Peter Foley / EPA

O líder do Partido Republicano no Senado disse, esta terça-feira, aos senadores que ainda não garantiu os votos para travar novas testemunhas no julgamento sobre a destituição de Donald Trump.
O senador Mitch McConnell fez a revelação em privado, numa reunião, explicou uma fonte republicana à agência Associated Press (AP).
No início do processo, tudo apontava para que os republicanos bloqueassem as tentativas dos democratas de chamar novas testemunhas para depor no julgamento — especialmente John Bolton, cujo testemunho pode ser incriminatório contra Donald Trump.
Porém, a publicação da notícia do jornal norte-americano The New York Times fez inverter essas possibilidades. Os republicanos juntaram-se numa reunião de emergência, à porta fechada. Agora, o líder da bancada republicana, Mitch McConnell, não tem assegurados os 51 votos necessários para bloquear a convocatória de novas testemunhas, uma vez que há senadores republicanos que, após terem conhecimento do livro de Bolton, estão a equacionar votar ao lado dos democratas no sentido de o chamar a testemunhar.
John Bolton despedido em setembro por Trump, quando Donald Trump procura aberturas diplomáticas com dois dos inimigos mais intratáveis dos Estados Unidos, esforços que são divergentes das ideias de pessoas como Bolton, que vê a Coreia do Norte e o Irão como não confiáveis. No final do ano passado, Bolton mostrou-se disponível para testemunhar, dando a entender que pode revelar informação sobre Donald Trump, com um misterioso “estejam atentos”.
O rascunho de um livro do antigo conselheiro de segurança nacional, John Bolton, revela a forma como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lhe falou da sua determinação em reter a ajuda militar, no valor de 391 milhões de dólares, à Ucrânia até que Kiev concordasse em investigar o rival democrata Joe Biden. Bolton pretende publicar o manuscrito de “The Room Where It Happened”, (“A Sala Onde Aconteceu”), com edição marcada para 17 de março – e já pôs a circular algumas passagens do livro.
A confirmar-se, esta será a primeira grande derrota para os republicanos e a defesa de Trump num processo que parecia à partida decidido a favor do Presidente dos Estados Unidos.
A decisão de chamar novas testemunhas está à distância de 51 votos a favor, algo que poderá ser preocupante com as fichas que vão caindo do lado republicano. Com uma maioria de 53 lugares, os republicanos só se podem perder o voto de três membros do partido. O objetivo dos republicanos é evitar que novas testemunhas eventualmente contribuam para o impeachment de Donald Trump.
O Presidente norte-americano foi acusado de pressionar o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar o seu rival político e ex-vice-Presidente Joe Biden. Esta chamada, cuja transcrição foi revelada na última semana após a queixa de um denunciante, levou os democratas a darem início a um processo de impeachment presidencial. Na segunda-feira, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, recebeu uma intimação relacionada com os seus contactos com as autoridades ucranianas.
Mais tarde, o Governo australiano confirmou que houve uma segunda chamada, em que Donald Trump pressionou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, para que este o ajudasse a descredibilizar a investigação do procurador especial Robert Mueller. O governo australiano confirmou que a chamada aconteceu e que o primeiro-ministro concordou em ajudar.
A Casa Branca restringiu o acesso à transcrição da conversa telefónica entre o Presidente dos EUA e o primeiro-ministro da Austrália a um pequeno grupo de assessores. A decisão é invulgar mas semelhante à que foi tomada no caso da chamada com o Presidente da Ucrânia.