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Estado de Emergência. PSD quer afinar medidas para evitar “aglomerados brutais de pessoas” de manhã

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Mário Cruz / Lusa

O presidente do PSD, Rui Rio

O presidente do PSD afirma que o partido continuará a votar favoravelmente eventuais renovações do estado de emergência, mas pede o ajustamento de algumas medidas e a melhoria da resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Eu acho que algumas medidas deveriam ser ajustadas. Nós temos votado a favor do estado de emergência, e continuaremos a votar por uma razão muito simples”, disse Rio, na noite de terça-feira, numa sessão online da JSD sobre os desafios de 2021.

O líder do PSD explicou que “aquilo que taticamente dava mais jeito” em termos partidários seria uma abstenção ou o voto contra, mas defende que essa não é a “forma mais honesta de estar nisto”.

Na ótica de Rio, “o país precisa da legislação do estado de emergência para o Governo poder tomar as medidas de combate à pandemia”, porque esse é “o primeiro objetivo do país neste momento”.

“Uma coisa é estarmos ou não estarmos de acordo com as medidas todas do Governo, isso é uma coisa, outra coisa é nós não darmos ao Governo os instrumentos que um Governo, seja ele qual for, precisa para combater a pandemia, que é o nosso inimigo comum”, acrescentou.

“Aqui não há abstenções, é um voto a favor. Comprometo-me com uma coisa que o país precisa, não ando cá a esconder-me para depois dizer [que] concordo com isto e discordo daquilo”, afirmou igualmente, na véspera da votação de uma nova renovação do estado de emergência, proposta pelo Presidente da República.

Ainda assim, o presidente do PSD considerou que “as coisas têm que afinar”, nomeadamente o recolhimento a partir das 13h ao fim de semana, o que tem provocado “aglomerados brutais de pessoas” de manhã, por exemplo, nos estabelecimentos comerciais.

“Essa afinação tem de ser feita, não para as pessoas ficarem menos saturadas, infelizmente não pode ser esse o objetivo, tomáramos nós, mas para não haver é tantas aglomerações, para conseguirmos aquilo que se pretende conseguir”, ressalvou.

Outro dos aspetos que “o Governo tem de melhorar”, prosseguiu o social-democrata, “é a resposta do Serviço Nacional de Saúde”, alertando que “a taxa de mortalidade em Portugal subiu brutalmente” em 2020.

No que toca às mortes que não estão associadas à covid-19, Rui Rio apontou que “derivam muito da fraca resposta do Serviço Nacional de Saúde” e lamentou que não tenham sido realizadas nos hospitais públicos “milhões de consultas e milhares de cirurgias”, salientando que este é um assunto “do mais sério que pode haver”.

Além do combate à pandemia, o presidente do PSD elegeu a retoma da economia como outro dos grandes desafios do país este ano, o que passa “em primeira linha pelas empresas”, além de reformas estruturais da TAP e do Novo Banco.

No que toca à presidência portuguesa da União Europeia, Rui Rio defendeu que o caso da morte do cidadão ucraniano nas instalações do SEF e a polémica em torno da nomeação de José Guerra para procurador europeu “abalam a credibilidade de Portugal” e “fragilizam o Governo”.

Para Rio, a presidência portuguesa será também marcada pelo combate à pandemia e relançamento económico, que passa pelos fundos, mas destacou igualmente a cimeira com a Índia e as relações com África, tendo considerado que esta é uma oportunidade para manifestar solidariedade para com Moçambique, que tem sido alvo de ataques terroristas.

O presidente do PSD adiantou igualmente que um deputado social-democrata esteve recentemente no norte daquele país, a região mais afetada, para recolher informações.

Rio elege autárquicas como desafio de 2021 para o PSD

“O grande desafio partidário de 2021, e é mesmo um desafio muito, muito grande, são as autárquicas”, que “são muito importantes para o futuro do PSD e do regime em Portugal”, salientou, justificando que “o que determina em primeiro lugar a implantação de um partido na sociedade são as autárquicas”.

Atendendo aos “dois desastres eleitorais” de 2013 e 2017, que fizeram com que a implantação autárquica do PSD caísse “brutalmente”, o presidente do PSD sublinhou que o objetivo é “subir fortemente, quer em presidentes de câmara, quer fundamentalmente em número de eleitos”, especialmente vereadores.

Para Rio, as eleições autárquicas são “um desafio vital”, pelo que “é muito importante que o PSD suba substancialmente”. “O que está em causa em 2021 é nós tentarmos ganhar o Porto, Lisboa, Gaia, tudo, tentarmos ganhar com certeza, mas o mais importante é nós reforçarmos fortemente a nossa implantação”, acrescentou.

