Saltar 7 vezes entre o hoje e o amanhã: é possível, basta viajar em linha reta do Havai à Antártida

ZAP // Google Maps

Passar de um dia para o outro consecutivamente sem ter de andar às voltas parece um truque de magia. Mas é bem verdade — e a culpa é do Kiribati.

Imagine-se no dia 31 de dezembro de 2025, no estado norte-americano do Havai. Não seria fácil realizar a longa travessia, mas imagine que vai viajando, para sul e em linha reta, em direção à Antártica.

De repente, mudou de ano: está em 2026, no dia 1 de janeiro. Um pouco mais à frente, volta a 2025, à mesma data e hora em que se encontrava anteriormente. Ao longo da viagem, até chegar à ponta mais a norte da Antártida, alterna entre o dia 31 de dezembro de 2025 e o dia 1 de janeiro de 2026 nada menos do que 7 vezes.

De facto, se realizar esta temporalmente atribulada viagem em qualquer dia do ano, estará a saltar continuamente entre o hoje e o amanhã.

Não, não é magia: é apenas mais uma peculiaridade no nosso mapa-mundo, e tudo se deve à Linha Internacional de Data, estabelecida em 1884, que desenha uma linha no Pacífico que, literalmente, separa o mundo em dois: num dos lados está num dia do ano, no outro lado está no dia seguinte.

Como explica o Serviço Nacional dos Oceanos dos EUA, “a Linha Internacional de Mudança de Data funciona como uma ‘linha de demarcação’ que separa duas datas de calendário consecutivas”. Só que esta linha não é reta, e há uma peculiaridade chamada Kiribati.

Este país é único no verdadeiro sentido da palavra: apesar de ter paisagens de tirar o fôlego, o facto de ser tão remoto e as suas condições sócio-económicas fazem deste um dos países menos desenvolvidos do mundo, segundo as Nações Unidas. Mas essas não são as únicas características de Kiribati. Este peculiar país é um verdadeiro enclave temporal (e geográfico, uma vez que para além de tudo isto ainda se trata do único Estado no mundo que se encontra em todos os 4 hemisférios terrestres).

Se olharmos para a Linha Internacional de data, percebemos que há um peculiar desvio: para dar lugar ao Kiribati, o primeiro país do mundo onde se celebra o Ano Novo.

Assim, se descer em linha reta desde o Havai, terá passar pelos ziguezagues temporais que existem para albergar todas as ilhas deste país fragmentado.

Mais abaixo, se continuasse a descer em direção ao ponto mais nórdico da Antártida, encontraria ainda outro percalço — a Nova Zelândia. Aqui, a linha também se desvia para dar lugar a um ponto remoto: o arquipélago Chatham, um dos lugares mais remotos do planeta, onde vivem apenas cerca de 750 indivíduos.

São, ao todo, 7 viagens no tempo — assim mostra, numa publicação, a página de Instagram World in Maps. Portanto, se um dos seus grandes sonhos for viajar no tempo (múltiplas vezes), saiba que pode fazê-lo: só precisa de percorrer o Pacífico de alto abaixo. Boa viagem.

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

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