Tiago Petinga / Lusa

Elevador da Glória, que descarrilou esta quarta-feira, em Lisboa
Os dois elevadores nunca foram alvo de uma vistoria da Autoridade Nacional de Segurança Ferroviária, ao contrário dos ascensores de Santa Justa e da Bica.
Os elevadores históricos da Glória e do Lavra nunca foram fiscalizados pela Autoridade Nacional de Segurança Ferroviária (ANSF), ao contrário dos ascensores da Bica e de Santa Justa, avança o Público na edição de hoje.
O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), que tem a tutela da ANSF, disse ao jornal que, de acordo com legislação aprovada em 2020, deixou de ter competências de supervisão de “sistemas de transporte por cabo” construídos antes de 1986 e classificados como património.
O elevador da Glória foi declarado monumento nacional em 2002. O monumento está agora nas notícias após o descarrilamento trágico na quarta-feira, que causou 16 mortos e duas dezenas de feridos.
Pelo contrário, o IMT continuou a fiscalizar os ascensores da Bica e de Santa Justa, mas apenas como “um gesto de boa vontade e boa cooperação” com a Carris, que opera os quatros elevadores históricos de Lisboa.
A responsabilidade pela segurança dos ascensores pertence à Carris e, de acordo com uma diretiva da União Europeia, compete apenas à ANSF garantiu que as regras são cumpridas.
“Uma tarefa essencialmente burocrática que passa pela análise de certificados de segurança e a validação de sistemas de gestão de segurança”, escreveu o Público.
Gastos com manutenção de elétricos subiram 4%
Carlos Moedas, enviou uma carta aos trabalhadores da Câmara Municipal de Lisboa onde garante que “a manutenção do equipamento estava a ser feita com a regularidade prevista” e que “os gastos na manutenção do equipamento da Carris” aumentaram 25% nos últimos três anos.
Mas uma análise mais detalhada dos relatórios mostra que os custos com a manutenção da frota e das infraestruturas do chamado “modo elétrico” – que inclui elétricos, ascensores e elevadores – registaram apenas um crescimento de 3,83% entre 2022 e 2024. Em 2024, esse valor totalizou 4,96 milhões de euros, pouco acima dos 4,78 milhões registados em 2022. Aliás, em 2021, a despesa foi ainda superior, superando os 5,1 milhões, avança o Público.
Perante estas diferenças, a Câmara esclareceu que os 25% referidos por Moedas não dizem respeito exclusivamente ao Elevador da Glória ou às estruturas elétricas, mas sim aos “custos de manutenção globais da empresa”. Esse valor inclui contratos externos e custos internos imputados à manutenção.
Num contexto em que começam a ser pedidas responsabilidades políticas ao autarca, a CML tem procurado reforçar a ideia de que o investimento na Carris cresceu de forma consistente nos últimos anos. Em comunicado, o município sublinha que os pagamentos à transportadora aumentaram de 139 milhões de euros, no período da governação de Fernando Medina, para 180 milhões sob a liderança de Carlos Moedas, o que corresponde a um crescimento de 29%.
Além disso, destaca-se o reforço do financiamento europeu. Em 2024, a Carris obteve 27,1 milhões de euros em apoios comunitários, mais do dobro face ao período homólogo anterior. Segundo a autarquia, desde a municipalização da empresa, o orçamento global da transportadora aumentou cerca de 30%.
ZAP // Lusa
Acidente do Elevador da Glória
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6 Setembro, 2025 Elevadores da Glória e do Lavra nunca foram fiscalizados pela autoridade de segurança ferroviária