar a PT Portugal à brasileira Oi, com quem a portuguesa está em processo de fusão. Entretanto, circulam rumores de que Zeinal Bava está de saída da Oi.
O negócio está a ser discutido há várias semanas e os donos franceses já escolheram os bancos de investimento Goldman Sachs e Morgan Stanley como assessores financeiros da compra, de acordo com o Diário Económico.
A concretizar-se, a operação vai permitir à Altice tornar-se no principal operador em Portugal, podendo seguir uma estratégia de convergência entre as redes fixas da Cabovisão e da Oni com as que a PT já detém e com a operação móvel, tendo em conta que a PT detém a Meo.
A compra dependeria agora da consolidação entre a empresa brasileira (atualmente em fusão com a PT) e a operadora TIM, uma empresa subsidiária da Telecom Italia que quer comprar 66,7% da Oi, em conjunto com a Claro, da América Móvil.
De acordo com o Diário Económico, a TIM já terá contratado o banco Bradesco para avançar com o negócio, o que fez com que as ações da PT subissem quase 7% na sessão de segunda-feira. Se a compra avançar, a TIM conseguirá manter a concorrência à Vivo, a maior operadora móvel do país.
O Económico recorda ainda que a Oi tem uma dívida superior a 14 mil milhões de euros e a venda da PT Portugal à Altice seria mais uma forma de conseguir financiamento. Ao planear a fusão, a PT e a Oi estimavam criar sinergias que poderiam atingir 1,8 mil milhões de euros, mas o investimento de quase 900 milhões de euros da PT ao Grupo Espírito Santo pode ter mudado o rumo das conversações.
A consolidação no Brasil, nomeadamente a aproximação da Oi à TIM, e a necessidade de redução da dívida da empresa brasileira, poderão também estar a pressionar uma tomada de posição sobre o negócio em Portugal.
Para os analistas do BES Investimento, citados pelo Jornal de Negócios, “a única explicação possível para a Oi considerar esta opção [vender a PT Portugal] seria de facto a necessidade de angariar fundos de forma a prosseguir com uma possível aquisição da TIM Brasil, após o anúncio da Oi que está a avaliar as suas opções para esta transação”.
O impacto da consolidação do mercado das telecomunicações no Brasil pode ter um impacto imediato maior em Portugal do que se poderia prever, lê-se no Jornal de Negócios. Sem falar da possível aquisição pelo grupo francês, o presidente da PT Portugal, Armando Almeida, afirma que a consolidação do mercado beneficia clientes.
Zeinal Bava de saída da Oi
Este sábado, o colunista Lauro Jardim, da revista Veja, adiantou que “os controladores da Oi se preparam para anunciar no início da semana que vem a saída de Zeinal do comando da operadora”, ou seja, a saída do gestor poderá ser anunciada a qualquer momento.
A revista aponta que Bayard Gontijo, diretor financeiro da Oi desde o ano passado, será indicado como presidente interino. De acordo com Lauro Jardim, a saída de Zeinal Bava era cogitada há algum tempo, afirmando que o gestor “não tem mais a confiança dos acionistas da Oi”.
Em agosto, o gestor deixou a presidência do conselho de administração da Portugal Telecom “ainda como consequência do imbróglio com o Banco Espírito Santo”, depois de liderar a PT desde junho de 2013. No entanto, a “sua saída da presidência da empresa não se dará antes que a compra de parte da TIM pela operadora seja concretizada”, reforçava a Veja no final de setembro.
Nos últimos meses surgiram rumores que apontam para algum desconforto entre os acionistas e o presidente executivo da Oi, nomeadamente depois de descoberto o investimento de quase 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, que pertence ao Grupo Espírito Santo (GES), que entrou em incumprimento – um investimento que teve como consequência, entre outras, a redução da participação da PT na Oi, após a fusão, para cerca de 25%.
AF, ZAP
Fusão PT-Oi
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