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Quase tudo falhou no grande incêndio (deputados contam o caos no terreno)

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Miguel A. Lopes / Lusa

Pelo menos 30 pessoas morreram no interior dos carros no IC8 durante o incêndio em Pedrógão Grande

“A Protecção Civil falhou redondamente”, acusa o deputado Pedro Pimpão, eleito nas listas do PSD em Leiria e que viveu no terreno as primeiras horas do grande incêndio que afectou Pedrógão Grande e que levou à morte de 64 pessoas.

Deputados do PSD da região afectada falam de um “sentimento inicial de abandono, fruto da falta de comunicações móveis”, conforme lamentaram durante a reunião da bancada dos sociais-democratas que decorreu esta quinta-feira.

Os relatos foram feitos num tom emotivo e de indignação, com alguns deputados a acusarem o Governo de fazer uma gestão política da tragédia de Pedrógão Grande, enquanto a oposição tem mantido o recato.

Durante a reunião, chegou a haver momentos de consternação, sobretudo quando falou Maurício Marques, deputado eleito por Coimbra e com família na freguesia da Graça, em Pedrógão Grande, ou aquando da intervenção de Pedro Pimpão, natural de Pombal, no distrito de Leiria.

Em declarações à Lusa, Maurício Marques afirma que relatou na reunião que, no sábado, a sua filha saiu da Graça com a avó e, fazendo o seu percurso habitual, seguiu pela A13, passando mesmo por baixo da já chamada “estrada da morte”, a nacional 236-1, onde morreram 47 pessoas.

“Dei conta de alguma revolta. Estive na zona desde sábado, algo correu mal, provavelmente o sistema de comunicações não foi o mais eficaz”, afirmou, acrescentando confiar que a GNR não enviou, de forma consciente, as pessoas para uma estrada onde foram apanhadas pelo fogo.

Pedro Pimpão, deputado por Leiria, disse, por seu lado, que testemunhou “muita dor” no terreno e pediu que sejam encontradas “respostas” para a tragédia.

Estes deputados do PSD que viveram os momentos trágicos no terreno alegam que “falhou a primeira resposta às chamas, o sistema de comunicação e a coordenação de meios”, cita o Expresso.

“A Protecção Civil falhou redondamente”, terá dito Pedro Pimpão na reunião, segundo o semanário, reforçando que havia “aldeias completamente isoladas, sem qualquer tipo de apoio, pessoas que pediram ajuda “a meio da tarde”, “muito antes das mortes”, sem que nunca aparecesse ajuda alguma”.

Bombeiro ferido levou 10 horas a chegar ao hospital

Outra situação de falha apontada pelo PSD deve-se ao caso de um bombeiro da corporação de Castanheira de Pêra que ficou ferido num acidente entre um carro e uma viatura de combate aos incêndios, pelas 20 horas de sábado. Este homem só terá recebido tratamento hospitalar às 6 da manhã de domingo, quando chegou ao Hospital da Prelada, no Porto.

O PSD refere que o bombeiro foi levado, “por duas vezes, ao Centro de Saúde de Castanheira de Pêra: uma primeira vez pelas 21h30 horas e uma segunda vez cerca das 24 horas”, sem que tenha sido assistido, cita o Expresso.

“O que justifica toda esta perda de tempo se já se tinha percebido que o paciente carecia de internamento urgente?”, questiona o PSD que pede esclarecimentos ao Governo.

Sistema de Comunicações falhou durante 14 horas

O Sistema de Comunicações, conhecido como SIRESP – Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal, esteve sem funcionar entre as 19 horas de sábado e as 9h30 horas de domingo, “no pico do incêndio”, conforme adianta o jornal i.

As antenas arderam e o sistema esteve sem funcionar durante mais de 14 horas, impossibilitando bombeiros, GNR e Protecção Civil de comunicarem entre si, até porque a rede de telemóvel na zona também ficou afectada.

Este facto pode justificar que a estrada nacional 236, onde morreram 47 pessoas a tentar fugir do incêndio, não tenha sido cortada pela GNR.