Apontando que “é quase impossível corrigir numa eleição” a trajetória de resultados anteriores, o presidente do PSD estimou que será necessário o PSD ganhar “à volta de 40 câmaras ao PS” para ser o partido mais votado, o que considerou “muito difícil”.

Rio disse ainda que vai “intervir diretamente em muito poucas circunstâncias” na escolha dos candidatos e realçou que, pela primeira vez, o PSD vai disputar eleições autárquicas tendo como presidente um antigo “autarca significativo” que o foi “durante muito tempo”.

Questionado por um dirigente da JSD sobre uma aposta nos mais jovens nas listas autárquicas, como um projeto a longo prazo, o líder social-democrata defendeu que, nas autarquias onde não existirem “possibilidades rigorosamente nenhumas de ganhar, a aposta mais inteligente a fazer é apostar nas eleições de 2025“, um “princípio que já foi seguido no passado”.

Instado pelo presidente da JSD, Alexandre Poço, a revelar o nome de alguns dos candidatos autárquicos, Rui Rio adiantou que Ricardo Rio será recandidato a mais um mandato enquanto presidente da Câmara Municipal de Braga.

(dr) CM-Braga

Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Sobre as eleições presidenciais de 24 de janeiro, o presidente social-democrata estima que não será “aparentemente um grande desafio”, uma vez que o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que é apoiado pelo PSD, “parece que vai ganhar, e que ganha à primeira volta”. “Fossem os desafios todos tão fáceis quanto este”, confidenciou ainda.

Outro dos objetivos do PSD para 2021 passa por uma descentralização do Conselho Estratégico Nacional do partido, o que Rio admitiu estar a ser dificultado pela pandemia. Já a revisão dos estatutos do PSD não deverá ser possível este ano, estimou o líder.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Quando se cria um regime pandémico rodeado por pânico de um virus que é nada é parecido com o Ebola ou outros realmente mortais esse é exactamente o resultado.

    Gasta-se milhões em apoios á economia para confinar a Sociedade ao invés de gastar uma decima a melhorar as condições do pessoal de saude, contratar mais pessoal e melhorar o SNS e … não sei … TALVEZ proteger os grupos de risco em vez de acabar com o que nos define como seres humanos, o contacto e os valores sociais.

    Em 2019, um gajo que não ajudasse o proximo era um cab*** filho da p*** sem qualquer valor moral e social.
    Em 2020/2021, um gajo que não ajude o proximo é um cidadão responsável e consciente.

    Quem esteja simplesmente com febre é olhado de lado e quase que tratado como criminoso num hospital, isolado e colocado com outros potencias doentes de infecção.
    Sendo que febre á principal defesa do corpo à maioria dos virus e doenças é normal chegar ao hospital com um resfriado e sair infectado com COVID e depois acham que não saber de onde vem 70% dos infectados um escândalo.

    Toda esta pandemia está a ser gerida a nivel mundial por politicos e agendas políticas, por isso temos medidas como o fechar o comercio ás 13 horas.
    Só um politico entende a lógica (agrada a gregos e a troianos) de resto qualquer pessoa com o mínimo de inteligência sabe o que realmente acontece (escrevi isto num comentário quando foi anunciada a medida na primeira vez e antes do primeiro fim de semana), não se vai reduzir o numero de pessoas a comprar mas vai se reduzir a janela horária que essas pessoas podem ir comprar.

    Ao invés, permitir o comercio abrir mais cedo e fechar mais tarde teria realmente um impacto na redução de concentrações, mas essas medidas com impacto na prevenção iriam contra o partido comunista e o BE, coitadinhos dos trabalhadores que iriam ter trabalho, até parece que sou escravo e não sou pago para trabalhar 8 horas e se trabalhar extra não ganho essas horas a duplicar e com compensações.

    O que não entendo é o Rui, armado em paladino da responsabilidade ao mesmo tempo que foge ás suas responsabilidades de oposição. Dá carta branca ao governo de fazer o que quer sem qualquer justificação cientifica e permite que se retire os direitos a toda a sociedade sem pedir justificações a quem levou a situação a este ponto.
    Quando no verão deviríamos estar a preparar para a segunda vaga, a contratar pessoal medico e a criar mais camas, o nosso PM andava a comer bolas de Berlin na praia e o PR andava a dar uma mãozinha aos “salva vidas” em nome do marketing de que Portugal era seguro e a pedir aos turistas que viessem … mesmo sem teste de COVID.

  2. É fácil, abram as superfícies comerciais todo o dia, assim evitam aglomerados matinais. Só li o título da notícia…

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