Quando chegou a Portugal vindo da Guiné-Bissau os seus documentos diziam que tinha 12 anos. Afinal, tinha 18. Alamara Djabi brilhou nas camadas jovens do Benfica, mas sempre nos escalões errados. Hoje joga no Midtjylland da Dinamarca.
Alamara foi registado pela primeira vez, em 2005, como “Alamara Viriato, nascido a 28 de Setembro de 2000″.
É o que revela uma investigação do Público, que detalha que o atual futebolista aparecia como sendo filho de Sumba Viriato e Sábado Manuel Intchala.
14 anos mais tarde, a 13 de maio de 2019, um “milagre” terá acontecido. A mesma conservatória emitiu uma certidão diferente, com base em várias alterações feitas em 2017.
Só nesse ano é que Alamara passou a chamar-se Djabi – Alamara Viriato Djabi. O pai havia passado a ser Mamadu Cirem Djabi. Além destas alterações, a data de nascimento de Alamara avançou seis anos – para 28 de Setembro de 2006.
Segundo o Público, foi esta última certidão que foi usada quando Alamara chegou a Portugal, para jogar à bola, em fevereiro de 2019; servindo também de base à atribuição da nacionalidade portuguesa, a 11 de novembro de 2021.
Alamara veio da Academia Atlético da Guiné-Bissau e o primeiro destino foi o Sporting, onde esteve apenas uma semana. O jovem jogador – que se apresentava como tendo 12 anos, mas, na realidade, tinha 18 – seguiu para o Sporting de Braga. Segundo o Público, despertou interesse, mas a falta de documentação essencial (visto de residência e número de Cartão de Cidadão) impediu a inscrição na FPF.
No final de 2019, ainda sem clube, o representante de Alamara recorreu ao famoso empresário Cátio Baldé (empresário de Bruma). Segundo o Público, este agente entregou documentação ao Olivais e Moscavide, que permitiu que Alamara fosse inscrito na FPF.
Este clube terá sido usado como um “trampolim” para o Benfica, uma vez que, passados quatro dias, Alamara já estava a treinar no Seixal.
Djabi representou o Benfica de 2020 a 2023, tendo atuado nos escalões de iniciados, juvenis e juniores, supostamente, entre os 13 e os 16 anos.
Mas, na realidade, já teria mais 6. Ou seja, jogou sempre nos escalões abaixo.
Não conquistou qualquer título na formação dos encarnados. Em 2023/24, o médio defensivo seguiu para os dinamarqueses do Midtjylland, onde joga ainda hoje. No ano passado, esteve cedido ao Mafra.
Como salienta a investigação do Público, a falsificação de idade e falha de controlo no caso de Alamara está longe de ser exceção; e expõe um grave problema estrutural no futebol
“Através do acesso a bases de dados inéditas e a múltiplas fontes de informação”, o matutino confirmou que há muitos jogadores na mesma situação.
E não é só em Portugal. Recentemente, descobriu-se que a “jovem” promessa do futebol alemão, Youssoufa Moukoko, do Borussia Dortmund, pode, afinal ser quatro anos mais velho do que o que consta nos documentos.
