Drive / Ferrari

Ferrari 488 GTB
A ostentação com o vistoso Ferrari 488 GTB tramou Bruce T. As autoridades começaram a suspeitar da origem do seu dinheiro.
Bruce T., de 38 anos, conhecido como o “Traficante do Ferrari”, vai começar a ser julgado esta semana no Tribunal de São João Novo, no Porto, acusado de chefiar um esquema de tráfico de droga que se estendia entre Portugal e a Galiza.
O Ministério Público (MP) descreve-o como o responsável pela compra, transporte e distribuição de cocaína e canábis, atividade que terá decorrido pelo menos entre 2023 e maio de 2024.
Segundo a acusação, Bruce deixava o Ferrari 488 GTB, avaliado em 275 mil euros, na garagem às sextas-feiras e usava um discreto Fiat Tipo com licença de TVDE para viajar até Ourense, na Galiza.
Acompanhado do ajudante Hélder, de 48 anos, cuidava de uma estufa com mais de 500 plantas de canábis e regressava ao Porto com as sumidades colhidas, além de pacotes de cocaína adquiridos a cartéis galegos.
De volta a Portugal, a irmã do arguido, Catarina, de 30 anos, ajudava-o a preparar, cortar e embalar as drogas, que eram depois distribuídas a intermediários e consumidores considerados “VIP”. A atividade rendia centenas de milhares de euros, parte dos quais era guardada em casa da mãe do arguido, na Maia.
Apesar da cautela, que incluía o uso de mensagens encriptadas, contravigilância e carros discretos, a ostentação de Bruce acabou por o trair.
Em setembro de 2023, foi mandado parar numa operação stop em Matosinhos, quando conduzia o Ferrari ainda com matrícula húngara. A viatura de luxo despertou suspeitas acrescidas e levou as autoridades a intensificar a vigilância, denota o JN.
A operação da PSP do Porto, em maio de 2024, culminou com a detenção dos três arguidos e a apreensão de drogas, cerca de 600 mil euros e vários automóveis, incluindo o Ferrari. O Ministério Público considera Bruce a figura central de uma rede que abastecia bairros como Pasteleira Nova, Ramalde e o Cerco.
Curiosamente, Bruce já tinha escapado a uma investigação anterior que resultou na condenação do seu próprio pai por tráfico. Contudo, desta vez, as provas recolhidas, incluindo vigilâncias e apreensões, sustentam a acusação de que liderava um esquema organizado de abastecimento de droga no Porto.