Portugal não gosta de ser liderado por homens de barba rija

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Manuel de Almeida / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Nem presidentes da República nem primeiros-ministros. Na Terceira República, Portugal nunca foi representado por pessoas com pelos na cara (sobrancelhas e pestanas não contam para o “totobola”).

Os EUA não têm um presidente com pelos faciais desde há mais de 110 anos. O último foi 27.º presidente (1909-1913), William Taft, que exibia aquilo a que em Portugal se chama de bigode “farfalhudo”.

Bigodes e barbas farfalhudas é o que tem faltado também aos líderes políticos portugueses. Óscar Carmona, que chefiou a Nação entre 1926 e 1951, foi o último presidente a ter pelos faciais.

Tendo agora em conta apenas a Terceira República e o período a partir do qual foi possível formar um Governo Constitucional (em 1976), até hoje, Portugal nunca foi representado por um homem de barba rija.

Comecemos por ver, então, os 14 chefes de Governo , desde 23 de julho de 1976, contabilizados no site da República Portuguesa:

  • Mário Soares (sem barba);
  • Alfredo Nobre da Costa (sem barba);
  • Carlos Alberto da Mota Pinto (sem barba);
  • Maria de Lourdes Pintasilgo (curiosamente, sem barba);
  • Francisco de Sá Carneiro (sem barba);
  • Francisco Pinto Balsemão (sem barba);
  • Aníbal Cavaco Silva (sem barba);
  • António Guterres (sem barba);
  • Durão Barroso (sem barba);
  • Pedro Santana Lopes (sem barba);
  • José Sócrates (sem barba);
  • Pedro Passos Coelho (sem barba);
  • António Costa (sem barba);
  • Luís Montenegro (sem barba).

Curiosamente, Vasco Almeida e Costa – que liderou interinamente, durante 30 dias, o Governo Provisório, até Mário Soares tomar posse a 23 de julho de 1976, – tinha barba. No entanto, tal como as sobrancelhas e as pestanas (e com o devido respeito), nem conta bem para o “totobola”.

Chegando ao cargo supremo da República Portuguesa: 5 Presidentes e 0 pelos.

Mário Soares (1986-1996) e Aníbal Cavaco Silva (2006-2016) voltaram a apresentar-se a um cargo de liderança de cara “lisinha” e bem tratada. Mas, antes, já António Ramalho Eanes (1976-1986) tinha aparecido nos mesmos preparos.

Jorge Sampaio (1996-2006) e Marcelo Rebelo de Sousa (2016-) seguiram o exemplo.

A menos de um ano das Presidenciais de 2026, já são conhecidas as candidaturas de, pelo menos, três “barbudos”: Henrique Gouveia e Melo, António Filipe e João Cotrim de Figueiredo.

Será desta que os portugueses escolhem ser liderados por alguém (seja homem ou mulher, sem preconceitos) de barba rija?

Miguel Esteves, ZAP //

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