Ilhas no meio do Pacífico, pequenos territórios esquecidos na Ásia e até um lugar bem próximo de Portugal, ou um com língua oficial portuguesa. Porque não visitamos estes magníficos lugares repletos de cultura?
Se está farto de andar apertado em multidões, pagar o preço de uma diária por uma cerveja ou sentir-se “copiado” pelos seus amigos que visitam os mesmos lugares, devia voltar-se para o Pacífico. Pelos voos deverá pagar uma pequena fortuna, mas descanso e paisagens deslumbrantes são garantia.
De acordo com dados de janeiro de 2025 do World Population Review, os países menos visitados do mundo (fora aqueles de que nem temos números, como a Coreia do Norte ou vários países africanos), foram bem distantes de Portugal — à exceção de um.
Não estão em guerra, não são os mais pobres do mundo, não são pouco hospitaleiros. O que faz deles relíquias esquecidas? É difícil perceber, mas a acessibilidade (ou falta dela) pode ajudar.
Uma ilha esquecida aos rendilhados
Google Maps

O curioso formato de Kiribati
O país menos visitado do mundo, com apenas 2 mil visitantes no ano passado, foi o Kiribati. Esta ilha no meio do Pacífico, pertencente à Oceania, tem apenas 131.000 habitantes, mas conta com fantásticos atóis, ameaçados pelas alterações climáticas, que estão a fazer subir o nível do mar.
As suas maravilhas naturais são património mundial da UNESCO, e contam com recifes de coral, raias manta e incríveis tubarões-baleia. Curiosamente, é o único país do mundo que reúne os quatro hemisférios no seu território.
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Tem uma das maiores áreas marinhas protegidas do mundo, e o seu formato é também muito peculiar: é um país “rendilhado” por pequenos lagos, que formam ilhas como a Natal. As cidades também têm nomes divertidos, como Banana, Paris ou Londres. As paisagens são deslumbrantes, com praias de areia branca e água translúcida.
Este país, antes da pandemia, chegou a ter 12 mil visitantes por ano, mas o turismo de Kiribati nunca mais recuperou. Difícil é viajar para lá: só deverá conseguir fazê-lo através de outras ilhas do Pacífico, como as Ilhas Fiji, Nauru e Ilhas Marshall.
No entanto, se lá conseguir chegar, pode contar com espetáculos de dança tradicional, mercados de artesanato e gastronomia local. E, claro, natureza e muita, muita calma.
Na Oceania, ficam ainda vários outros países que constam na lista dos menos visitados do mundo, com Tonga no terceiro lugar do pódio. Samoa, Vanuatu, Papua Nova Guiné, Ilhas Cook, Niue (não há dados de 2025, mas é bem provável que este país seja ainda menos visitado que Kiribati) e as Ilhas Marshall também estão no top.
O país da Felicidade Nacional Bruta
O Butão é um tesouro escondido entre a Índia e a China, “empoleirado” nos Himalaias. Segundo o Lonely Planet, até há pouco tempo este país — o último reino budista do mundo —tinha estritas regras ao turismo.
Para viajar para este país asiático era necessário reservar um pacote turístico a um preço exorbitante, com o regime de tudo incluído.
As regras mudaram, e já é possível viajar de forma independente para o Butão, mas a fama ainda não colou, e para fazer uma inesquecível caminhada pelos caminhos das montanhas ainda é necessário circular em grupo.
O país é conhecido pelas paisagens montanhosas, com casas de telhados dourados minuciosamente trabalhados. A capital, Thimphu, é cheia de vida, inclusive noturna, e contém vários monumentos budistas — é um verdadeiro tesourou escondido.
É um país extremamente seguro e com algumas particularidades interessantes, como o facto de medir o índice de Felicidade Nacional Bruta da população, que mede fatores tão distintos como a saúde e educação ou o bem-estar psicológico.
Apesar de ser evoluído em muitos sentidos — foi o primeiro país do mundo com emissões negativas de carbono — mantém uma disputa fronteiriça com a China. Por terra, só é possível lá chegar pela Índia, e por via aérea apenas alguns pilotos estão autorizados a voar para lá, devido à grande altitude do aeroporto, de aterragem difícil.
Em 2024, o Butão teve 21 mil visitantes. Se se tornar o próximo, pode esperar umas férias calmas, repletas de natureza e de ar puro — e uma cultura extraordinária. A vantagem é que pode entender-se com os locais em inglês: é a língua de ensino.
Uma pérola aqui ao lado
Um dos países menos visitados do mundo está bem perto de Portugal. O pequeno Liechtenstein recebe pouco mais de 100 mil visitantes por ano.
Com apenas 62km2, este país situado entre a Suíça e a Áustria tem imensa cultura: está repleto de castelos medievais, aldeias pitorescas e paisagens alpinas deslumbrantes.
“O Liechtenstein é um daqueles países pequenos que pode atravessar num par de horas. Mas, apesar de ser tão pequeno, oferece uma grande variedade de atrações e experiências que o tornam um excelente destino de viagem”, diz Olena Grabova, especialista em cultura mundial, à revista Travel+Leisure. Garante que as paisagens são “perfeitas para os entusiastas do ar livre“.
Não existem voos diretos de Portugal, mas pode sempre fazer uma paragem na Suíça: Zurique e a capital do Liechtenstein, Vaduz, ficam a pouco mais de uma hora de carro.
País de língua portuguesa no top 10
A fechar a lista dos 10 países menos visitados do mundo, surge Angola, com 130 mil visitantes em 2024, a maioria portugueses.
Miguel Silva, responsável de uma agência de viagens em Luanda, disse ao jornal angolano Expansão que o grande problema é a burocracia necessária para entrar no país: “O interesse em visitar Angola existe, mas é esquecido quando o potencial turista começa a enfrentar dificuldades logo na obtenção de visto“.
Aponta ainda outros problemas, “aspetos internos, como segurança, custos dos serviços, ou qualidade dos mesmos”.
No entanto, com a aplicação de uma nova política de isenção de vistos, a situação pode começar a alterar-se. Desde outubro de 2023, cidadãos portugueses, brasileiros e de quase 100 outros países não precisam de um visto para permanecer por 30 dias no país. E mais: há voos diretos de Portugal.
Apesar de alguma falta de segurança que possa sentir em Luanda, principalmente à noite, e das doenças transmitidas por mosquitos a que deve estar atento, Angola tem uma cultura extraordinária, com pessoas tranquilas, paisagens incríveis e um pouco de tudo: praia, floresta, cidade, vida noturna, e uma cultura muito própria.