“Estava no passeio e levou com o elétrico em cima”. O que viu quem passava junto à Calçada da Glória

cv SIC Notícias

Elevador da Glória descarrilou esta quarta-feira

A “catástrofe podia ter sido ainda maior”. Quem viu o acidente temeu que o elétrico que fazia o percurso descendente e descarrilou fosse embater no que vinha a subir e entrasse na Avenida da Liberdade, fazendo mais vítimas.

O coração de Lisboa foi surpreendido, na tarde desta quarta-feira, por um acidente numa das principais atrações da cidade: o Elevador da Glória.

Do desastre que ocorreu pelas 18h resultaram, pelo menos, 21 feridos e 16 mortos.

No passeio, várias pessoas passavam. Umas são, agora, testemunhas do acidente. Pelo menos uma levou com o elétrico em cima, não se sabendo ainda se é uma das vítimas mortais.

Uma testemunha do acidente, Teresa d’Avó, que estava no local no momento exato do acidente contou à CNN os pormenores daquilo que descreveu como uma “catástrofe”.

“Assisti a tudo. Vinha encontrar-me com um colega precisamente ao final da rua do elevador. Estávamos a falar normalmente, quando o elevador de baixo (não o de cima que ficou destruído), mas sim o de baixo, que ia fazer o percurso ascendente, voltou a descer cerca de uma metro e meio e fez um grande estrondo“, contou.

Abel Esteves, passageiro dessa carruagem detalhou, à RTP, os momentos de aflição que viveu ao lado da esposa, no momento em que se deu estrondo: “As pessoas começaram todas a gritar. O único que não estava a gritar era eu e o guarda-freio, que entrou em pânico e não conseguia falar”.

Antes do estrondo, Abel, reformado, já se tinha apercebido de que algo de errado de estava a passar. “Quando o elétrico foi para arrancar só subiu uns quatro ou cinco metros. Ouviu-se um grande estrondo e fumo preto. O elétrico voltou para trás e, ao bater no chão, as pessoas que iam em pé caíram todas“. “Eu dizia ‘calma’, mas o guarda-freio, coitado, paralisou, não dizia nada“.

Teresa, do lado de fora, conta que, no momento em que ia ajudar as pessoas do elétrico onde estava Abel, foi apanhada de surpresa com o segundo elétrico envolvido acidente, que fazia o percurso descendente.

“Esse elevador estava cheio e fomos logo ajudar; mas, no momento em que estávamos a ir para ajudar, vimos o elevador de cima a descer desenfreado; e a única coisa que conseguimos fazer foi virar costas e começar a fugir para o outro lado da avenida”, relatou, ainda abalada.

Tragédia podia ter sido maior

Dentro do elétrico de baixo, Abel pensou que ia morrer: “Eu dizia calma, mas quando eu vi vir o outro elétrico para baixo disse à minha mulher ‘vamos morrer todos’, porque pensei que aquele elétrico vinha para cima deste“.

No entanto, o elétrico que vinha de cima, descarrilou antes de chegar a baixo: “Na curva o elétrico tombou e com a velocidade a que ia embateu no prédio (…) se tivesse embatido cá em baixo teria sido uma catástrofe ainda maior; iria atingir o outro elétrico que estava cheio”, explica Teresa d’Avó.

Teresa contou também que olhou para trás e viu uma pessoa no passeio no momento no exato momento em que se deu o acidente.

“Eu ainda olhei para trás e sei que, pelo menos uma pessoa, tenho a certeza, estava no passeio no momento em que o elétrico embateu contra o prédio“.

É impossível as pessoas estarem bem, porque o elétrico vinha a uma velocidade astronómica. Nos assustámo-nos bastante porque pensámos que viesse embater no de baixo e nós estávamos todos aqui em baixo”, disse a testemunha, cerca de uma hora depois do acidente.

Entretanto, no elétrico de baixo, “dois rapazes estrangeiros saltaram pela janela”, contou Abel Esteves. “Depois fui com eles para cima e os rapazes já tinham tirado uma senhora que estava cheia de sangue, mas a segunda pessoa já estava morta“.

“Depois vi as outras pessoas todas entaladas nos ferros“, lamentou, relatando que vieram, de imediato, “quatro ou cinco polícias a correr de cima desde o Bairro Alto e dois fiscais da Carris”. “Mandaram-me para cima, mas eu disse logo que as pessoas que vinham neste elétrico morreram todas…”, disse, emocionado.

Sabe-se agora que do acidente resultaram, pelo menos, 16 mortos e 21 feridos.

Miguel Esteves, ZAP //

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