José Coelho / Lusa

“Lamento que Costa estivesse calado durante todos estes anos sobre essa verdade, é covardia”. Julgamento de Sócrates arrancou ontem.
José Sócrates acusou esta quinta-feira o também ex-primeiro-ministro António Costa de covardia por ter ficado em silêncio sobre o facto de ter sido ele quem lhe apresentou o ex-ministro Manuel Pinho.
“Eu convoco António Costa para que esta verdade seja clara. Foi ele que me apresentou Manuel Pinho. Não foi o Ricardo Salgado nenhum. E o que eu lamento, isso sim, (…) é que o doutor António Costa estivesse calado durante todos estes anos sobre essa verdade. Podia-a ter dito imediatamente”, disse José Sócrates à saída do tribunal.
Para o ex-ministro, a atitude de António Costa “é apenas covardia” e admite que o distanciamento em relação a António Costa lhe causou “algum sofrimento, mas isso foi há 10 anos, não agora”. Mas “são águas passadas”, disse.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), Manuel Pinho, que foi ministro da Economia no Governo socialista de José Sócrates, terá sido indicado pelo ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, para interceder no executivo em benefício dos interesses de Salgado.
“Eu não tinha nenhum conhecimento com o Ricardo Salgado. A minha relação com o Manuel Pinho começou justamente quando o doutor António Costa me apresentou”, disse Sócrates.
A defesa do antigo primeiro-ministro pediu também a transmissão televisiva em direto do julgamento, sem cortes nem edições. “É a única forma de compatibilizar com as garantias de defesa”, disse o advogado à porta do tribunal.
Ricardo Salgado, também arguido no caso, não esteve presente devido ao diagnóstico de Alzheimer. O antigo banqueiro nem sabe que o julgamento começava esta quinta-feira, disse o seu advogado Francisco Proença de Carvalho: “para o tribunal, até um morto iria a tribunal”.
“Sensação de déjà-vu”
Sobre a sessão desta quinta-feira, Sócrates disse sair do tribunal com “uma sensação de ‘déjà-vu’, de já ter visto este filme”, insistindo que já provou a sua inocência na fase de instrução e que o julgamento vai voltar a discutir tudo o que já foi discutido em três anos de instrução.
José Sócrates argumentou que “há uma nulidade absoluta” neste julgamento, uma vez que o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que sustenta a acusação em julgamento não pode legalmente ser encarado como um despacho de pronúncia.
“Não é. Isso é falso. (…) A Relação não pode pronunciar ninguém, nenhum cidadão, a não ser que seja procurador ou que seja juiz. Ora, eu não sou nem procurador, graças a Deus, nem juiz. E, portanto, não posso ser pronunciado pela Relação como elas [as juízas] pretendem. Isto é, as juízas estão aqui a manter um embuste”, disse Sócrates.
Tal como tinha feito à entrada, Sócrates afirmou que a acusação assenta na ideia de um “lapso de escrita” do MP, levando a uma alteração da qualificação dos crimes imputados apenas com o objetivo de manter a possibilidade de o levar a julgamento.
“Para quê? Para humilhar. Porque no fundo, no fundo, tudo isto tem um objetivo. O objetivo de todo este espetáculo é a humilhação”, disse.
Onze anos após a detenção de José Sócrates no aeroporto de Lisboa, arrancou esta quinta-feira o julgamento da Operação Marquês, que leva a tribunal o ex-primeiro-ministro e mais 20 arguidos e conta com mais de 650 testemunhas.
Estão em causa 117 crimes, incluindo corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, pelos quais serão julgados os 21 arguidos neste processo. Para já, estão marcadas 53 sessões que se estendem até ao final deste ano, devendo no futuro ser feita a marcação das seguintes e, durante este julgamento serão ouvidas 225 testemunhas chamadas pelo Ministério Público e cerca de 20 chamadas pela defesa de cada um dos 21 arguidos.
ZAP // Lusa
Caso José Sócrates
-
4 Julho, 2025 “Covardia” de António Costa e um déjà-vu. Sócrates quer transmissão em direto do julgamento na TV
Mas isto agora é Justiça LIVE? Já tem demasiado tempo de antena e já esteve demasiados anos a gozar à grande, querer fazer do seu julgamento um reality show já é demasiado…
Será que o amigo ainda lhe envia aquilo que ele sabe? Aquilo que ele gosta muito?
Se fosse num país a sério já estava dentro há muitos anos…
Aquilo que ele gosta muito ia sempre dentro de envelopes que um motorista privativo ia buscar ao tal sítio.
Aposto que seria na SIC ???
Quem sabe, possivelmente o Costa, que recebeu a sua quota da ‘Justiça’ agora mostra alguns tomates, embora com o emprego que tem agora, engolia qualquer sapo.
Eles tem algo em comum, foram os dois queimados por procuradoria, mas o Costa conseguiu emprego
Alguém lhe explique que em Portugal diz-se “cobardia”… com V é no Brasil.
Sempre se ouviu dizer, onde à fumo há fogo!… Já arde a muito; esta difícil de apagar(….) muito trabalho, muito COMILÃO.
Um gatuno arrogante como nunca se viu em Portugal! A pildra já está pronta há algum tempo.
Corrupção em Portugal – Quem desviou e quem pagou?
Nos últimos anos, vários políticos portugueses foram apanhados em escândalos de corrupção, fraude fiscal e peculato. Eis alguns dos principais casos:
Manuel Pinho (ex-Ministro da Economia) foi condenado a 10 anos de prisão por receber 4,9 milhões de euros do Grupo Espírito Santo. Até agora, não devolveu o valor ao Estado.
José Sócrates (ex-Primeiro-Ministro) está a ser julgado por ter recebido mais de 30 milhões de euros em subornos. Ainda não há qualquer devolução confirmada, pois o processo está em curso.
Armando Vara (ex-Ministro) foi condenado no caso Face Oculta, mas não devolveu valores ao Estado.
Isaltino Morais (ex-presidente da Câmara de Oeiras) foi condenado por fraude fiscal e branqueamento. Cumpriu pena, mas não há registo da devolução total do dinheiro (cerca de 300 mil euros).
Arlindo de Carvalho (ex-Ministro da Saúde) aceitou devolver 22 milhões de euros ao Estado no âmbito do caso BPN, evitando prisão efetiva.
João Pedroso e João da Silva Batista, ligados ao PS, foram condenados por peculato e favorecimento. Pagaram 40 mil e 30 mil euros, respetivamente.
Montante total desviado (conhecido): cerca de 57 milhões de euros
Montante devolvido ao Estado: apenas cerca de 22,07 milhões de euros
Ou seja, menos de 40% dos valores desviados foram recuperados — o resto continua perdido ou em disputa judicial. A justiça tarda… e muitas vezes falha, …falha!!!!
Por tudo isto, pagam todos os portugueses brutais impostos (IRS, IMI, IUC, IVA, IRC, etc…). Os governos, dão com uma mão e tiram com as duas (são todos iguais!). A descida do IRS é uma fantochada!!!! O chequezinho aos pensonistas uma anedota!!!!