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Salgado proibido de contactar Sócrates e de viajar para estrangeiro

Mário Cruz / Lusa

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

O ex-presidente do BES Ricardo Salgado vai ser interrogado por um juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), após ter sido ouvido esta quarta-feira por um procurador do Ministério Público, no âmbito da Operação Marquês, indicou a PGR.

Após ter interrogado Ricardo Salgado, o procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) “requereu ao juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal o interrogatório judicial do arguido ao tendo em vista a aplicação de medida de coação diversa do termo de identidade e residência”, indicou a Procuradoria-Geral da República (PGR) numa nota enviada à comunicação social.

Carlos Alexandre é o juiz do TCIC encarregado do processo Operação Marquês, relacionado com investigações a crimes económico-finaceiros.

Ricardo Salgado foi constituído arguido por suspeitas da prática de factos suscetíveis de integrarem os crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada. O antigo líder do BES fez-se acompanhar no interrogatório pelo seu advogado Francisco Proença de Carvalho.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) refere que o TCIC decidiu aplicar ao arguido as medida de coação de proibição de ausência para o estrangeiro sem prévia autorização e de proibição de contactos com os restantes arguidos da Operação Marquês, bem como com algumas pessoas e entidades com ligações ao Grupo Espírito Santo, acrescenta o comunicado da PGR.

“As teses da investigação neste processo atropelam-se uma à outra”

O ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, manifestou-se “surpreendido” por ter sido interrogado esta quarta-feira como arguido na Operação Marquês, mas sublinhou estar “sempre disponível” para colaborar com a Justiça.

“Eu continuo a colaborar com a Justiça. [Estive] sempre disponível para colaborar com a Justiça desde o primeiro dia”, afirmou Ricardo Salgado aos jornalistas à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), após o primeiro interrogatório judicial, no qual lhe foi aplicada a medida de coação de proibição de se ausentar do país e de contactar com outros arguidos do processo.

Questionado pelos jornalistas sobre se ficou surpreendido com a diligência de hoje, respondeu: “Não deixei de ser surpreendido, mas é claro que é assim. A justiça tem o direito de investigar tudo e nós cá estamos para corresponder”.

À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, o advogado de Ricardo Salgado mostrou-se igualmente surpreendido com o envolvimento do seu cliente neste processo.

“Do ponto de vista do que está aqui em causa não nos surpreende estarmos na Operação Marquês, porque lemos as notícias. Mas surpreende bastante do ponto de vista dos factos e das provas que o doutor Ricardo Salgado esteja na Operação Marquês, porque, efetivamente, como todos têm percebido, as teses da investigação neste processo atropelam-se uma à outra“, afirmou aos jornalistas o seu defensor, Francisco Proença de Carvalho.

A Operação Marquês tem como principal arguido o ex-primeiro-ministro José Sócrates, que esteve preso preventivamente mais de nove meses, e que está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito.

Segundo a PGR, a Operação Marquês conta com “20 arguidos, 15 pessoas singulares e 5 coletivas”, entre as quaiso ex-ministro socialista Armando Vara, o empresário Carlos Santos Silva e o empresário luso-angolano Helder Bataglia.

Entre os 20 arguidos na Operação Marquês estão João Perna, ex-motorista do antigo primeiro-ministro, os empresários Joaquim Barroca, Paulo Lalanda de Castro (administrador da Octapharma em Portugal e arguido noutros processos), Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro, Inês Pontes do Rosário (mulher de Carlos Santos Silva), o advogado Gonçalo Trindade Ferreira, e Bárbara Vara, filha de Armando Vara, bem como a ex-mulher de José Sócrates, Sofia Fava.

Dois anos após o início da investigação, que a 20 de novembro de 2014 fez as primeiras detenções, a investigação do Ministério Público deverá estar concluída em março.

// Lusa

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