“Pedrógão está pior do que estava em 2017”

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Miguel A. Lopes / Lusa

Incêndio em Pedrógão Grande (2017)

O dinheiro que seria para uma intervenção estrutural “não foi bem aplicado”. Todos os concelhos deveriam ter bombeiros profissionais.

Portugal está a passar uma fase muito delicada no que diz respeito a incêndios. São os piores dias do ano e, aparentemente, os piores dias desde Outubro de 2017.

Mas não é por falta de bombeiros no terreno, segundo Emanuel Santos, vice-presidente da Liga dos Bombeiros de Portugal.

Desde domingo estiveram a combater os incêndios mais de 10.000 bombeiros. “Não podemos pedir mais do que isso. Não só por uma questão de capacidade humana, mas também por capacidade material”.

Ao final da tarde de ontem, segunda-feira, a situação “era muito difícil, muito complicada, que se tende a agravar nas próximas 24 horas” – ou seja, ao longo de hoje, terça-feira.

O maior receio dos bombeiros era a eventual junção dos incêndios de Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis, ou de dois desses três.

Na RTP, Emanuel Santos disse que a prevenção falhou em Portugal: “O combate só entra em função quando a prevenção falha. E a prevenção falhou”.

“Muito dinheiro do Orçamento do Estado foi para prevenção, que se vê na prática em alguns locais – mas não é visível na maioria do território português”, alertou.

E deu o exemplo mais mediático do país: Pedrógão Grande, o centro dos incêndios de Junho de 2017, que mataram 66 pessoas.

Foi a fase mais mortífera de sempre em Portugal no que diz respeito a incêndios. E o local não está melhor: “Pedrógão está pior do que estava há sete anos. A mata em Pedrógão está bem pior”.

“Portanto, o dinheiro que foi empenhado no que deveria ser uma intervenção estrutural não foi bem aplicado em alguns locais”, reforçou.

O presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, concorda: “Se a prevenção tivesse sido eficaz, não estaríamos a viver o que estamos a viver, há uma necessidade de maior prevenção”.

Curto acha que tem havido um mau investimento das Câmaras Municipais neste sector: “Todos os municípios deveriam ter bombeiros profissionais, disponíveis durante todo o ano”.

E lamenta a falta de debate sobre o assunto: “Ando há 10 anos a ouvir dizer que esta não é altura de falar sobre as falhas – mas já morreu mais um bombeiro, outros estão feridos, morreram mais populares…”.

“Depois de a comunicação social deixar de falar dos incêndios, nunca mais ninguém fala sobre os bombeiros. Todos fazem orelhas moucas!”, completou.

ZAP //

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2 Comments

  1. Depois de tudo perdido, o selfies teve o descaramento de ir co.er e beber à conta de quem perdeu. Pessoas morreram. Policias obrigaram idosos de casa para irem morrer numa estrada em fogo. Os governantes gozam! Nunca me esquecerei!

  2. O dinheiro éra mais bem empregue na minha pessoa, que sou de bem…metam todos os beneficiários de dinheiro dos contribuintes a limpar que resolvem o problema

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