A ministra da Saúde declarou, esta quarta-feira, que Portugal poderá ultrapassar o recorde de infeções de covid-19, ou seja, mais de 16 mil casos diários.
Numa entrevista à RTP, esta quarta-feira à noite, Marta Temido afirmou que o país está a caminho de “uma situação complexa e com muita incerteza e desconhecimento associados”.
“Hoje, atingimos quase nove mil casos. Aquilo que eram os cenários e as estimativas dos peritos que nos apoiam estão a confirmar-se, sobretudo num fator que é a transmissibilidade. (…) Estamos perante uma variante muito transmissível”, declarou.
A ministra prevê que Portugal possa “ultrapassar o seu recorde de infeções”, à semelhança do que aconteceu no Reino Unido e em Espanha.
“Já tivemos dias com mais de 16 mil infeções e, portanto, podemos ultrapassar os recordes que já tivemos até agora”, admitiu, apelando a que os portugueses façam tudo o que estiver ao seu alcance nesta época de festas para prevenir a transmissão, “que é muito fácil com esta variante”.
A ministra explicou que ainda “não há números sobre os internamentos causados por esta variante” e sublinhou que com a Ómicron “tudo acontece muito depressa, quase como mudar de um canal de televisão para outro”.
Questionada sobre as medidas anunciadas pelo Governo, sobretudo o facto de as discotecas terem de encerrar mas haver festas de passagem de ano que vão ter cerca de três mil pessoas, Temido assumiu que, ao longo da pandemia, o Executivo teve de tomar decisões que “podem soar contraditórias”.
“As concentrações permitidas neste momento estão sujeitas a um contexto muito específico, como o reforço de testes”, lembrou, acrescentando que falaram várias vezes do caso das discotecas, mas que é uma situação mais complexa.
“É possível dançar de máscara na discoteca, tudo é possível. Mas toda a gente estaria hoje a fazer chacota se nós disséssemos ‘as discotecas permanecem abertas, mas as pessoas têm de estar de máscara”, referiu.
Sobre o facto de os centros de vacinação encerrarem nos dias de Natal e Ano Novo, a ministra lembrou que está a ser feito um reforço nos dias de intervalo. Quanto à vacinação das crianças, Temido admitiu que gostaria de ter tido mais crianças no primeiro fim de semana porque tudo estava “preparado para isso”.
“O que é importante é que amanhã [esta quinta-feira] as pessoas que o puderem fazer o façam e que apareçam nos centros de vacinação porque há Casa Aberta para os mais de 63 anos.”
Relativamente à possibilidade de o Governo voltar a determinar o uso de máscara em espaços públicos, Temido adiantou que o Executivo tem quadro legal para tomar essa medida, mas é necessário “equilibrar o esforço individual”.
“Não podemos pedir tudo às pessoas porque elas provavelmente desistem. (…) Há um vírus mais perigoso do que a covid-19, que é o da falta de adesão”, destacou.
Confrontada com a possibilidade de os hospitais poderem vir a ter uma situação muito complicada nos próximos dias e de os profissionais de saúde estarem exaustos, a governante explicou que estão a ser pensadas “todas as contratações” que forem possíveis para ajudar.
“Ainda ontem foi promulgada pelo Presidente da República uma medida legislativa, aprovada pelo Conselho de Ministros na semana passada, que permite a contratação de rastreadores adicionais“, anunciou.
A ministra da Saúde disse também que foram contratadas 400 camas com o setor privado para um eventual aumento do número de internamentos.
No final da entrevista, Temido estimou ainda que o reforço da vacina por auto-agendamento para a população dos 50 aos 59 anos deverá começar “nos primeiros dias de janeiro”.
Por sua vez, para quem tomou a vacina da Janssen, os que têm mais de 50 anos já poderão fazer o reforço na Casa Aberta que abre esta quinta-feira.
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