“O SIRESP só foi restabelecido depois de ter chegado ao local um carro de apoio, com antenas para emitir sinal de comunicação, que partiu de Lisboa”, sustenta o i, frisando que este veículo foi solicitado pelas 23 horas de sábado e que só chegou às 8h30 horas de domingo.

Um outro carro de apoio que se encontrava em Fátima, mais perto do local do incêndio, “está avariado desde a visita do Papa a Portugal”, refere uma fonte não identificada ao jornal.

Este Sistema de Comunicações tem estado na ordem do dia pelos contornos suspeitos em que está envolvido desde o seu arranque. Trata-se de uma Parceria Público-Privada que vai custar ao Estado 568 milhões de euros.

Governo de Passos acordou poupança de 25 milhões, mas não a aplicou

O Público avança nesta sexta-feira que o Governo de Passos Coelho acertou, em Abril de 2015, um novo contrato com o consórcio de empresas que assegura o SIRESP visando uma poupança de 25 milhões de euros, mas o documento terá ficado na gaveta.

A implementação deste acordo só terá acontecido em Dezembro de 2015, depois da tomada de posse do actual Governo.

ZAP // Lusa

15 Comments

  1. Mas o que pretende esta noticia? Quem é este Sr. pimpão, que nunca noticia de si deu,… e lá nos enclaves de Leiria, é candidato a substituir o Sr Montenegro?+++++++ Quem é o formoso jornalista que não sabendo ” rata” do que diz e houve, cobre asneiras desta dimensão? É jornalista ? Ou só conseguiu tirar o cursozinho a dez valores??? É lamentavel, … deputados e jornalistas desta estirpe, nem a varrer as cinzas de Pedrógão. ( Não venha o fogo novamente….)

    • Uma pergunta Sr. José Magalhães:
      O Senhor é pago para defender a corja de pseudo governantes que temos,… ou faz parte da cambada?
      Pergunto porque em todos os seus vejo-o a defender a cambada de (des)governantes corruptos que temos

      • Claro que é. E não é o único. Andava também por aí um Miguel Queiroz que entretanto desapareceu. São os Trolls do governo.

  2. Tenham vergonha! Esta gente do PSD, CDS – e alguma do PS – têm responsabilidades desde à décadas na definição e gestão das políticas rurais, incluindo portanto as florestas, e na prevenção e combate aos fogos. A situação da nossa floresta hoje é o resultado da passividade e de políticas ao serviço dos madeireiros e do lobi da celulose. O drama que se viveu (e poderá voltar a repetir) tem estas causas e responsáveis políticos.
    A reforma que este governo tem vindo a tentar lançar é indispensável embora tardia e limitada. Ainda assim há muitos interesses instituídos (nomeadamente gente do PSD) interessados em a travar e é por isso que vêm agora verter lágrimas de crocodilo, enxotar a água do capote e tentar tirar “efeitos” políticos.

    • E algum PS… é tão ridículo que quase não merece comentário
      Nos últimos treze anos o PS esteve no poder Nove!?!!

      • Experimente recuar um pouco mais (por exemplo utilize como medida do tempo o de crescimento dos eucaliptos e pinheiros até à fase de abate) e verá que nos últimos 30 anos o PSD e o PS tiveram “grosso modo” o mesmo tempo de governo. Mas pode andar mais para trás e verificar que as políticas rurais e da floresta quase não são alteradas à muito mais tempo.
        Poderia dizer que o seu comentário é de vistas curtas – só olha aos 13 anos que lhe convém – mas prefiro lamentar que continue a olhar para o problema numa óptica de interesses de “grupinho”.

      • Até concordo consigo quando diz que é ridículo… só alguns do PS! Mas… Não se esqueça que isto vem muito de trás. Por acaso não se terá esquecido dos 10 anos de Cavaco? Ui! Se calhar não era nascido… TODOS têm responsabilidades! Não vale a pena apontar as baterias só ao PS! Para se ser justo, é obrigatório incluir todos os Governos ((PS, PSD e ou CDS)!

    • Bem… Também estou de acordo com o Eduardo Vieira. Embora seja apoiante do PS, tenho a cosnciência que “alguns do PS” é um pouco redutor… Eu diria todos (os de chefia) do PS assim como todos os outros (CDS e PSD)!

