Elevador da Glória: mãe de menino de 3 anos já está consciente e a receber visitas

Tiago Petinga / Lusa

A mãe da vítima mais jovem do acidente está estável e fora de perigo, tendo já recebido visitas nos cuidados intensivos do Santa Maria.

É mais uma das poucas boas notícias no meio da tragédia que assolou Lisboa com o descarrilamento do Elevador da Glória. A mãe do menino alemão de 3 anos que ficou ferido no acidente já está acordada e estável nos cuidados intensivos do Hospital de Santa Maria.

Apesar da gravidade das lesões, que obrigaram a uma cirurgia a múltiplas fraturas, a mulher alemã de 45 anos está consciente e já recebe visitas, não correndo risco de vida imediato, segundo uma fonte hospitalar ouvida pelo Público.

O pai da criança chegou a ser dado como morto, mas a Polícia Judiciária confirmou posteriormente que estava vivo e hospitalizado no São José. As autoridades suspeitam que o pai tenha salvado o filho com o próprio corpo, já que foi encontrado por cima da criança, barriga com barriga, protegendo-o do impacto. Segundo a embaixada alemã, que confirmou apenas a origem berlinense da família, os familiares pediram reserva e discrição.

Esta unidade mantém internados dois feridos do acidente, um em situação controlada e outro em cuidados intensivos. Um outro paciente ferido, de nacionalidade suíça, foi entretanto repatriado no domingo, após estabilização clínica.

O caso do menino de 3 anos tornou-se uma das histórias mais emocionantes da tragédia com o Elevador da Glória, dado ser a vítima mais nova do acidente. Um vídeo gravado por Mohammed Farid, um imigrante do Bangladesh que trabalha nas imediações, mostra o menino ao colo de um homem português, que relatou mais tarde ter recebido a criança de terceiros entre os escombros. O próprio Farid esclareceu à TVI que não foi ele quem carregou a criança, mas sim um amigo.

A PSP também teve um papel decisivo no resgate. O subintendente Rui Costa, comandante da divisão de investigação criminal de Lisboa, explicou que um agente da corporação foi dos primeiros a chegar. Este polícia retirou a criança debaixo dos destroços, entregou-a a um civil e prosseguiu o socorro a outras vítimas, incluindo o homem que acreditava ser o pai. O polícia ainda lhe desobstruiu a boca e o nariz, mas suspeitava que não tinha sobrevivido por estar inconsciente, concentrando-se depois na mãe, que lhe pediu ajuda para salvar o filho.

O mesmo polícia acompanhou mãe e filho na ambulância até ao hospital, tendo a criança ficado muito apegada ao agente. O agente integrava uma equipa da PSP que estava a trabalhar à paisana numa investigação criminal na zona, tendo sido as primeiras autoridades a chegar ao local quando ouviram o estrondo. Todos os polícias envolvidos no acidente estão a receber apoio psicológico.

O menino está agora com os avós paternos, que vieram de Hamburgo para Lisboa para identificar o corpo do filho. Foi quando se aperceberam que o corpo não estava no Instituto de Medicina Legal que se descobriu então que o pai do menino era, afinal, um ferido que ainda não tinha sido identificado. Segundo o NOW, o pai do menino poderá ter sido confundido com uma vitima britânica, que tinha algumas parecenças físicas com ele e vestia uma camisola do FC Schalke 04, um clube de futebol alemão.

O acidente provocou 16 mortos e 23 feridos, entre eles cidadãos de sete nacionalidades. Entre as vítimas mortais estão cinco portugueses — o guarda-freio e quatro trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia — além de estrangeiros do Canadá, França, Reino Unido, Suíça, Coreia do Sul, Ucrânia e Estados Unidos. A PJ continua a trabalhar na identificação de algumas vítimas estrangeiras.

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