  3. Estes senhores “pimpões” e quejandos fazem-me lembrar autênticos abutres: mal lhes cheira a carne podre (e podemos interpretar isto literalmente) aí estão eles sobre as vítimas mortais. Estes “bichos”, enquanto as vítimas têm um pequeno sopro de vida, não têm sequer coragem de se aproximarem. Só depois da morte estar consumada.
    É o que este “pimpão” fez. Segundo a notícia acima diz: “…que viveu no terreno as primeiras horas do incêndio…”. E então, sr. Pimpão, o que fez para debelar o incêndio ou tentar salvar alguma vida???
    “Depois da filha casada, não faltam casões”.
    É asqueroso esta tentativa de se querer aproveitar duma situação destas, em que toda a gente, desde o mais simples e humilde ao mais letrado, percebe que houve um conjunto combinado de factores inesperados e imprevisíveis que se conjugaram para darem no resultado infausto que deu. Agora, se eu o visse, sr. Pimpão, preocupado em tentar encontrar soluções para que situações destas não voltassem a acontecer, aí, sim, aplaudi-lo-ia.
    Tenha vergonha e deixe de brincar com coisas sérias!

    • É isso! Para aproveitar, lá estão eles (seja de que cor forem). Mas para ajudar e solucionar… Aí é que já é outra coisa… Abutres! Sem querer desrrespeitar a espécie animal, (nojenta mas necessária) é o termo mais apropriado. Afinal não está assim tão desatento…

  4. Agora ninguém pode dar uma opinião sem ser a normalizada pela impressa e pelo governo. Isto é incrível, para vossa informação , chama-se democracia e não tem nada a ver com partidos isto não é um Benfica Sporting, são a vida das pessoas e prevenção que as podia ter salvo.

    • Estou de acordo que deve haver liberdade de expressão e opinião (salvo raras excepções) mas não é o caso que temos aqui, caro Nelson Tridade. O que aqui temos é um aproveitamente absolutamente execrável (e nem lhe poisso chamar político) da desgraça alheia. Abutres, foi o que o senhor Observador desatento disse. E disse muito bem. Isto não tem nada a ver com as opiniões “normalizada pela impressa e pelo governo” (até porque sem bem diferentes – nem sei porque as colocou de seguida). É como diz: “isto não é um Benfica Sporting, são a vida das pessoas e prevenção que as podia ter salvo.” Mas a prevenção é algo que também vem de trás, sabe? Isto não é um problema de agora. Não confunda as coisas… É o que eles (os deputaods) querem!

  5. Só uma sugestão… no título, em vez de colocar “deputados contam o caos no terreno”, porque não colocar “deputados” do PSD “contam o caos no terreno”. É que quando li o título pensei (e não devo ter sido o único) que se referia a vários deputados de vários quadrantes. a notícia interessou-me por isso. Se tivessem dito logo “PSD”, provavelmente nem teria vindo “aqui”… É óbvio que iam “cascar” forte e feio no Governo. Mesmo tendo sido eles responsáveis por enormes cortes nas corporações de bombeiros (quando eram Governo – traquitana) e; por arrasto, também responsáveis por esta tragédia (assim como TODOS os Governos anteriores, sem distinção de cor!). Eles têm de aproveitar tudo para deitar abaixo um Governo que eles pensavam que não ia resistir. Eles lá estão interessados na tragédia e na ajuda aos necessitados? Estão é interessados é que “arranjar” tudo que poderem para fazer o Governo perder votos! Hipócritas!!!

    • Caro leitor,
      Perdoe-nos, mas não estamos a perceber. O que pretende dizer?
      a) Que quando leu “deputados contam o caos no terreno”, assumiu que poderia ser verdade e veio informar-se melhor mas ao ver que a informação é dada por deputados de apenas uma dada cor política, que por inerência faz de todos os seus deputados mentirosos, e que portanto a informação que transmitiram é falsa e não lhe interessa…
      ou:
      b) Que quando leu “deputados contam o caos no terreno”, veio informar-se melhor e acredita que há mesmo “caos no terreno”, e que o que os deputados dizem é verdade, mas só lhe interessa ler (as mesmas) coisas verdadeiras se forem ditas por deputados de outra cor política?

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